20 novembro 2012

ERA: "No futuro haverá três ou quatro marcas no mercado"



"Em todos os sectores maduros de actividade, o normal é haver três ou quatro marcas que vão ter sucesso no mercado", sublinha Miguel Poisson CEO da Era.

Qual é o valor médio da desvalorização das casas do vosso portefólio? Há casos que fujam a este paradigma?

De uma maneira geral, o valor das casas nos últimos anos teve um ajustamento em baixa. Temos de dividir em dois grupos os grandes centros urbanos, Porto e Lisboa, em zonas mais nobres, as coisas ficaram mais ou menos na mesma, com um decréscimo de 5%. Onde houve uma grande desvalorização foi na periferia dos grandes centros urbanos, com uma quebra entre 15% a 20%, sendo exemplo disso a linha de Sintra. Às vezes, fala-se de grandes desvalorizações, mas nas zonas mais nobres isso não aconteceu.


A que se deve essa diferença?

As periferias estavam, no passado, muito dependentes do crédito, que nos últimos dois anos foi muito escasso. Para termos uma ideia, estamos a falar de uma atribuição mensal de crédito em 2007 por todos os bancos de 1.800 milhões de euros, e a média mensal de 2012, no primeiro semestre, é 12 vezes inferior (160 milhões de euros). O que faz com que as zonas de periferia tenham menos aceso ao crédito para comprar imóveis, e os vendedores fiquem sujeitos à escassez da procura. Sobra quase apenas os prontos pagamentos. Quando a oferta é maior do que a procura, a tendência é que os preços baixem.

As exigências a um cliente que entra numa agência ERA são agora maiores do que há três anos?

Agora, ou a pessoa tem 30 ou 40% para comprar a casa, ou é encaminhado para os imóveis de desinvestimento da banca. Dentro desses, temos uma presença forte, é uma nova unidade dentro da nossa empresa. Nesse campo existem muitas possibilidades hoje em dia. mediação tem futuro, mas vai-se transformar muito. Vai-se profissionalizar.

A APEMIP previa o encerramento de 810 imobiliárias esta ano, a que se juntam 600 no ano passado, ou seja, metade do tecido empresarial desaparece em dois anos. A ERA está a capitalizar com a redução do mercado?

Acredito que esses números sejam corretos, mas não sei se o fecho de operadores tradicionais não será até maior. Em todos os setores maduros de atividade, o normal é haver três ou quatro marcas que vão ter sucesso no mercado. Até este momento, ao haver o fecho de muitas agências tradicionais a ERA está a ganhar alguns negócios, a nossa fatia no mercado está a aumentar e a tendência é para que continue a crescer. Começamos a sentir uma maior procura de empresas tradicionais, mais predispostas para o marketing e para a tecnologia.

Então o processo de concentração vai continuar?

Não tenho dúvidas nenhumas. As pequenas mediadoras tradicionais ou fazem a conversão e juntam-se a uma marca que tenha esta capacidade...

Não poderá haver problemas de concorrência?

Não. Três ou quatro grandes empresas é o que acontece em qualquer setor. Isto não é nenhum monopólio, é isso é o que vai acontecer. É bom que assim seja. É a seleção natural que faz sentido que exista, até para que as empresas tenham acesso a tecnologias que são caríssimas.

Anunciou que este ano a ERA teria 20 novas lojas. Em que ponto está este mercado?

Até agora abrimos 16 lojas, mas espero que cheguem às 19 ou 20 aberturas, e até ao fim do ano deverão fechar a 10. Os fechos são mais na periferia. Mas as lojas número um da ERA não são no centro, nem de Lisboa, nem do Porto.

Os seus concorrentes já assumiram partilhar informação e fazem negócios conjuntos para fazer face à contração do mercado. Na ERA, essa prática é promovida?

Não. Somos a favor da partilha de informação interna nas nossas 180 lojas, porque queremos controlar a qualidade de serviços não só na angariação, mas também na venda. E os portugueses confiam em nós. Não somos nós que nos autoproclamamos os melhores do mundo, mas é o que os estudos de mercado dizem.

Não partilham então informação com a Remax ou com a Century 21?

Nós partilhamos dentro da nossa rede, não com outras redes.

Fonte: Negócios

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