As imobiliárias confiam que o crédito vai ajudar a suportar o aumento das vendas, num ano em que antecipam a subida dos preços das casas e a perda de relevância do arrendamento.
Após a crise que atingiu o imobiliário, sobretudo entre 2011 e 2013, o sector começa a dar passos mais firmes no sentido da recuperação.
Prestes a apresentar os resultados de 2014, os principais operadores fazem um balanço positivo do ano que passou e antecipam que 2015 será de crescimento, quer do número de vendas de casas como dos preços das transacções. Uma recuperação que deverá manter-se suportada pelos investidores estrangeiros, mas também pela reabertura da torneira do crédito.
A aposta na retoma vem no seguimento de um ano de 2014 em que o número de transacções de casas terá crescido entre 9% e 15%, segundo revela Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). Já Beatriz Rubio, CEO da REMAX Portugal, reconhece que a sua imobiliária registou uma subida de 42% no volume de negócio de compra e venda em 2014. A ERA Portugal, por sua vez, viu a facturação crescer 30% face ao ano anterior. Na Century 21, apesar de ainda não disporem dos números do negócio de 2014 o balanço também é positivo. "Todos os indicadores registaram uma clara tendência de recuperação do mercado, com um aumento significativo das transacções imobiliárias", explica Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal.
Os operadores são unânimes em salientar a relevância dos investidores internacionais para esses números - designadamente o Regime Fiscal para Residentes Não Habituais e o programa de vistos ‘gold' - mas destacam também a maior abertura da banca para conceder crédito, uma tendência que deverá consolidar-se este ano. "As operações com recurso ao crédito tiveram um crescimento de dois dígitos e acreditamos que o crescimento de operações financiadas pelos bancos será ainda mais forte em 2015", revela Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal, em relação aos resultados operacionais da imobiliária em 2014. Uma opinião partilhada por Beatriz Rubio. "Os bancos estão a assumir uma política clara de retoma de concessão de crédito à habitação. Esta postura da banca para o financiamento bancário já surtiu efeito em 2014 e esperamos que seja uma grande tendência em 2015", acredita a CEO da REMAX.
Os responsáveis das imobiliárias acreditam que a maior dinâmica do sector também deverá conduzir a uma estabilização ou mesmo crescimento dos preços dos imóveis. "Tendo em conta o aumento da procura que se tem verificado no mercado de compra e venda, a expectativa é a de que se verificará um ligeiro aumento dos preços. Digo ligeiro, porque o mercado está a evoluir lentamente, e porque os aumentos abruptos não são desejáveis no mercado imobiliário, bem pelo contrário, são perigosos", salienta Luís Lima.
Face a este contexto destacam os principais centros urbanos de Lisboa e Porto, à semelhança do Algarve, como as zonas do país a oferecer o maior potencial de valorização dos imóveis. Nuno Gomes, um dos "campeões de vendas" da REMAX, destaca ainda o Chiado, Príncipe Real, Lapa, Estrela e Alvalade, entre as áreas de Lisboa, onde "há uma tendência para uma ligeira e continuada subida de preços"
A retoma das vendas deverá ser acompanhada pela perda de relevância do arrendamento, contrariando a tendência recente. Em 2014, esta realidade já foi notória. Na ERA, o arrendamento correspondeu a 25% dos negócios, abaixo dos 34% do ano anterior. A Century 21 seguiu a mesma tendência, com o arrendamento a recuar de 49%, para 41% dos negócios, em 2014. "O crescimento acelerado do mercado de arrendamento, nos últimos anos, foi uma consequência das restrições do crédito à habitação, que obrigou muitas famílias a recorrerem ao arrendamento como a solução possível. Agora, com a inversão da tendência relativa ao crédito à habitação, a opção de compra deverá voltar a predominar", defende Ricardo Sousa.
Fonte: Económico
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.