01 setembro 2014

Retoma: São vendidas 73 casas por dia a estrangeiros


Estudo mais recente da APEMIP mostra o crescente interesse dos estrangeiros pelo imobiliário português. Zona da Grande Lisboa e Algarve são as regiões mais procuradas. Resorts registam vendas crescentes.
Os estrangeiros compraram 6.540 casas em Portugal no segundo trimestre deste ano, urna média de 73 casas por dia.



Os números foram contabilizados pela APEMIP — Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal e revelam outro dado significativo: os resultados demonstram que "houve um aumento de aproximadamente 90% face ao trimestre anterior". 

Em termos acumulados, e de acordo com os dados do Gabinete de Estudos da APEMIP, o primeiro semestre assinalou o registo de 10.040 casas vendidas a investidores estrangeiros. 

"Faro é o distrito com o maior número de investimentos realizados (37% do total do segundo trimestre), tendo sido maioritariamente procurado por britânicos, franceses, belgas e alemães. Por outro lado, o distrito de Lisboa surge com 26% das transações efetuadas, com uma predominância de investimento feito por cidadãos chineses, franceses, brasileiros e angolanos", refere o estudo da APEMIP

Para Luís Lima, presidente da associação, estes números "confirmam a importância do Regime Fiscal para os Residentes Não Habituais e do programa de Autorização de Residência para Investimento (Vistos Gold) que têm atraído um número crescente de investidores e que acreditam no imobiliário português como um investimento seguro, sendo a prova disso luta a quase duplicação do número de transações feitas a estrangeiros só no segundo trimestre". 

Pedro Fontainhas, diretor executivo da Associação Portuguesa de Resorts (APR), aplaude estas medidas governamentais "muito eficazes para a promoção do investimento em Portugal" mas fala da importância de conquistar quota de mercado no turismo residencial entre os países da Europa, que não estão focados em nenhuma dessas medidas. 

"É preciso ver que Portugal tem uma quota de mercado do turismo residencial na Europa que não vai além dos 5%. Apesar de sermos muito competitivos. Temos de continuar a lutar aumentar essa quota de mercado", reforça, acrescentando que isso passa por promover ainda mais o país em road shows em ações concertadas com entidades como o Turismo de Portugal, mas não só. "Há medidas que devem começar a ser analisadas e equacionadas. Por exemplo, Portugal tem custos de transação dos imóveis muito elevados - onde se incluem entre outros os custos de conservatória, do notário das comissões dos mediadores imobiliários - e superiores aos dos nossos concorrentes diretos. Espanha, por exemplo, está mais bem classificada do que nós", diz Pedro Fontaínhas. E, exemplifica: "Segundo um estudo recente publicado no Global Property Guide, em Portugal este custo de transação atinge os 14,42% para um imóvel de €250 mil. Espanha tem um custo de 13,5%. Nesse estudo, a Rússia surge como o país da Europa com o maior custo de transação: 22,75%.

60 vistos gold no Pine Cliffs

Carlos Leal, CEO do Pine Cliffs Resort, empreendimento localizado em Albufeira, fala de outra medida essencial para dinamizar o imobiliário: as ligações aérias diretas a Portugal. 

Apesar de já ser um recordista entre os resorts com 60 vistos gold entre os seus clientes, Carlos Leal acredita que o programa dos vistos dourados está longe de atingir o seu potencial real no Algarve. "O nosso programa do Golden Visa é indiscutivelmente o melhor da Europa. Mas depois dizemos aos nossos mercados-alvo: olhem, não há voos diretos para Lisboa. Devem fazer primeiro escala em Madrid - que também tem o programa Golden Visa - ou ir pela Grécia ou Malta, por exemplo. Todos nossos concorrentes. Como não há dinheiro para comprar aviões nem retirá-los de outras rotas, Portugal deveria apostar em parcerias aéreas com a China", sugere o gestor.

Entre os 60 clientes vistos gold do Pine Cliffs, 85% são chineses. "Mas também já temos clientes do Médio Oriente, Turquia, Sri Lanka, Paquistão. Não estamos restingidos aos chineses mas, sem dúvida, eles dominam". Desbravar caminho nestes países e atrair novos clientes não tem sido fácil, diz. "São mercados difíceis, são necessárias muitas viagens, mais apoio, mais posicionamento, Sentimos que primeiro temos de vender Portugal como destino. A China já nos conhece mas os outros países asiáticos não. Porém, todos conhecem Espanha". 

