26 janeiro 2013

Sotecnisol aposta em edifícios eficientes para reagir à saturação no imobiliário


Os revestimentos são a área "core" da Sotecnisol. A empresa acredita que um edifício eficiente será um "plus" para a venda/arrendamento num mercado imobiliário saturado, afirma José Luís Castro, administrador da companhia.

Como está o mercado a reagir a novas propostas em termos de revestimentos térmicos e otimização da função energética dos edifícios? 
De forma muito positiva, pois os clientes têm percebido que não estamos a falar de um custo, mas sim de um investimento.
Quais as obras mais recentes? 
Na área de revestimentos, podemos destacar a obra da Polícia Judiciária, cuja empreitada para revestimento de fachada foi adjudicada à Sotecnisol pela Opway. Com um valor total superior a 1 milhão de euros e constituindo a maior obra de fachadas ventiladas realizada no país nos últimos anos, esta empreitada vem reforçar o posicionamento desta área de negócio como líder em Portugal dos revestimentos de fachadas ventiladas e comprova a confiança que os clientes depositam na capacidade técnica e produtiva que a empresa vem demonstrando ao longo dos últimos anos. O revestimento será executado com painéis de naturocimento Etercolor da Euronit, que fazem parte da nova geração de painéis sílico-calcários reforçados com fibras mineralizadas de celulose. Apresenta-se como um material isento de amianto, composto por cimento, fibras de reforço e de celulose, sílica amorfa, aditivo e água. É um produto impermeável, incombustível e imputrescível, muito resistente à compressão, com elevada durabilidade e resistência à corrosão, praticamente sem necessidade de manutenção, que fazem dele um material de eleição de revestimento de fachadas especialmente exigentes do ponto de vista técnico.
Na área de coberturas e fachadas, destacamos o novo data center da Portugal Telecom, que está a ser construído na Covilhã e foi adjudicado à Sotecnisol Coberturas & Fachadas pelo ACE, constituído pela Opway e a Somague. A obra teve início em 17 de abril de 2012 e deverá estar concluída no prazo de 12 meses. A Sotecnisol Coberturas & Fachadas, já com um grande portefólio de obras de coberturas ajardinadas, consagra-se com a realização desta obra, a primeira em Portugal candidata, em simultâneo, a alcançar a classificação "gold" para o edifício data center e a certificação "platinum" para o edifício de serviços. O data center terá ainda a certificação TIER III do Uptime Institute. Esta verdadeira "cidade jardim" conjuga a ecologia com a sustentabilidade, num projeto do arquiteto Gonçalo Carrilho da Graça. A empresa embarcou neste desafio, executando as impermeabilizações, isolamentos e proteções mecânicas dos vários edifícios e do espelho de água que os circunda. A área de intervenção prevista nesta fase é de 22 mil m2, teve início em outubro e o valor da obra ronda os 900 mil euros.
Na engenharia, destacamos a reabilitação da célula I do Reservatório de Água dos Olivais, propriedade da EPAL. A intervenção, cujo valor ronda os 300 mil euros, teve como objetivo reduzir as perdas de água e o prolongamento da vida útil da estrutura. No total, foi impermeabilizada uma área de 3 mil m2 (2500 m2 no interior, os restantes 500 m2 no exterior).

E na energia e ambiente?
Na energia, e no âmbito da minigeração, foi adjudicada à Sotecnisol Energia pela empresa Contiforme o dimensionamento de uma instalação fotovoltaica de escalão III, num investimento a rondar os 500 mil euros. A potência de ligação dimensionada pela Sotecnisol Energia foi de 250 kWn, potência máxima permitida para este tipo de instalações, tendo sido utilizado um campo fotovoltaico de 293,25 kWp. A instalação foi registada ainda em 2011, obtendo assim uma tarifa de venda de energia de 0,2499 euros/kWh, o que se traduzirá em receitas anuais muito próximas dos 100 mil euros. Face aos elevados consumos energéticos da unidade industrial e disponibilidade de espaço nas coberturas, a Sotecnisol Energia propôs uma instalação que atingisse a potência máxima autorizada de ligação, de 250 kWn.
Na área de ambiente, destacamos a obra de osmose inversa (tratamento de lixiviados) no SISAV, uma unidade Integrada de Tratamento e Eliminação de Resíduos Industriais Perigosos (CIRVER), que rondou os 700 mil euros. A Sotecnisol Ambiente projetou um sistema com três etapas, com um caudal médio diário de 144 m3, recorrendo à tecnologia desenvolvida pela alemã Rochem, empresa do grupo APT Water com a qual tem uma relação de vários anos. A tecnologia de osmose inversa garante uma segurança aos clientes e uma redução dos custos no tratamento de águas residuais, já que reduz a mão de obra necessária (o sistema pode ser operado remotamente) e a água produzida pode ser reutilizada.

