A banca está a manter os preços dos imóveis, convicta de que é a melhor forma de valorizar os ativos. A ideia deixada pelos responsáveis da banca é que a carteira de imóveis continua a aumentar.
A venda de casas, que são propriedade da banca, representa cerca de 20% das transações anuais feitas pelas mediadoras imobiliárias. A ideia foi deixada por Manuel Alvarez, presidente da Re/Max, no Pequeno-Almoço sobre o Papel da Banca no novo Paradigma do Mercado Imobiliário realizado recentemente, pela Vida Imobiliária, e que reuniu um painel alargado de profissionais ligados a estas instituições, à mediação e à gestão imobiliária.
Contudo, segundo Manuel Alvarez, no caso da Re/Max esse peso ainda é menor. “Queremos que 20% a 25% das nossas vendas sejam da banca, mas agora ainda pesam apenas 9%. Contudo, a verdade é que todos os meses vendemos mais imóveis da banca, pelo que estamos confiantes em atingir esse objetivo”.
“No caso da Century 21, os imóveis da banca pesam praticamente 35% das nossas transações. E isso advém do posicionamento que temos vindo a desenvolver”, salientou Ricardo Sousa, administrador da mediadora.
De acordo com este responsável, desde o final de 2010, estão muito focados neste produto, e hoje conseguem escoar muito bem este tipo de produto. “Demoramos, em média, 4 meses a colocar um imóvel e, como nos temos vindo a posicionar com uma presença local, de bairro, temos inclusive pena de não haver mais imóveis disponíveis em algumas zonas”, refere Ricardo Sousa.
Carteiras de imóveis aumentam
Embora, no início do período de crise, a banca tivesse colocado as casas no mercado com significativas reduções de preços, rapidamente deu-se conta que esse era um erro que penalizava fortemente os activos.
Na opinião de José Mouquinho, presidente do Banif Imobiliário, “nota-se agora uma maior prioridade (da banca) em investir, e não com a preocupação só do preço”. É que, na sua opinião, “um dos lemas que temos é que vamos fazer tudo para não destruir valor. Os ativos têm um valor intrínseco, e esse, acho, que deve ser intocável”.
Também Manuel Alvarez considera que “os bancos estão a aguentar os preços, e concordo, com o José Mouquinho, de que o valor intrínseco tem que ser mantido”.
José Araújo, director do Millennium bcp, confirma que “no BCP, neste momento, os imóveis são vendidos a preço de mercado”.
Na sua opinião, as soluções mais simples (vendas directas ao público final) são mais aplicadas ao imobiliário residencial. “Não nego que não existam na mesa outras soluções mais complexas, com a venda de activos de maior dimensão ou de lotes junto de outros veículos de investimento como fundos (como, por exemplo, o Explorer), ou soluções desse nível”. José Araújo acrescenta, que o BCP tem “assistido a um aumento da carteira ao nível habitacional”.
Também a estratégia da CGD é, claramente, de desinvestir no que não gera cash-flow. “Queremos desinvestir em imobiliário, escoar os imóveis que nos chegam e que temos em stock, e para isso usamos uma estratégia multicanal: os canais de mediação como parceiros, canais electrónicos e portais que nos colocam em contacto com os investidores, bem como aqueles mecanismos, tão bem conhecidos, como é o caso dos leilões”, adverte José Eiras Antunes, responsável da Direcção de Negócio e Financiamento Imobiliário da CGD.
Para o responsável da CGD, “não sentimos ainda uma redução dos imóveis que nos vão chegando, mas iremos por certo senti-lo dentro de 2 a 3 anos”, adverte.
Na opinião de Ricardo Carvalho, director adjunto do Montepio Geral, “na composição da carteira de activos, a componente de terrenos tem ganho um peso significativo”. Uma situação que denota a contínua desaceleração da promoção imobiliária. Ricardo Carvalho alerta, ainda, que, “relativamente à entrada de novos imóveis em carteira, a verdade é que até à data não temos sentido abrandamento”.
Já para Tiago Fernandes, responsável da Caixa de Crédito Agrícola, “relativamente às entradas de activos nos balanços, também não temos assistido a um abrandamento neste ritmo. E, à semelhança dos nossos parceiros, também nós criámos uma estrutura centralizada que permita as várias Caixas de Crédito Agrícola fazer esse desinvestimento”. Uma estratégia multicanal, que passa por entrar em contacto com mediadores.
Fonte: Público
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