09 janeiro 2013

Investimento residencial dispara com ativos da banca


O investimento imobiliário residencial aumentou de 84 milhões de euros para 127 milhões nos dois últimos anos, assinala Eric van Leuven, managing partner da consultora Cuhsman & Wakefield.
A contribuição dos bancos, através dos FIAH - Fundos de Investimento para Arrendamento Habitacional, tem sido decisiva para a criação de um mercado residencial de arrendamento, algo que é geralmente muito apetecível no mercado europeu. 


No entanto, o interesse por este mercado nunca foi grande. O mesmo gestor, que falava numa apresentação aos jornalistas sobre o mercado imobiliário em 2012 e tendências para 2013, adiantou que foram criadas as infraestruturas, com o novo modelo jurídico da reabilitação urbana e do arrendamento.

A banca agiu também sob "coação" na criação deste mercado, quando se deparava com grande volume de imóveis para escoar. A situação foi ganhando contornos cada vez mais complexos ao longo do ano passado, com maiores exigências na concessão e crédito, nomeadamente em termos de capitais próprios nas operações de compra.

A entrada no mercado residencial na venda de grandes lotes a fundos ou a institucionais não está fora das apostas da C&W para 2013, avança Eric van Leuven. O gestor acredita que estão criadas as condições para a existência de um mercado com suficiente massa crítica que atraia institucionais.

A título de balanço, a C&W assinala que, nos escritórios, os proprietários mantêm estratégias agressivas, com carência de rendas e contribuições para obras e instalações em crescimento. 

O objetivo é enfrentar um novo nível máximo em termos de desocupação, calculado em 12,1%, contra os 8% em 2007. A maior pressão acontece nas zonas do Parque das Nações e do Corredor Oeste, com um nível de desocupação que atinge os 16,5 e os 21%, respetivamente. Em termos de oferta de escritórios, a C&W regista apenas projetos na zona CBD.

As rendas médias dos escritórios nas zonas prime da Baixa de Lisboa mantêm-se estáveis, nos 18,5 euros por m2, ainda que sem escapar a uma pressão no sentido de baixa, depois de há seis anos se situarem em torno dos 22 euros/m2.

O retalho foi, e continuará a ser, marcado pela quebra do consumo, com novas medidas de austeridade previstas no OE de 2013. O resultado: quebras históricas nas vendas do comércio a retalho, sendo que os retalhistas estão a limitar a expansão e a renegociar as condições atuais. A exceção é o comércio de rua, que continua muito ativo. A C&W regista o facto de a área de luxo da Av. da Liberdade estar a ser pressionada pelo crescimento do consumo de clientes brasileiros, russos e angolanos. 

Nesta ótica, acentua-se o interesse pelo formato de rua em Lisboa e no Porto. Também aqui se verifica a tendência descendente do valor das rendas, ainda que os valores de referência do metro quadrado nas zonas mais caras como o Chiado ou a Avenida da Liberdade, por exemplo, se mantenha estável, nos 85 e 75 euros/m2, respetivamente.

Quanto a centros comerciais, van Leuven apenas vê viabilidade em três espaços - Évora, Setúbal (Allegro) e Braga (Dolce Vita), sendo que os restantes projetos já licenciados terão uma execução muito difícil. A oferta tem vindo a adaptar-se, diz o gestor.
O ano de 2012 "foi o pior das últimas décadas para o mercado imobiliário", segundo a Cushman & Wakefield, que avalia o volume total de negócios nos 250 milhões de euros, representando uma quebra de 20% face a 2011.

O relatório da consultora continua a assinalar a tendência de afastamento dos investidores institucionais nacionais e estrangeiros do mercado imobiliário português, com o volume total do investimento em imóveis comerciais, por exemplo, a registar em 2012 uma nova queda de 50%, para 100 milhões de euros, valor que compara com 200 milhões em 2011 e os 700 milhões em 2010.

Os investimentos no ano passado dos grandes fundos de investimento institucionais portugueses e alemães, tradicionalmente os mais relevantes no mercado português, "foram zero", resume.

A escassez de financiamento continua a liderar o conjunto de razões para o mau desempenho do setor, sendo o downgrading do País e a incerteza sobre a recuperação económica os principais fatores de afastamento dos investidores internacionais, segundo a mesma fonte. Com os grandes investidores parados, alguns de dimensão mais reduzida estiveram "ativos", embora "em negócios de menor dimensão", salienta a consultora. O volume de transação médio situou-se nos 8,6 milhões, que compara com 16 milhões na média na década.

De acordo com o balanço da C&W, no segmento dos escritórios - que absorveu 80% do investimento comercial total - foram transacionados cerca de 80 mil m2 até novembro passado, registo que aponta para uma ligeira subida no final do ano face a 2011, mas a taxa de desocupação continuou em 2012 a escalada para um novo recorde.

Fonte: OJE

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