Fora do espaço português, onde estão a trabalhar? 
Espanha, Itália, Angola, Moçambique, Argélia, Brasil. 

A reabilitação tem sido um dos objetivos dos planos de trabalho da Sotecnisol. Em que áreas da construção e reabilitação têm estado mais ativos? 
Temos estado muito ativos na área da reabilitação da envolvente exterior de edifícios, quer com fins domésticos quer industriais, nomeadamente com o sistema de isolamento térmico pelo exterior (ITE), resultado da consciência crescente que os clientes têm demonstrado pela necessidade de poupança de energia, bem como das maiores exigências no conforto térmico nos nossos edifícios. Esta solução habitualmente preconizada por nós deixa de ser um custo para o cliente e passa a ser vista como um investimento, uma vez que a poupança de energia resultante deste tipo de intervenção traduz-se num pay-back bastante atrativo. A nossa intervenção nas fachadas não se esgota neste tipo de solução, muito pelo contrário, continuamos a ser a empresa de referência nas fachadas ventiladas, quer com revestimentos fenólicos, com painéis comentícios, quer ainda com soluções metálicas, onde a estética está muito presente, mas onde a componente da eficiência energética obtida é muitas vezes o mote que está por detrás da decisão do cliente bem informado.
Paralelamente, devido à competência técnica que acumulámos ao longo de mais de 40 anos, continuamos a ser a empresa mais solicitada em Portugal para atuar em aspetos comuns na área da reabilitação de fachadas, que se prendem com o tratamento das patologias nos revestimentos cerâmicos, nas pedras, nos rebocos antigos, e nos recobrimentos em geral.
Nas coberturas dos edifícios, onde efetuamos a impermeabilização utilizando sempre os isolamentos térmicos TEC, temos o já muito comum sistema SICOP, que, em termos gerais, consiste numa solução de cobertura "chave na mão", onde executamos a totalidade dos trabalhos a jusante da estrutura, seja metálica ou em betão, com a vantagem para o cliente de 100% de garantia e de responsabilidade da Sotecnisol.
Temos estado também muito ativos na área de reconversão de equipamentos, nomeadamente os de climatização, como caldeiras, redesenho de centrais térmicas, equipamentos de ar condicionado, entre outros, mas com um objetivo muito claro por parte dos nossos clientes: a poupança dos custos de energia, uma vez que as nossas soluções têm rendimentos muito superiores às existentes, o que, em termos práticos, se traduz em poupanças que podem alcançar os 30%. Outra situação bastante comum é a remoção das coberturas em fibro-cimento com amianto, onde a Sotecnisol é uma das empresas pioneiras em Portugal a proporcionar este serviço. 
As pequenas e as grandes instalações de produção de água quente através de painéis solares, assim como a instalação de painéis fotovoltaicos para a produção de energia elétrica ao nível particular ou empresarial têm sido também uma das áreas, não de reabilitação, mas de grande intervenção da Sotecnisol, muitas vezes resultado de intervenções de reabilitação.

Quais as vertentes mais ativas na procura das vossas soluções? Hoteleiros, residenciais, escritórios ou logística? 
Não temos um cliente padrão, visto que as nossas soluções têm uma abrangência extremamente vasta. São exemplo disso obras de reabilitação que temos executado em hotéis, condomínios, indústria em geral, basicamente entidades que procuram na reabilitação uma valorização do seu ativo, aumentando a eficiência energética e agregando valor. Um edifício mais eficiente será hoje mais apetecível num mercado imobiliário saturado, quer na vertente do arrendamento quer na da venda.

Como está o mercado a reagir a novas propostas em termos de revestimentos térmicos e otimização da função energética dos edifícios? 
De forma muito positiva, pois os clientes têm percebido que não estamos a falar de um custo mas sim de um investimento.

