O número de imóveis entregues à banca, por incumprimento dos contratos de financiamento, desceu no último trimestre do ano em comparação com o terceiro trimestre de 2012, que, por seu turno, tinha já sido de estabilização em comparação com o anterior.
Está, assim, colocado um travão num fenómeno que poderia ter resultados ainda mais graves para as famílias portuguesas, se Associação Portuguesa de Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) não alertasse para as consequências desta situação, com a divulgação dos números dos imóveis em dação por incumprimento.
“Os valores do primeiro trimestre de 2012, como na altura sublinhei, faziam pensar o pior para o mercado imobiliário, temendo-se até o colapso do próprio sector”, adianta Luís Lima, presidente da APEMIP.
Recorde-se que entre Janeiro e Março de 2012 haviam sido entregues, às instituições bancárias, 2300 imóveis, o que significou um aumento de mais de 74%, face ao mesmo período de 2011. Para o responsável, “felizmente, na sequência dos alertas da APEMIP e de outras entidades, a própria banca foi assumindo uma outra abertura na negociação com os clientes em falta, evitando ao máximo uma rutura que não interessa a ninguém e que, apenas, se traduzia no aumento de ativos indesejáveis”.
Os alertas para esta situação permitiram que o Governo avançasse, ainda em 2012, com a criação de uma nova legislação nos incumprimentos financeiros que visa proteger as famílias carenciadas, obrigando os bancos a reestruturar o crédito antes de partir para a dação. Aprovado em Setembro, o novo quadro legislativo permite que as instituições financeiras, em certas situações sejam obrigadas a renegociar os créditos à habitação com os clientes, tentando evitar a execução dos imóveis.
Na opinião de Luís Lima, a situação ainda está longe de ser a ideal, mas, para já, o espectro de um colapso total do sector foi travado e afastado. Mas, acrescenta, “ainda é preciso fazer mais para devolver ao imobiliário a sua vocação de motor do desenvolvimento, da economia portuguesa”.
Embora os números finais das dações em pagamento de créditos vencidos, relativos a 2012, ainda não estejam completamente apuradas, o Público Imobiliário sabe que, no último trimestre do ano, se registou um decréscimo face ao trimestre anterior e que, no seu todo, o volume de dações no ano foi mais baixo do que em 2011. No terceiro trimestre de 2012 o número de imóveis entregues à banca foi de 1.100, totalizando 4.400, o número de imóveis em dação em pagamento desde o início deste ano. A redução do número de imóveis no segundo e terceiro trimestres de 2012 são o resultado, segundo a APEMIP, de uma mudança de ação do sector financeiro junto dos clientes.
Fonte: Público
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