A nova ponte sobre o Tejo, a Ponte Vasco da Gama, inaugurada em Março de 1998 ligando Sacavém ao Montijo, foi aproveitada por muitos casais, especialmente os jovens, para comprar casa neste concelho, a preços muito mais acessíveis, e trabalharem em Lisboa. Um facto que levou muitos promotores a incrementar a construção de empreendimentos imobiliários que acabaram por contribuir para o excesso de casas que, atualmente, existem no concelho.
O escoamento das casas acabou por ficar penalizado com o agravar da situação económica do país e para o qual contribui, em especial, o aumento do preço dos combustíveis e das portagens.
Atualmente o concelho do Montijo apresenta uma oferta de fogos para venda de 2960, sendo que a maioria das frações estão localizadas na freguesia do Montijo, sede do concelho, com 2200. A freguesia do Montijo apresenta-se assim como a sexta freguesia do país que concentra uma maior oferta de habitação para venda.
De acordo com os dados da Confidencial Imobiliário (CI), mais de 55% desta oferta para venda é constituída por imóveis novos, sendo um dado que confirma o crescimento da construção para habitação na última década neste concelho.
Ao mesmo tempo, parte significativa da oferta é constituída por tipologias T3 (56%), seguida do T2 (24%), sendo que os T1 apresentam uma percentagem muito reduzida.
Embora o licenciamento de fogos tenha abrandado muito nos últimos anos (de acordo com o CI, de 2008 a 2011, foram licenciados 290 fogos no concelho, sendo que 193 aconteceram na freguesia urbana do Montijo), verifica-se, também, que o número de frações vendidas em 2011 foi no total de, apenas, 400.
Em média o tempo de absorção é de 12 meses, prevendo-se que a atual oferta demore oito anos para ser escoada. Um fator a que não é alheio o facto de a procura incidir em maior percentagem sobre os imóveis usados (57%) e menos sobre os novos (43%). Ou seja, a procura está em parte desajustada da oferta.
Investidores compram o barato
Lúcia Martins, consultora da mediadora Medialize, considera que a procura por parte dos investidores é um dos fatores que permite a realização de vendas na habitação.
Contudo, “os investidores procuram casas com preços de 40 mil a 60 mil euros, já que são os valores que permitem rentabilização do investimento com segurança”.
A procura de casa para arrendamento é outra das componentes que traz alguma dinamização ao mercado. Na opinião de Lúcia Martins, as operações de arrendamento são muitas vezes penalizadas pelo fato de serem feitas diretamente pelo proprietários que na maioria das vezes não estão preparados para fazerem contratos que os salvaguardem de problemas futuros.
A quedas dos valores das rendas, por um lado, e o agravamento dos impostos pagos pelos proprietários, por outro, são na sua opinião razões que limitam o crescimento do mercado do arrendamento.
Refira-se que o Montijo é um dos poucos municípios portugueses territorialmente descontínuos, sendo aquele que o é de forma mais evidente. A porção principal, onde se situa a cidade, é a mais pequena e é limitada a norte e a leste pelo município de Alcochete, a sudeste por Palmela, a sudoeste pela Moita e a noroeste liga-se aos municípios de Lisboa e de Loures através do estuário do Tejo. A porção secundária, cerca de 20 km a leste, é limitada a nordeste por Coruche, a leste por Montemor-o-Novo, a sudeste por Vendas Novas, a sudoeste por Palmela e a noroeste por Benavente.
Montijo reduz taxas na construção para reabilitação
A autarquia, no seu regulamento de edificação e urbanização, consagrou a redução de taxas para a construção e reabilitação dos edifícios em zonas consolidadas e a preservar. A isenção é de 50% nas freguesias do Montijo, Atalaia e Afonsoeiro; de 35% nas freguesias de Sarilhos Grandes e Alto Estanqueiro – Jardia; 20% nas freguesias de Canha, Pegões e St. Isidro.
No que se refere à renovação do espaço público a autarquia viu aprovada, em 2009, uma candidatura ao QREN, para a segunda fase de recuperação da zona ribeirinha, que abrangia a Praça Gomes Freire de Andrade, junto ao mercado municipal, o próprio mercado e espaços envolventes. O valor de investimento era de sete milhões de euros e, inicialmente, comparticipada em 50%. De acordo com fonte da autarquia, “devido a dificuldades financeiras, com a quebra das receitas, não foi possível a sua execução”.
A conclusão da primeira fase da frente ribeirinha do Montijo, que nasceu da vontade de dar resposta aos novos desafios, devolveu à cidade a paisagem do Rio Tejo, com toda a sua biodiversidade e os seus valores fundamentais. O desafio da autarquia é o de que “a excelência do espaço e da paisagem ribeirinha montijense permita encarar a frente ribeirinha como possível de sustentar o desenvolvimento de investimentos públicos âncora para o centro histórico da cidade”, alerta a mesma fonte.
Fonte: Público


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