03 março 2015

Reabilitação está a mexer com o mercado dos elevadores


A Enor tem apostado no mercado da hotelaria e no residencial nos centros de Lisboa. A transformação do sector imobiliário nos últimos anos devido à crise levou as empresas que trabalham neste mercado a reajustar a sua estratégia de atuação. O impacto foi transversal a todas as áreas e o mercado do fabrico e instalação de elevadores não foi exceção.


No grupo Ascensores Enor, especializado na produção de elevadores, as encomendas vindas de projetos ligados à reabilitação não chegavam, em 2007, aos 2% da faturação da empresa. Atualmente, dos 20% que a empresa fatura em obras (os restantes 80% provêm dos serviços de manutenção), uma fatia de 40% surge de projetos de reabilitação, com os restantes 60% a ter origem em construção nova. O peso crescente da reabilitação no volume de negócios da empresa - que em 2014 se situou nos €6 milhões tem estado muito assente em projetos residenciais e na área da hotelaria.

Na Pousada de Portugal do grupo Pestana que está a nascer no Terreiro do Paço, onde em tempos funcionou o Ministério da Administração Interna, os equipamentos da Enor que estão a ser instalados são os clássicos contemporâneos. "Mas há pouco tempo instalámos vários elevadores para outra unidade do grupo Pestana - a pousada da Serra da Estrela - em que o arquiteto Souto de Moura deu-nos as réplicas dos elevadores que existiam há 60 anos e foi possível arranjar soluções parecidas com o que existia na época mas com os critérios de segurança atuais", exemplifica o responsável. 

Com Lisboa e agora também o Porto - "ainda que muito de circunscritos aos respetivos centros históricos" - a apostar em força na reabilitação, a empresa tem vindo a aproveitar a recente dinâmica no mercado residencial e de alojamentos turístico. 

Para estes prédios antigos, com estruturas limitadas em termos de espaço, até é possível instalar elevadores que funcionam e consomem tanto como os eletrodomésticos vulgares, ligados com uma tomada normal de energia. "Mas nem sempre é possível. Há alguma arquitetura das décadas de 20, 30 e 40 que não permite a instalação do equipamento porque não tem sequer caixa de escadas", diz o administrador da Enor, acrescentando que nesses casos a opção passa por instalar elevadores exteriores nas traseiras dos edifícios (quando isso é possível). 

Prédios novos só da banca 

Um estudo do Instituto Nacional de Estatística concluiu que em Portugal, mais de metade dos edifícios com dois ou mais andares não possuem elevador. "Além disso, o parque de elevadores que existe em Portugal é antigo. Diria que 30% a 40% dos elevadores existentes, são antigos. Há mais de 15 anos que passou a ser obrigatória a instalação de elevadores com cabina, mas não há retroatividade na legislação", diz António Balsinha. 

Se na reabilitação é a hotelaria e a habitação nas zonas centrais de Lisboa e Porto que estão a fazer mexer o mercado, no segmento da construção nova, são os bancos que criam algum dinamismo. "Os bancos estão a pegar nos edifícios inacabados que pertenciam a promotores (que entretanto faliram) e começam a retomar as obras para os acabarem e comercializarem. E este movimento já não se restringe só a Lisboa. Temos sentido isso por todo o país", aponta o responsável. 

O mercado de escritórios é, para a Enor, aquele que menor importância tem neste momento. "Há uma década, era um mercado com muito peso. Hoje é quase irrelevante". 

Nascido em Vigo há quase seis décadas e em Portugal desde 1991, o grupo Enor foi comprado em 2013 pela americana United Technologies (UTC). Especializado no projeto, fabrico, montagem e manutenção de elevadores, o grupo tem, a nível ibérico, cerca de 400 trabalhadores, contando com quatro centros de trabalho em Portugal. As fábricas estão todas localizadas em Espanha. 

Por cá, o mercado "é muito competitivo", com cerca de 70 empresas. "Não produzem os equipamentos mas compram em fábrica e instalam-nos nos edifícios, ainda que sejam mais concorrenciais na área da manutenção. No entanto, cinco ou seis empresas têm 80% de quota de mercado", resume o administrador da Enor.

Fonte: Expresso

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