22 março 2012

Fluxos Globais de Investimento imobiliário



Segundo a Divisão de População do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas, das 21 cidades com mais população em todo o mundo, apenas duas se situam na Europa: Paris e Istambul, embora esta esteja na interseção com a Ásia. Ambas as cidades têm 10,4 milhões de habitantes. Curiosamente, em África, também só existem duas cidades com caraterísticas demográficas semelhantes: o Cairo, com 10,9 milhões, e Lagos, com 10,2 milhões de habitantes. 
 De acordo com as previsões da mesma entidade, o continente africano é aquele para o qual se prevê o maior crescimento demográfico nos próximos quarenta anos (mais 8%), o que implicará o crescimento da população urbana do continente, da necessidade de saúde, de educação, de infra-estruturas, de habitação, de serviços, de indústria, de negócios... Já por outro lado, a previsão para a Europa é de perca de habitantes (estimam-se menos 6% até 1950).


Estas variações populacionais terão consequências económicas e de produção que deveríamos ter em conta, e que seguramente levarão a novos modelos de distribuição geográfica da riqueza. A este respeito convém divulgar a atenção que a União Europeia pretende dar, no âmbito do próximo Quadro Comunitário de Apoio, a temas como o empreendedorismo e inserção social, active ageing, criatividade social, etc.


Com estes novos paradigmas demográficos, ocorrerão provavelmente dois fenómenos diferentes em paralelo; por um lado, intensificar-se-á a necessidade dos países - ditos - desenvolvidos investirem em mercados que lhes possibilitem rentabilidades mais atrativas e, por outro, a necessidade de segurança dos capitais oriundos dos países em desenvolvimento.
Relativamente ao primeiro fenómeno, deixá-lo-ei para um outro momento, uma vez que este debate está na ordem do dia, e provavelmente não poderemos acrescentar muito mais.


A discussão a respeito do crescimento dos países da América do Sul, de África ou da Ásia, e da corrida do capital, da produção e dos ativos humanos a estas regiões em busca de taxas internas de rentabilidade mais favoráveis do que na velha Europa é recorrente.


O fenómeno que gostaríamos de salientar hoje é justamente o contrário: o fluxo de investimento crescente desses países de grande crescimento para outros que, embora com menor rentabilidade, têm maior segurança jurídica e uma taxa de risco mais favorável. Neste grupo, a Europa é, sem dúvida, um paraíso apetecível, não só pela sua estabilidade como pela abertura à entrada de capitais estrangeiros.


Devemos aspirar a um grau de maturidade que nos permita assumir e deixar de considerar como tabu os fluxos bidirecionais de capitais e investimento imobiliário de e para países terceiros. Estes investimentos estão disponíveis a várias escalas, desde os excedentes de capitais privados até aos grandes aglomerados empresariais, e esperam apenas a estruturação de produtos imobiliários imaginativos e competitivos. Mas esse é um assunto que merece uma exposição mais específica e detalhada num próximo artigo.

Por Guilherme Godinho - Arquiteto Associado da Ventura Valcarce Magdalena Arquitectos, Barcelona

Fonte: OJE

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