Economistas defendem que inversão no ciclo dos juros deverá demorar. E a subida das taxas será muito gradual.
O BCE efectuou o último corte de juros em Maio. Mario Draghi baixou a taxa para 0,50%, e deixou claro que demorará bastante tempo até que a política monetária seja revertida. Um compromisso que, juntamente com a possibilidade de novas injecções de liquidez, no mercado manterá as Euribor sob pressão, impedindo que nos próximos anos os portugueses possam vir a suportar encargos com o crédito da casa semelhantes aos de 2008.
"Com a referência a medidas de injecção de liquidez no mercado [como os empréstimo de longo prazo, os ‘LTRO’], Draghi quererá, essencialmente – tal como fez com a referência ao facto de as taxas irem permanecer reduzidas durante um longo período –, controlar as expectativas do mercado, particularmente numa altura em que se discute o início da remoção dos estímulos nos EUA", diz Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio.
Depois da correcção nos últimos meses, que se tem traduzido em subidas ainda que ligeiras das mensalidades pagas pelas famílias portuguesas, em Setembro as Euribor recuaram. "Este movimento reflecte a menor agressividade relativamente ao calendário da alteração da política monetária nos EUA e também a postura muito cautelosa do presidente do BCE", refere Paula Carvalho.
"Caso o BCE avance [com os LTRO], o aumento de liquidez poderia ter um impacto inicial marginal. As Euribor poderiam descer ligeiramente, se bem que a margem já seja escassa", defende a economista-chefe do Banco BPI. Não se antecipa grande margem para a queda, mas também é cedo para antecipar a inversão do ciclo da política monetária na Zona Euro.
"Não se espera que o movimento de subidas nas Euribor seja especialmente intenso em 2014", explica Rui Bernardes Serra. E olhando para os contratos futuros sobre a Euribor a três meses, percebe-se isso: No final do próximo ano estará nos 0,495%. Só no final de 2017 poderá superar os 2%, ainda a menos de "meio caminho" dos mais de 5% a que esteve em 2008.
"Neste sentido, [o encargo das famílias com a habitação] poderá ser acomodado por uma gradual melhoria das condições no mercado de trabalho, nomeadamente com a esperada redução da taxa de desemprego a partir da primavera do próximo ano e uma aceleração dos rendimentos do trabalho", diz o economista-chefe do Montepio.
Crédito com taxa a seis meses sente primeira subida
As prestações do crédito à habitação vão subir nos contratos com revisão em Outubro. Se para quem tem o empréstimo indexado à Euribor a três meses isso não é novidade, vai ser para aqueles que contrataram a taxa a seis meses. Pela primeira vez em quase dois anos, estes empréstimos vão ficar mais caros, embora o aumento do custo suportado seja residual.
Dado que a média da Euribor a seis meses subiu para 0,34% em Setembro, face aos 0,329% da anterior revisão (em Fevereiro), o valor da prestação de um crédito de 100 mil euros a 30 anos, com um "spread" de 0,7%, aumentará em 0,51 euros para 323,48 euros, em Novembro.
No caso dos financiamentos com Euribor a três meses, esta revisão ditará o terceiro aumento consecutivo, com a prestação de um crédito de 100 mil euros a agravar-se em 0,59 euros para 318,11 euros.
Depois da correção recente, as Euribor corrigiram em Setembro perante a maior cautela do BCE e da Reserva dos EUA. A perpetiva do mercado é que se assista a uma estabilização das taxas, embora com um pendor ascendente. Os futuros sobre a Euribor a 3 meses colocam a taxa em quase 0,5% no final do próximo ano. Só deverá superar os 2% já perto do fim de 2017.
Fonte: Negócios
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