Rendas baixas permitiram deslocalização para edifícios de escritórios em zonas centrais. Em 2014 as empresas instaladas no centro de Lisboa geraram 454 milhões de euros em rendas. O centro da capital voltou a estar em alta para a instalação de empresas e abertura de escritórios. A área que abrange a Avenida da Liberdade (zona 1), Saldanha, Entrecampos e Amoreiras (zona 2) e também a chamada zona 3 (onde se incluem as Torres Colombo) foram aquelas que registaram a maior procura ao nível de edifícios de escritórios durante o ano passado.
O "Out of the Box", estudo anual da consultora imobiliária B. Prime conclui que 2014 foi o melhor ano dos últimos seis no que respeita a área ocupada em escritórios: 126.529 m2. Um valor que representa um crescimento de mais de 60% face a 2013.
Para além da forte subida na área ocupada, o ano de 2014 foi igualmente marcado por um recorde absoluto: nunca antes tinha havido tantas empresas a mudar de instalações. No ano passado, do total de 239 operações realizadas no mercado, 140 respeitaram a mudança de instalações, o equivalente a 58,5% do total anual.
Feitas as contas, conclui-se ainda no estudo que "os grandes ocupantes de espaços estão de volta ao mercado e ao centro da cidade" e que as "zonas 2 e 3 pesaram quase 50% da absorção total anual de escritórios". É ainda de assinalar uma descida do valor das rendas, fixando-se a média nos €11,51/m2 e a renda prime nos €19/m2. No final do ano, o mercado de escritórios de Lisboa gerou um total de €454 milhões em rendas.
"As empresas aproveitaram as rendas baixas e conseguiram valores muito competitivos em termos de arrendamento para o centro da cidade. Por isso, para além da forte subida na área ocupada, o ano de 2014 foi igualmente marcado por um recorde absoluto: nunca antes tinha havido tantas empresas a mudar de instalações. No ano passado, do total de 239 operações realizadas no mercado, 140 respeitaram a mudança de instalações, o equivalente a 58,5% do total anual", realça Jorge Bota, diretor-geral da B.Prime.
A zona 2 foi a que mais área arrendou, fruto de mudança de instalações de empresas, tendo recebido 36% do total, principalmente devido aos negócios efetuados no novíssimo edifício Duarte Pacheco, 7. "E os cinco maiores negócios concretizados no ano passado foram todos realizados no centro de Lisboa", refere-se ainda no estudo. A saber: a instalação da Deloitte no edifício Duarte Pacheco (zona 2), a BNP, na Torre Colombo (zona 3), a ADENE, no edifício Santa Maria (zona 2), os advogados Miranda, Correia & Associados, no Duarte Pacheco e os escritórios da Santa Casa, na Avenida da Liberdade (zona 1).
O Parque das Nações (zona 5), muito procurado pelas multinacionais nos últimos três anos, já tem poucos grandes espaços ainda livres. As atuais operações restringem-se a ocupações de menor dimensão. Isto está a levar as empresas de maior dimensão a procurar outras localizações.
Com a construção em baixa desde o início da crise, poucos edifícios novos têm entrado no mercado. Segundo o "Out of Box", os 20.635 m2 de escritórios que inauguraram em 2014 representaram "o segundo registo mais baixo de sempre". 2015 não será diferente: estima-se que até ao final deste ano entre no mercado uma área adicional de 37.068 m2 de escritórios novos, "mas estes edifícios estão já praticamente todos ocupados", acrescenta o responsável da B.Prime, dando como exemplo a sede da EDP.
Tendências para 2015
Atendendo ao atual cenário, Jorge Bota não tem dúvidas de que este ano "as zonas-estrela serão a 3 e a 6, onde se irá registar uma procura assinalável". Recorde-se que na zona 3, além das já lotadas Torres Colombo, contam-se ainda as Torres de Lisboa, ainda com 22 mil m2 de área disponível e as Torres Natura, com 6 mil m2 livres. A chamada zona 6 é o Corredor Oeste que abrange os parques de escritórios no eixo A5 e onde se incluem, entre outros, a Quinta da Fonte, Lagoas Park e Tagus Park. Aqui a disponibilidade é ainda folgada.
Outra tendência para 2015 tem a ver com o valor das rendas. "É interessante verificar que o forte aumento da área absorvida, aliada a um reduzido stock novo disponível no mercado, não provocou qualquer pressão em alta sobre as rendas em 2014, bem pelo contrário. No entanto, esta situação provavelmente vai inverter-se durante o ano de 2015", vaticina o diretor da B.Prime.
O que já se está a verificar é a redução de incentivos concedidos pelos proprietários aos seus inquilinos empresariais. Nos tempos de crise, os senhorios não só baixaram as rendas como concederam ajudas à instalação da empresa, através de obras de adaptação de espaço e ainda através de meses de carência das rendas a pagar.
"Mas se no ano passado os prazos de carência das rendas chegavam facilmente aos 12 meses, atualmente não vão além dos seis meses e só para negócios de grande dimensão", diz Jorge Bota.
Outro sinal de mudança no mercado e que deverá consolidar-se em 2015 tem a ver com a reabilitação de edifícios no centro da capital para responder à atual apetência do mercado. "Existe muito stock disponível no centro de Lisboa mas sem condições para ser ocupado. O ano passado demonstrou que havendo espaço bem localizado, com dimensão e renovado, é facilmente ocupado", salienta ainda Jorge Bota.
Fonte: Expresso
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