Com muito espaço para crescer, “o Golden Visa não é um instrumento de uma só legislatura. É, sim, uma ferramenta de e para o país”; afirma Pedro Reis, anterior presidente da AICEP e um dos “pais” deste mecanismo.
Especialista na captação de investimento para o nosso país, fruto do trabalho desenvolvido à frente da AICEP, Pedro Reis foi o convidado da revista Vida Imobiliária para um almoço-conferência realizado na passada quarta-feira em Lisboa. Confirmando a importância que este mecanismo já tem na dinamização do setor imobiliário, o evento reuniu cerca de uma centena de profissionais deste mercado, ávidos de saber mais sobre o Golden Visa e quais as potencialidades que ainda tem por explorar.
No final o semblante era de animação, após a constatação de que há muito espaço para crescer e que o investimento captado por esta via para o imobiliário até agora é apenas uma pequena parte do que ainda está por vir. Ou pelo menos é esta a opinião do anterior presidente da AICEP.
Falando aos presentes sobre as motivações que estiveram na génese deste mecanismo, o especialista reconheceu que “logo quando procurámos criar o Visto Gold, um dos primeiros passos foi para o direcionar para a captação de investimento para o imobiliário e do turismo”. Até porque, notou, “não há muitos setores como o do turismo e do imobiliário que tenham uma ramificação tão virtuosa para outros setores de atividade económica e que impactem tão rápido para a criação de emprego e, como tal, para a criação de riqueza.
Sem falar também da forma como impacta na promoção da própria imagem do país”, afirmou. “O impacto é muito positivo e, acreditem, ajuda-nos a vender dívida pública e a exportar outros produtos e serviços”.
Após a captação do investimento para o país, importa também captar a preferência dos cidadãos estrangeiros que obtêm a autorização de residência a passar mais tempo em Portugal. Contudo, sublinhou Pedro Reis, “não acredito que a via administrativa seja a forma de obrigar um cidadão estrangeiro a passar mais dias em Portugal”. A seu ver “devemos estabelecer um número mínimo de dias e depois sim, esforçarmo-nos para o cativar a passar cá o maior tempo possível”.
Em todo o caso, defende, “todos nós devemos ter orgulho desta ferramenta; pois além dos ganhos visíveis para a economia, é também um exemplo de que se trabalharmos todos em prol do mesmo objetivo as coisas podem acontecer rapidamente e serem bem-feitas”.
495 milhões já investidos são “apenas uma amostra”
Contas feitas, desde a sua entrada em funcionamento, até há pouco mais de um mês, já foram investidos 495 milhões de euros em imobiliário em Portugal graças a este programa.
“Cerca de 91% dos 543 milhões de euros de investimento já contratualizado para Portugal pela via do Visto Gold fez-se através da aquisição de imóveis”, afirmou Pedro Reis, esclarecendo que “esta é apenas a primeira fase do programa” e que “este valor é apenas uma amostra do que aí vem”. Só este ano já terão sido entregues 400 vistos, além de 614 autorizações de residência a familiares.
Sem surpresas, os chineses são quem mais tem recorrido a este programa, representando 82% das 787 autorizações de residência já atribuídas. Uma tendência que se vai manter, acredita o especialista, antevendo que “o número de vistos concedidos a cidadãos vindos da China, Macau e Hong Kong deverá mesmo aumentar”. Seguem-se Rússia (32), Brasil (24) e Angola (16) entre os países com o maior número de vistos atribuídos.
“À medida que se verifica algum esgotamento no tipo de oferta imobiliária que registou a maior procura na primeira fase do programa do Visto Gold, os investidores começam também a olhar para outras classes de ativos mais voltadas para uma ótica de rendimento, nomeadamente para a hotelaria e edifícios de escritórios com yields já consolidadas”, nota Pedro Reis.
Chamando a atenção para o que considera ser “uma alteração na morfologia dos imóveis que são alvo de investimento”, o responsável sublinhou que “inicialmente os investidores do Visto Gold concentraram-se muito na zona da Expo, sobretudo os chineses. Mas, creio que irão paulatinamente movimentar-se mais para o centro da cidade e também em direção à zona costeira e a sul; primeiro para Tróia e depois para o Algarve”, explicou.
Por outro lado, considera, “esta segunda vaga de investimentos pelo Visto Gold não será composta apenas por novos investidores”. Por exemplo, “tipicamente um turista chinês não demonstra grande apetência pelo sol e pela praia, sendo antes motivado por aspetos como a história, gastronomia e compras. Contudo não confundamos o perfil do turista com o perfil do investidor, pois embora até possam coexistir numa mesma pessoa, são bastante distintos”. O que quer isto dizer? Pedro Reis explica: “embora não se sinta atraído enquanto turista, o investidor chinês reconhece o potencial de negócio e, por isso, pode apostar na compra de imobiliário no segmento de sol e praia”.
Boas notícias também para o turismo, embora o especialista reconheça que “há ainda muito trabalho a fazer para integrar o Visto Gold numa estratégia mais ampla do setor do turismo”.
Fonte: Público
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.