Em que medida a crise no setor afeta a tomada de decisões?
No cenário em que nos encontramos, as tomadas de decisão acabam por estar condicionadas em parte, ou em grande parte, pela envolvente, no entanto existem intervenções de reabilitação que não se compadecem com tempos de espera e têm de ser assim efetuadas. Por outro lado, existem também muitos casos em que a atual conjuntura, resultado das necessidades de otimização dos custos, quer em empresas quer a nível particular, acaba por ser um fator positivo na tomada de decisão.

A questão dos cortes de financiamento no setor afeta a atividade?
Infelizmente sim, pois existem várias empresas e famílias que têm necessidade de reabilitar, mas, muitas vezes, não avançam devido ao facto de os bancos não se mostrarem disponíveis para financiar esses investimentos.

Qual o perfil dos clientes que optam por boa qualidade de materiais e produtos inovadores?
São, por norma, pessoas bem informadas, que procuram rentabilizar os investimentos, que pensam no médio prazo, e acreditam que o imobiliário continua a ser uma das apostas mais seguras. Existe também um conjunto de clientes que já tiveram, no passado, experiências menos positivas com outras soluções/produtos e que encontram, na Sotecnisol, muitas vezes através do "passa palavra", um parceiro que não lhe traz problemas, mas soluções.

Que preocupação tem a Sotecnisol em termos de inovação?
Os mercados onde atuamos têm um elevado estado de maturação; não obstante, temos vindo a colocar soluções totalmente inovadoras. Esta situação resulta do facto de existir uma relação muito estreita entre o nosso departamento de investigação e desenvolvimento e as fábricas com as quais temos contratos de produção. As nossas marcas são conhecidas por marcarem os produtos mais recentes nas áreas em que atuamos.

O que justifica lançar marca própria de isolamento térmico? Faz desenho e produção do equipamento final? É uma questão de preço final competitivo? 
Lançámos a marca TEC, isolamento térmico de poliestrireno extrudido (XPS), uma vez que os consumos deste material justificavam a produção própria. A Sotecnisol foi a empresa responsável pelo lançamento deste produto em Portugal há 35 anos e, como tal, com a TEC, quisemos ser mais uma vez inovadores, lançando um material com prestações melhores que o que antes distribuíamos. O mercado dos isolamentos cresceu muito, sobretudo nos últimos 15 anos, fruto da introdução dos regulamentos da térmica e do aumento da construção. Foram feitos avultados investimentos em novas fábricas, na expectativa de que os ritmos de crescimento se iriam manter por mais anos, mas a forte retração do mercado ibérico fez com que se registasse um grande excesso de capacidade instalada. A estratégia da Sotecnisol para o XPS passa por reforçar a posição de liderança no mercado nacional, fidelizando os clientes através da melhoria da oferta: gama mais ampla de produtos; preços mais competitivos; maior liberdade de ação pelo facto de sermos fabricantes da marca TEC; melhores tempos de resposta e maior flexibilidade nas entregas, pois os transportes são agora da nossa responsabilidade; documentação técnica completa e elevado número de projetos prescritos com os nossos materiais.

Procuram ativamente clientes ou a internacionalização é feita com os do mercado nacional? 
Procuramos ativamente clientes. Em Angola e Moçambique, os nossos principais clientes são empresas portuguesas aí sediadas e brasileiras com as quais criámos uma excelente relação, mas trabalhamos cada vez mais com as empresas locais. Em Espanha, os nossos clientes são as maiores construtoras locais. A nossa aposta passa por aproveitar o processo de internacionalização das empresas portuguesas, mas também trilharmos o nosso próprio caminho.

Que obras têm no Brasil? 
A nossa atividade no Brasil centrar--se-á predominantemente no setor do ambiente e energia.

Quais os novos mercados onde pretendem entrar e os objetivos para cada um deles? 
Pretendemos entrar em Marrocos, Cabo Verde, Gana e Guiné Equatorial. Nestes mercados, estamos ainda na fase de levantamento de oportunidades.

Qual o volume de negócios da empresa em 2012 e o comparativo com 2011 e quais as perspetivas para 2013? 
Em 2012, faturámos aproximadamente o mesmo que em 2011. O acréscimo da faturação no exterior compensou a redução em Portugal. Perspetivamos que 2013 seja semelhante ao ano passado, pois continuaremos a crescer no exterior. 

Qual é o objetivo do mercado externo no peso da faturação da empresa no médio prazo? 
A nossa aposta é que, no final do corrente ano, tenhamos mais de 30% da faturação no exterior.

Fonte: OJE

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.