22 junho 2014

Empresas querem espaços maiores


A procura por escritórios de maior dimensão representou metade das movimentações registadas no mercado de escritórios durante o ano passado. No ano de 2013, quase todas as zonas que constituem o grosso do mercado de escritórios em Lisboa registaram uma menor atividade de colocação deste tipo de ativos em comparação com 2012. 

As exceções foram a zona secundária de escritórios (Baixa/Chiado e Estrela) e o Corredor Oeste (eixo A5 Lisboa/Cascais, onde se inclui o Lagoas Park e a Quinta da Fonte). Já o Parque das Nações registou uma subida residual, mas, em contrapartida, vem reforçando a sua posição como uma zona em que a procura de espaços está em alta, após uma estratégia de descida de preços ter desbloqueado esse fluxo. Estas são algumas conclusões do Estudo da Mobilidade das Empresas, divulgado recentemente pela consultora Aguirrre Newman e que abarca os anos de 2012 e 2013. 


A análise, envolvendo 371 operações de escritórios (e praticamente 180 mil m2), concluiu que 50% das transações registadas no ano passado correspondem a um incremento de área ocupada, ou seja, tratou-se de uma mudança de escritórios mais pequenos para outros maiores ou, ainda, da contratação de área adicional na mesma morada. Outra vertente do estudo incidiu sobre a lealdade ao local de origem das empresas, concluído que uma parte significativa das firmas que pensam absorver mais espaço opta por fazê-lo ficando na mesma zona a que pertence (40% do número de transações em 2012 e 37% em 2013).

No que respeita ao peso das contratações referentes a primeiras instalações (novas empresas), o estudo da Aguirre Newman apurou que se enquadraram nestes parâmetros cerca de 15% do número de transações verificadas em 2012 (correspondente a 6% da área transacionada) e cerca de 25% das operações registadas em 2013 (15% da área transacionada).

Oferta diminui no Parque das Nações

A propósito dos resultados deste estudo e numa análise mais geral e atualizada ao ano em curso, Paulo Silva, diretor-geral daquela consultora, destaca o crescimento quase para o dobro da colocação de escritórios registado de janeiro a maio de 2014, por comparação com igual período de 2013. 

"0 mercado está claramente a crescer, não só por um fator racional que é o de tirar proveito das boas oportunidades que existem no mercado, como também já numa perspetiva de acomodar algum crescimento que as pessoas estão a sentir", indica aquele responsável. Embora considerando que a possibilidade de as empresas "mudarem para melhores instalações em termos relativos, pagando menos renda, é uma realidade que se irá manter nos próximos meses", o nosso interlocutor lança um aviso para um horizonte que não está longe. 

"É nossa convicção que dentro de dois a três anos se vai colocar um desafio muito grande às empresas - que têm estado, ao longo dos últimos anos, guiadas sobretudo por urna motivação de redução de custos e tiveram que se desfocar de preocupações com a qualidade das instalações - porque vão voltar a esta confrontar-se com esta preocupação, e, nessa altura, não será fácil encontrarem boas soluções no mercado". Um cenário explicável pelo desinvestimento nos edifícios devido à descapitalização dos proprietários em geral, que têm vindo a receber menos rendas e a dar mais concessões para conseguirem atrair inquilinos para os seus imóveis.

"O que vai acontecer é que aqueles que tenham contrariado esta tendência e que tenham mantido ou melhorado a qualidade dos seus edifícios, esses vão estar mais bem posicionados dentro de dois a três anos e poucos irão estar nesse patamar", antevê Paulo Silva.

Voltando aos aspetos mais técnicos do Estudo da Mobilidade de Empresas, realce, ainda, para a performance do Parque das Nações. "Destaca-se claramente das demais zonas em 2013 e é a única onde as áreas disponíveis diminuíram. Apesar de, comparando 2012 e 2013, ter havido apenas um acréscimo de 350 m2 a nível do take up [absorção de espaço], esta zona teve uma ocupação de áreas efetiva, o que fez com que as áreas disponíveis viessem a reduzir-se", explica Paulo Silva. Além da redução no número de operações oriundas da própria zona (de 34% para 24%), aquele responsável destaca, ainda, o crescimento estrutural (expansão de empresas existentes) de 25% registado em 2012, critério que quase estagnou no ano seguinte, em favor do aparecimento de mais empresas start-ups (subida de 4% para 30%) e de empresas de fora da região de Lisboa (25%).

Fonte: Expresso

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