A ligação com o Oriente não é o único problema, no entender de Carlos Leal. É preciso melhorar também capacidade de atração junto dos mercados tradicionais, como o inglês e o irlandês. "Basta comparar o Algarve e a Costa do Sol, no Sul de Espanha Eles têm prédios abandonados, meio construídos, possuem excesso de produto imobiliário - pode-se comprar um T2 em Torremolinos por €45 mil -, estão longe de ter o bem receber que o português tem. Mas vejam-se os voos que aterram em Málaga e em Sevilha e os que aterram em Faro, fora da época alta. Não há comparação". 

Entre as 330 casas, onde se incluem apartamentos e moradias, já vendidas neste resort algarvio, 35% foram adquiridas por ingleses e irlandeses, absorvendo os portugueses urna fatia de 20%. 

Ainda por comercializar. o empreendimento tem neste momento apenas 20 unidades. com valores a começar nos €780 mil. Em novembro vão iniciar-se obras para a construção de mais um edifício que irá acolher 76 unidades entre T0 e T3 e que se espera esteja concluído em julho de 2016. 

Troia Resort vende 31 em 7 meses 

No Troia Resort. do grupo Sonae, foi também notório o impacto das medidas do visto gold junto dos estrangeiros não comunitários e do regime do Residente Não Habitual, principalmente, em relação aos cidadãos franceses. Durante o ano passado, foram feitas 39 escrituras. Com o consolidar das, medidas, este ano, entre janeiro e Julho, já foram asseguradas mais 31. "Os clientes portugueses representam 10% a 15% deste total. A maioria são estrangeiros, existindo um arco-íris de nacionalidades onde se incluem não só chineses mas também pessoas do Vietname, Cazaquistão, Rússia, Índia", especifica João Madeira, diretor do Troia Resort.

Desde 2007 até agora, já foram vendidas cerca de 300 unidades deste empreendimento da Sonae Turismo. A proximidade a Lisboa e a possibilidade de rentabilizar o espaço num destino turístico em alta estão entre os principais trunfos do resort. "Estar a menos de uma hora do aeroporto é algo bastante aceitável para quem aqui investe", diz este responsável, acrescentando que quem ali tem comprado "sabe bem o que quer".

E o que os investidores querem, além das benesses que são conferidas pelas medidas governamentais, é a tranquilidade dada por um bem imóvel. "São pessoas que querem ter algo real e palpável, que acreditam que o imobiliário é mais estável do que os produtos financeiros".

Com 140 moradias e apartamentos para venda (com preços a partir dos €300 mil), o Troia Resort vai entrar em breve num "processo de rebranding de alguns produtos onde se incluem as Ocean Villages", diz João Madeira.

Junto destas moradias assinadas pelos arquitetos João Paciência, J.J. Silva Garcia e ateliê Intergaup está prevista a reformulação das áreas exteriores, o que permitirá um aumento da zona exterior de fruição das casas. "A inauguração do beach club em agosto já faz parte também da aposta em criar novas infraestruturas", acrescenta. 

O grupo Sonae quer ainda reforçar a taxa de ocupação do resort durante a época baixa. Por isso, além dos esforços junto do mercado de golfe - onde os escandinavos estão a revelar-se uma boa surpresa -, está prevista a construção de outro tipo de infraestruturas para atrair unia clientela muito específica. "Vamos construir campos relvados adequados a práticas desportivas como o futebol e o râguebi. O objetivo é criar centros de estágio para atrair equipas oriundas da Europa Central e do Norte que não têm condições para treinar nos seus países durante o inverno". O projeto deverá estar operacional já no início do próximo ano.

O MERCADO 
  • 10.040 casas vendidas a estrangeiros nos primeiros seis meses deste ano, segundo a APEMIP. Os britânicos posicionam-se no primeiro lugar com 2.174 (22% do total), seguidos dos chineses com 1.648 e os franceses com 1.590.
  • 2.424 imóveis foram vendidos no distrito de Faro nos últimos três meses. Só os ingleses adquiriram 964. Aliás, o Algarve continua imbatível para os britânicos. Apenas 52 optaram por Lisboa no período em análise. Albufeira, Lagos e Loulé são as zonas preferidas. 
  • 63% é a representatividade dos distritos de Lisboa e Faro nas transações com os estrangeiros. Em Lisboa foram vendidas 1.668 casas entre abril e junho, um ritmo de 18 por dia. Os chineses destacaram-se com 772 unidades compradas. 
Fonte: Expresso

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