09 janeiro 2013

"2012 foi o pior ano das últimas décadas para o mercado imobiliário"


Reportagem
O mercado imobiliário registou, em 2012, "o pior ano das últimas décadas", disse o diretor-geral da consultora Cushman & Wakefield em Portugal, Eric van Leuven.

As quebras de atividade foram representativas em praticamente todas as áreas do setor, à excepção do comércio de rua que tem vindo a demonstrar um dinamismo crescente, principalmente nas zonas prime como a Avenida da Liberdade ou o Chiado.

O investimento em imobiliário em Portugal foi de apenas 100 milhões de euros em 2012, menos 50% que no ano anterior e muito menos (85%) que os 700 milhões de euros investidos em 2010.

Além disso, repara Eric van Leuven, "os fundos alemães também deixaram de investir em Portugal, notando-se mais investidores privados" e até mais investidores nacionais, ainda que estes tenham pouca liquidez.

"As taxas de rentabilidade também continuam altas porque os investidores exigem mais rendimento para investir", alertou ainda o diretor-geral da Cushman.

No segmento dos escritórios e no que respeita à área arrendada estima-se que o ano termine com uma ligeira melhoria relativamente a 2011, uma vez que até novembro foram arrendados 80 mil m2. No entanto, os escritórios vazios atingiram um novo máximo histórico ao registar uma taxa de desocupação de 12,1%.

O ano passado já tinha ultrapassado ligeiramente os 11% e em 2010 chegou aos 10%, mas em 2007, considerado o melhor ano de sempre no imobiliário em Portugal, a taxa de desocupação era de 8% e uma das mais baixas de sempre.

Além disso, as rendas dos escritórios nestas zonas com mais espaços vazios - nomeadamente o Parque das Nações, Alfragide, Algés e Miraflores - continuam a descer e "chegam a atingir valores de apenas um dígito".

De acordo com o responsável pelo departamento de escritórios, Carlos Oliveira, as rendas nestas zonas oscilam entre sete e nove euros por m2 e por mês, quando há dois ou três anos oscilavam entre os 11 e os 13 euros/m2/mês.

No geral, "nos últimos quatro anos, as rendas de escritórios em Portugal desceram 10%, mas isso foi muito menos que por exemplo as descidas registadas em Madrid ou em Paris", acrescentou Carlos Oliveira, destacando ainda que as rendas nas zonas prime, ou seja, na Avenida da Liberdade, mantiveram-se estáveis nos 18,5 euros por m2 e por mês. Em 2007 estas rendas chegaram aos 22 euros/m2/mês, mas a partir de 2009 começaram a descer até chegar ao valor atual.

Nos centros comerciais, não só se registaram quebras históricas nas vendas, como também só abriram dois centros comerciais em 2012.

Para 2013, a Cushman antevê "níveis de atividade semelhantes aos dos últimos dois anos", mesmo apesar do efeito positivo do "retomar da confiança na zona Euro, da melhoria das condições da emissão de dívida pública e do possível regresso aos mercados financeiros", reparou Eric van Leuven.

No entanto, de acordo com o responsável da área de investimento, Luís Rocha Antunes, não serão os investidores nacionais a regressar aos mercados, mas sim os internacionais.

Fonte: Dinheiro Vivo

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