28 janeiro 2013

Centros Comerciais. Moda atingida pela crise e que dificilmente voltará a ser o que era


O mercado de Centros Comerciais já não é o que era. A maturidade deste sector e a crise económica do país tem levado à sua queda. Em 2012, estagnou de Janeiro a Setembro, segundo o mais recente estudo da Aguirre Newman. Conclusão partilhada pelas restantes consultoras que falaram com o i, mas que a Cushman & Wakefield (C&W) ainda dramatiza mais. “Este sector estagnou há sensivelmente três anos, com 2012 a ser o ano em que se registou o menor número de metros quadrados”, afirma a partner e directora de retalho da empresa, Sandra Campos.

Em 2011 foram inaugurados cerca de 103 mil metros quadrados (outlets e retail parks incluídos), revelando um crescimento de 35% face ao ano anterior. Já o ano passado, não foram inaugurados centros comerciais propriamente ditos, mas registaram-se perto de 11 500 metros quadrados em espaços comerciais, com o Multiusos Oriente, em Loures, e o Strada Fashion & Fashion Outlet (antigo Odivelas Parque). Esta queda nos números é justificada pelas “severas medidas de austeridade, aliadas à escassez de financiamento bancário que têm contribuído para que alguns projectos comerciais sejam mais uma vez adiados ou mesmo cancelados”, explica ao i o director do departamento de agência de retail da CBRE, Carlos Récio. Na sua opinião, o clima económico e financeiro actual e as expectativas negativas para os próximos anos, assim como a maturidade do mercado, “são motivos mais do que suficientes para que a situação não se inverta num futuro próximo”. Contudo, para este ano, estão previstas duas aberturas: o Dolce Vita Braga e o Évora Shopping. E, em 2014, prevê-se a inauguração do Alegro Setúbal, o primeiro centro comercial da cidade.

Porém, “no início do ano transacto estavam previstos inaugurar cerca de oito centros comerciais no biénio 2013-14, mas o contexto económico actual obrigou a vários cancelamentos e/ou adiamentos de projectos em fase de concepção”, reforça Paula Sequeira, do departamento de Estudos de Mercado, da Aguirre Newman.

“O facto de alguns projectos não terem avançado em 2012 deve-se a um abrandamento dos planos de expansão dos lojistas, com a consequente dificuldade de colocação das lojas”, acrescenta ainda a Head of Retail da Jones Lang LaSalle, Patrícia Araújo. A profissional explica que “a redução no rendimento dos consumidores traz quebras nas vendas, o que tem um forte impacto na performance dos lojistas e limita o interesse em abrir lojas”. Como forma de contornar esta situação ao longo do ano renegociaram-se as rendas, principalmente em centros comerciais considerados prime. “Os proprietários e lojistas sentiram necessidade de fazer alguns ajustes no sentido de conseguir que algumas lojas não fossem obrigadas a fechar”, acrescenta.

Por norma, as zonas mais procuradas para a construção de um CC são as que apresentam uma menor densidade comercial de área bruta locável (ABL)/mil habitantes. Lisboa situa-se nos 421 metros quadrados/mil habitantes, valor superior à média europeia. “Estes números aliados ao facto do território nacional se encontrar praticamente todo coberto por este tipo de superfícies, indica uma saturação deste mercado, nomeadamente na Grande Lisboa, finaliza Paula Sequeira.

Fonte: iOnline

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