A dação de imóveis residenciais desacelerou e agora são as lojas que representam a maior fatia.
O Millennium BCP recebeu no primeiro trimestre deste ano €1,379 milhões de ativos em dação. Neste momento, os incumprimentos nos pagamentos dos empréstimos bancários incidem essencialmente sobre o mercado não habitacional, fatia que representa 75% da carteira de imóveis do banco.
"Estes imóveis não residenciais são segmentados por terrenos, lojas e escritórios, armazéns e instalações industriais, caracterizando-se por uma oferta muito diversificada quer em termos de localização como de dimensão", especifica José Araújo, responsável pela Direção de Negócio Imobiliário do Millennium BCP.
A oferta disponível é, de facto, diversificada. O período de recessão económica que se prolongou por mais de cinco anos e que levou ao encerramento de muitos negócios foi transversal aos negócios, fossem eles de pequena, média ou grande dimensão. E por isso, na carteira de imóveis comerciais do banco tanto se pode comprar uma loja por €20 mil (e há várias em diversos pontos do país) até armazéns de 11 mil metros quadrados no Cacém, por €2 milhões, ou até um complexo empresarial por €4,5 milhões em Braga, com uma área coberta superior a 6 mil metros quadrados de armazéns e serviços. "Ou unidades mais caras resultantes de edifícios de escritórios em localizações prime de Lisboa e Porto, excelentes para um fundo ou investidor, apostado na valorização do mercado, a qual é já evidente aos olhos de muitos", reforça o responsável.
No segmento das instalações industriais e armazéns, a oferta está mais concentrada nos distritos de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Santarém. Já em relação às lojas distribuem-se um pouco por todo o país.
Desafio para escoar
Com a retoma da economia ainda a um ritmo lento, o escoamento destes imóveis tem sido neste momento um dos principais focos do departamento de negócios imobiliários do BCP. "Este é o maior desafio que se coloca agora aos bancos e ao mercado face ao peso destes
imóveis em carteira e com a economia a melhorar, mas ainda aos soluços e com pouca consistência ao nível do consumo" admite o responsável, acrescentando que "as empresas e os comerciantes só agora começam a estar mais confiantes e isso tem levado a que a velocidade de colocação não seja idêntica ao do habitacional".
A estratégia do banco tem passado assim por uma "abordagem segmentada". "Estamos focados numa especialização dos agentes das sociedades de mediação, sobretudo em rede nacional e com perfil para trabalhar este segmento de produto e clientes, pois detetamos que fora de Lisboa e do Porto não existem em número suficiente no sector quando o mercado está mesmo a necessitar". Por outro lado, o banco tem criado outro tipo de estratégias e que passam, por exemplo, pela realização de leilões de lojas e espaços comerciais (este ano já fez dois).
Para os imóveis residenciais, o ritmo de vendas tem sido mais acelerado. "O peso dos imóveis de habitação tem vindo sucessivamente a reduzir-se na carteira do banco desde 2012, fruto da evolução do mercado, das condições creditícias, de uma menor remuneração nos depósitos e do regresso dos estrangeiros ao mercado". Os preços destes imóveis não só estabilizaram" como em alguns locais prime começam a já a subir de forma consolidada", remata o responsável.
Fonte: Expresso
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