
A Quantico, empresa portuguesa especializada no mercado da reabilitação presidida por Carlos Vasconcellos, aplicou €20 milhões em vários imóveis devolutos na zona prime de Lisboa. Este investimento, de origem brasileira, recuperou vários imóveis no centro da capital e um dos edifícios já está a ser comercializado.
Com uma larga experiência a nível nacional e internacional, tendo ocupado lugares de CEO em empresas como a PT Comunicações, PT Internacional e Telesp Celular e vice-chairman da Vivo (Brasil), Carlos Vasconcellos viu no mercado brasileiro uma oportunidade de captação de investimento não fosse também este o quarto principal mercado estrangeiro comprador em Portugal. Segundo números da APEMIP - Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, os brasileiros compraram no ano passado 1.610 casas, uma média de quatro imóveis por dia.
"A Quantico fez a primeira ronda de captação de investimento em 2014 onde foi possível juntar um primeiro grupo de investidores brasileiros, todos eles ligados ao sector da construção, com um capital acumulado de €20 milhões. Com este capital, temos já três investimentos efetuados e mais três em curso, todos na zona central de Lisboa", explica o administrador da empresa.
O mercado, enfatiza, "está pujante": "Há imensa procura e pouca oferta para aquilo que as pessoas desejam. Sentimos que o momento é agora pois existem grandes oportunidades de rentabilidade com riscos muito baixos. Portugal está, definitivamente, num patamar onde nunca esteve".
Basta, aliás, comparar os preços de venda em diferentes cidades europeias, acrescenta ainda o gestor, citando dados da consultora Q Research: "O preço por metro quadrado da localização prime em Londres é de €29.000 e em Paris €21.000, por exemplo. Em Lisboa, o metro quadrado na zona nobre situa-se nos €6.000".
Investimentos até €100 milhões
O modelo de negócio da Quantico assenta, assim, na compra de imóveis para reabilitar, "a bom preço", nas chamadas Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa, Porto e Cascais (ainda que nesta primeira fase esteja só centrado na capital), na reabilitação dos edifícios e na posterior venda dos prédios.
Por "bom preço" o administrador considera entre os 1.000 e os €1.500 por metro quadrado. "A possibilidade de perder dinheiro a estes preços numa perspetiva de médio e longo prazo é praticamente zero", diz, acrescentando que a TIR - Taxa Interna de Retorno se situa nos 20%.
Com os primeiros €20 milhões já aplicados, a Quantico (que já abriu uma filial na China) está agora a entrar numa segunda ronda de captação de investimento com origem em diferentes nacionalidades como a francesa e a chinesa. O patamar fixa-se num mínimo de €50 milhões e pode ir até até aos €100 milhões, montantes que irão permitir expandir geograficamente os planos da Quântico também para as zonas centrais do Porto e Cascais, tal como o foco do negócio. Se, para já, ainda está centrado no segmento residencial, num cenário a médio prazo, a empresa quer também investir no turismo sénior e de saúde e no arrendamento universitário, segmentos que permitem explorar outras zonas da cidade.
"São segmentos que estamos a acompanhar de perto. No caso dos universitários, por exemplo, Portugal está a tornar-se numa plataforma muito interessante não só para os estudantes Erasmus mas também aqueles que cá vêm fazer o MBA. Dou aulas na Católica e tenho tido cursos em que 70% das pessoas são estrangeiras e de mais de 10 ou 12 nacionalidades diferentes", exemplifica Carlos Vasconcellos, acrescentando que este tipo de segmento permite apostar em imóveis mais baratos mas com taxas seguras de rentabilidade.
A concorrência crescente por parte de empresas nacionais e estrangeiras que se dedicam a adquirir imóveis e a reabilitá-los para alojamento de curta duração, tem vindo paulatinamente a esvaziar a oferta de imóveis devolutos nas zonas prime. "Neste momento sentimos duas tendências no mercado: temos dificuldade em encontrar edifícios para reabilitar a bom preço e em boas localizações mas também temos verificado que um número surpreendente de imóveis que foram supostamente vendidos, voltam novamente para venda passado algum tempo ou porque são revendidos mas também por incumprimento".
Carlos Vasconcellos sublinha que "os tempos atuais obrigam a que as operações sejam feitas com capitais próprios", algo que já vai marcando a tendência no mercado imobiliário português. Considerado um dos países mais seguros do mundo (segundo o Global Peace Index) e no top 10 dos países a visitar em 2015 (de acordo com o Lonely Planet), Portugal é neste momento um destino fácil de vender aos estrangeiros também por outros atributos, lembra o administrador. Aos pacotes dos vistos gold e do residente não habitual juntam-se também os incentivos dados à reabilitação. "O facto dos compradores não pagarem IMT e IMI nos imóveis reabilitados e o IVA passar de 23% para 6% para as zonas ARU são incentivos importantíssimos para quem quer investir", remata o administrador da Quântico.
Fonte: Expresso
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