18 fevereiro 2013

Vendas de imóveis estão a descer nos últimos dez anos


Longe vão os tempos em que comprar casa era palavra de ordem. Há mais de uma década que a tendência se tem vindo a inverter cada vez mais. Só entre 2000 e 2011 registou-se uma queda de 52% de transacções em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Durante esse período, o número de imóveis urbanos, rústicos e mistos vendidos anualmente passou de 346 mil para 167 500. Em 2011, foram celebrados 167 496 contratos de compra e venda de imóveis, por um valor médio de 73 379 euros, informa ainda o INE, baseando-se nos dados da Direcção-Geral da Política de Justiça do Ministério da Justiça.

Nesse mesmo ano, mensalmente, transaccionaram-se quase 14 mil imóveis, representando uma queda de 20%, face ao ano anterior. Também em relação ao valor médio de imóveis transaccionados registou-se a mesma queda (20%), uma vez que em 2010 o valor ascendeu a 91 490 euros, contra 73 379 de 2011.

Lisboa foi a cidade que registou a maior queda de negócios imobiliários em onze anos (menos 61%), apesar de ter registado o valor médio mais alto: 141 mil euros. Por sua vez, os Açores foi onde se verificou uma queda menos acentuada (33%).

As razões atribuídas a estes valores são partilhadas pelas mediadoras contactadas pelo i, que acreditam que os números ainda vão cair mais. Até porque “o arrendamento com opção de compra é uma tendência que tem vindo a aumentar nos últimos dois anos”, explica o director-geral da ERA Portugal, Miguel Poisson. Ao que o administrador da Century 21, Ricardo Sousa, acrescenta que “2012 foi um ano extremamente difícil para completar transacções de venda”, mas que agora, ao contrário do que se pensa e é aconselhado pela Associação para a Defesa dos Consumidores (Deco), esta é a altura ideal para comprar casa: “2013 será um bom ano para adquirir imóveis. As excelentes oportunidades de imóveis da banca, as taxas de juro historicamente baixas, os proprietários com urgência em vender, a forte procura de arrendamento e os valores actuais dos imóveis fazem deste um excelente momento para se investir na aquisição de um imóvel”.

No entanto, a diminuição do valor de avaliação bancária, as restrições do crédito à habitação, a conjuntura recessiva da economia e o aumento do desemprego vêm contrariar a perspectiva de Ricardo Sousa. “O nível de incumprimento das famílias continua hoje a ser um problema grave, o que vai fazer com que as transacções que se fizerem sentir em 2013, sejam na sua maioria de imóveis da banca, com financiamento até 100%”, reforça Miguel Poisson.

A Deco desaconselha a compra de casa neste momento, em especial porque na contratação de créditos, aos spreades elevados vai juntar-se a subida da Euribor nos próximos anos, podendo tornar incomportáveis as taxas de esforço. A tudo isto, podem ainda juntar-se as subidas dos juros. “Podemos estar a criar novas situações de apuros para as famílias, pois todas as contas que fizeram quanto à taxa de esforço podem estar erradas num futuro próximo, de três/quatro anos”, esclarece o secretário-geral da associação, Jorge Morgado.
Fonte: iOnline

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