Olhar para os pormenores, ver o que é remodelável, escolher os elementos insonorizadores ou estar atento à última tecnologia LED. Estes são alguns dos pormenores de um departamento de arquitetura que tem por missão compreender as necessidades do cliente. Na Aguirre Newman Portugal, Patrícia Liz afirma que o departamento de arquitetura representa 30% da margem operacional da empresa, trabalhando bem em cross-selling.
Qual o papel o departamento de arquitetura no crescimento e sustentabilidade da operação Aguirre, e em que medida a arquitetura permite fechar outros negócios?
A arquitetura é uma área não transacionável, sendo que a consultoria imobiliária vive melhor com as áreas não transacionáveis do que com as transacionáveis. Este é, por excelência, o departamento de não transacionáveis, e que, para nós, representa cerca de 30% da margem operacional da empresa. Dentro desta atividade, podemos estar em projeto, ou em obra, ou a fiscalizar, a coordenar, ou a fazer project management ou projetos chave na mão. Desde há 15 anos que tem havido sempre uma estratégia de apostar muito neste departamento. Inclusive tivemos, em determinada altura do nosso percurso, de fazer sobressair que somos uma consultora que tem um departamento de arquitetura, e não um ateliê de arquitetura. É um departamento chave, sendo uma área que ajuda a nível de cross-selling.
Como trabalha este departamento com os restantes da consultora?
É muito mais fácil partirem da agência contatos para arquitetura, porque está a montante do processo de arquitetura, está na procura dos espaços, mas o departamento consegue, em colaboração com a equipa de agência, alicerces muito fortes. Queremos interação e não um mero passar contacto entre os departamentos. Precisamos de perceber o cliente e a procura, precisamos de conhecer bem o edifício, saber se está a necessitar de remodelação ou da reformulação da receção, sendo que, nesta altura, estes aspectos ganham grande importância. Por outro lado, há assuntos que de que a arquitetura se consegue aperceber num processo de procura de instalações, não sendo possível, à agência, ter esses elementos. Fazemos a consolidação de um trabalho que é executado aqui numa ótica de consultores de imobiliário e não apenas como mediadores imobiliários. Temos especialistas a olhar para um espaço conjuntamente com especialistas de procura de espaços.
O negócio de agência faz-se muito com o fit-out?
Efetivamente, há muito espaço com o fit-out, mas é difícil as empresas encontrarem o espaço exatamente à sua medida. Cada vez mais há flexibilidade em aceitar o que há para permitir uma mudança, mas direi que apenas 20% das empresas conseguem entrar em novas instalações sem nada fazer. Há sempre necessidade de intervenção de um gabinete destes, de um departamento de arquitetura. Se há fit-out realizado há necessidade de adaptação e, para uma adaptação, não é preciso - em muitos dos casos - um projeto de arquitetura. É preciso quem saiba distribuir os lay-outs, olhar sobre o necessário para alguns pormenores. É verdade que estamos a falar de montantes menores em termos de negócios, mas vai havendo sempre negócio para adaptação.
A nova arquitetura não é apenas desenho, mas há muitas especificidades técnicas, nomeadamente de telecomunicações, avacs ou iluminação. O que é relevante num projeto?
É o que acabou de referir, e daí afirmarmos que não somos um gabinete de arquitetos, no sentido puro e duro. Somos um gabinete com arquitetos e engenheiros, e a perspetiva não pode ser apenas da parte conceptual, mas tem de incluir a parte de especialidades.
O trabalho deste departamento é exportável?
Sim e já o foi. Claro que não o será se tiver um projeto chave na mão, pois, nesse caso, teria de ter um parceiro nesse país para coordenar a obra em termos de fornecedores locais. Por outro lado, com as tecnologias que temos hoje, é possível, via sistemas de videoconferência, apresentar à distância o projeto, o design de interiores ou os pormenores.
Num escritório, o que é importante para um departamento de arquitetura apresentar?
Devemos ligar à economia das empresas, à otimização dos custos e à sustentabilidade. A nova tendência implica apresentar projetos com tecnologia LED ou elementos insonorizadores resultantes do open space, que é um modelo mau para a concentração. Foram criados materiais que absorvessem melhor o som. Há ainda questões de luz, pois um edifício com muito vidro pode prejudicar o trabalho com o excesso de luminosidade. Globalmente, há uma perspetiva mais aperfeiçoada e pensa-se de forma mais sofisticada nestas situações. Há, por outro lado, uma nova tendência que resulta das vicissitudes do próprio mercado, e que é o espaço. Este terá de ser mais pequeno, mesmo para os gabinetes da administração, a par de zonas de circulação menos largas, sendo que há objetivos de ergonomia que têm de continuar a ser respeitados, mas sendo também certo que, possivelmente, as áreas são construídas dentro do limites mínimos e não para os máximos como se fazia anteriormente.
Faz sentido, à semelhança do que fazem os ateliês de arquitetura, também um departamento de arquitetura, como o da Aguirre, criar um "traço"?
Como não nos consideramos um gabinete de arquitetura, não somos apologistas da criação de um "traço". Somos consultores de espaços, pelo que fazemos consultadoria e otimização de espaços e, como tal, temos de ir muito pela perspetiva da assinatura do cliente. A imagem corporativa de uma empresa é nuclear para nós.
Mas há um "apport" e uma linha da Aguirre Newman nos seus espaços?
Pode acontecer que alguns espaços sejam reconhecidos como tendo a assinatura da Aguirre Newman, é algo que pode acontecer, repito, mas terá de lá constar muito da assinatura do cliente. Essa é a forma de nos apresentarmos.
Fonte: OJE
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