É o caso do director-geral da Century 21. Ricardo Sousa defende que esta é a melhor altura para comprar casa ou investir no mercado imobiliário. “Nunca é nos picos do mercado ou no fundo do ciclo que se fazem os grandes negócios. Estamos claramente na ‘zona segura de investimento’ que irá estabilizar progressivamente o mercado”, afirma. O profissional aproveita a oportunidade para apontar o dedo a um erro comum: “Todos nós caímos na mesma armadilha de raciocínio. Se o mercado está em alta, acreditamos que o preço vai continuar a subir e compramos; quando o mercado está em baixa, acreditamos que o preço vai continuar a baixar e não compramos... A verdade é que ninguém, muito menos nos dias de hoje, pode prever as alterações de ciclo económico e imobiliário.”
Ricardo Sousa vai ainda mais longe. Apesar de compreender que a banca se mantenha rigorosa e responsável na atribuição do crédito à habitação, julga que seria positivo existirem mais soluções para financiar famílias e investidores que reúnam os requisitos mínimos. Já no que diz respeito às transações, esclarece que eram, na sua maioria, impulsionadas pela especulação imobiliária e que esse ajuste já foi realizado. “Acredito sinceramente que o volume de transações irá estabilizar nos níveis atuais e até mesmo subir, porque quem compra/vende hoje é por necessidade. A entrada de investidores profissionais no mercado imobiliário residencial para dinamizar o mercado de arrendamento também irá ter um impacto positivo.”
ARRENDAMENTO
Com uma visão menos otimista, o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP), Luís Lima, considera que este ano será um ano difícil para todos os setores, incluindo o imobiliário.
“No mercado de compra e venda, deverá continuar a haver procura e oferta, mas a maior parte da procura interna continuará a ter dificuldades em ter acesso ao crédito à habitação, e a ter receio de avançar com a compra de um imóvel num período em que a instabilidade laboral é tão grande”, explica, enfatizando que, por força desta realidade, continuará a assistir-se a um aumento da procura no mercado de arrendamento urbano. E é precisamente no arrendamento que o presidente deposita a sua maior esperança para 2013. “Há esperança de que as novas condições possam ajudar a dinamizar esta área de negócios [arrendamento], que tem fortes potencialidades para cativar o investimento externo, o que se torna fundamental para o mercado de reabilitação urbana e para o turismo residencial.”
No entanto, faz uma ressalva: “Para que exista uma verdadeira dinamização deste mercado, será necessário baixar os preços dos chamados arrendamentos novos, para valores competitivos face aos de uma prestação bancária de um crédito habitacional.” Na opinião de Luís Lima, a redução destas rendas deve chegar aos 30 ou 40% nos segmentos médio e médio baixo, referindo-se à fatia das casas com rendas entre 300 e 500 euros, que “só encontrarão uma procura que não entre em incumprimento se baixarem significativamente para valores competitivos”. Por outro lado, chama a atenção para a importância de se adotar uma tributação mais justa para os proprietários e sem perdas de receitas para o Estado. “Actualmente, a tributação aos rendimentos obtidos no arrendamento urbano é feita em sede de IRS através da tributação normal ou por via da taxa liberatória, acabando por haver, para mim, um cenário de dupla tributação aquando do pagamento do IMI.”
Assim, segundo o profissional, o ideal seria o IMI ser dedutível quando tivesse lugar a tributação dos rendimentos obtidos no arrendamento urbano, porque isso acabaria por criar uma maior confiança nos proprietários e a quem investe no imobiliário, gerando assim um mercado de arrendamento com maior dimensão - e não havendo deste modo perda, mas sim aumento de receita para o Estado.
Fonte: iOnline
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