A América Latina, com o Brasil na dianteira, é a região emergente mais atrativa para investir no comércio a retalho, revela a mais recente edição do Global Retail Development Index, da A.T. Kearney.
O Brasil lidera, pelo terceiro ano consecutivo, o ranking do comércio retalhista elaborado pela A.T. Kearney, no que diz respeito aos mercados em desenvolvimento mais promissores em termos de investimento.
Publicado desde 2002, o Global Retail Development Index (GRDI) identifica os 30 países em desenvolvimento mais promissores para investir no comércio a retalho. Nesta edição, os restantes países que lideram o top 10 são o Chile, o Uruguai, a China, os Emirados Árabes Unidos, a Turquia, a Mongólia, a Geórgia, o Kuwait e a Arménia.
No total, o top 30 do ranking de 2013 dos mercados em desenvolvimento inclui sete países da América Latina (Brasil, Chile, Uruguai, Peru, Panamá, Colômbia e México), "confirmando esta região emergente como a mais atrativa para a realização de investimentos no setor de retalho internacional", declara a A.T. Kearney. A consultora adianta que a China perdeu uma posição, tendo passado do terceiro para o quarto lugar; ainda assim, o estudo indica que é incontornável considerar este mercado.
As maiores subidas deste ano são o Cazaquistão (ao ascender oito lugares), a Turquia (mais sete posições), o México (subiu sete lugares) e a Colômbia (mais cinco).
O documento adianta que a África Subsariana é uma região emergente de elevado potencial, que "continua a acelerar, como confirmado pela presença do Botsuana" no 25.º lugar, precedido pela "Namíbia, bem como por vários países pouco abaixo do top 30". O continente africano representa assim uma "oportunidade muito relevante para investimentos no setor", apesar de exigir o controlo do risco político-económico e a gestão do negócio em condições adversas em termos de infraestruturas e da cadeia de abastecimento local.
América Latina domina
O consumo no retalho brasileiro permanece forte, apesar do abrandamento no crescimento do PIB (1% em 2012). A A.T. Kearney prevê que cresça 11% este ano, "graças aos atuais investimentos expansionistas, ao crescimento orgânico das empresas de retalho, ao aumento da confiança dos consumidores e às melhorias verificadas em várias infraestruturas antes do arranque do Campeonato do Mundo de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016". Além de que a diminuição da taxa de desemprego e a "melhoria nas condições de acesso ao crédito por parte da grande e crescente classe média brasileira constituem fatores que têm aumentado a atratividade deste mercado para as empresas de retalho".
Outro aspecto destacado o facto de o mercado de luxo brasileiro estar a atrair várias marcas estrangeiras, que estão a investir no país. Centros comerciais de luxo como o JK Iguatemi, em São Paulo, e o Village Mall, no Rio de Janeiro, têm servido de plataforma para o lançamento de marcas internacionais no Brasil como a Valentino, a Miuccia Prada, a Sephora, Gucci, Lanvin, Van Cleef & Arpels, Dolce & Gabbana ou Nicole Miller.
O México (21.º) subiu sete lugares no ranking devido ao renovado otimismo sobre o ambiente macroeconómico e político do país. O consumo per capita cresceu 5,3%, impulsionado pelo aumento da confiança dos consumidores, pelo fortalecimento da moeda, pela redução das taxas de juro e consequente maior disponibilidade de crédito, e pela moderação da inflação. O volume de vendas do comércio a retalho mexicano superou os 210 mil milhões de dólares (161 mil milhões de euros) em 2012 - metade através dos canais tradicionais. As cadeias Wal-Mart Soriana, Comercial Mexicana e Oxxo representam cerca de 60% do comércio a retalho moderno, tendo cada uma delas planos de expansão. O retalho moderno está concentrado nas maiores cidades mexicanas, pelo que as cidades de média dimensão representam "importantes oportunidades de crescimento". As vendas de e-commerce, embora ainda com uma pequena parcela do comércio a retalho, subiram 23% em 2012, alcançando os 3 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros).
Região asiática mantém-se atrativa
Apesar de ter caído para 4.º lugar, a China é "impossível de ignorar por parte dos retalhistas globais": o volume de vendas cresce a dois dígitos, a procura continua a aumentar e o retalho apresenta um forte dinamismo".
Além de que os centros comerciais "estão a tornar-se cada vez mais populares, à medida que mais alternativas de comércio e entretenimento são adicionadas à oferta existente". O número de shoppings atingiu as 3100 unidades em 2012, com 288 novos a abrirem durante o ano, a maioria em cidades secundárias. Já o segmento de luxo "sofreu recentemente um retrocesso. Existem cada vez mais bens de luxo a serem comprados no exterior, levando as grandes marcas a repensar os seus planos de expansão na China". Por sua vez, o e-commerce está-se a expandir de forma rápida, representando cerca de 10% das receitas dos retalhistas em algumas categorias. As vendas online superaram os 200 mil milhões de dólares (153 mil milhões de euros) em 2012.
A Índia (14.º) caiu nove posições. A desaceleração global não poupou o país, cuja taxa de crescimento do PIB caiu para 5 a 6% em 2012. O crescimento do volume de vendas desacelerou no último ano em todos os segmentos do retalho. Os altos custos operacionais, o baixo poder de negociação com os fornecedores e a necessidade de oferecer descontos significativos para aumentar o volume de vendas têm colocado pressão sobre as margens, pelo que os planos de expansão dos retalhistas sofreram um retrocesso. O elevado custo do imobiliário e a pouca disponibilidade de espaços também contribuíram para esta tendência. Neste sentido, muitos comerciantes têm tentado aumentar a produtividade comercial, reduzir os custos operacionais e diminuir o tamanho das lojas para melhorarem a rentabilidade. Contudo, os "fundamentos de longo prazo do mercado indiano permanecem sólidos", considera a A.T. Kearney. Isto porque um "elevado número de consumidores e uma população jovem cada vez mais atenta às marcas e tendências da moda continuam a fazer do retalho indiano um setor atraente, esperando-se que continue a crescer entre 14 a 15% ao ano até 2015".
Fonte: OJE
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