26 maio 2013

Procuram-se casas no Algarve. But cheap


Foram-se embora, mas aos poucos estão a regressar. Os estrangeiros estão novamente à procura de uma segunda habitação no Algarve. Com preços mais baixos e com dinheiro no bolso, esta pode ser a hora H para bons negócios.
O sol, a praia, o golfe... A lista de razões para comprar uma casa de férias no Algarve não é curta. Ingleses, alemães e irlandeses desde há muito que escolheram o Sul de Portugal para passar parte do seu ano. Mas a crise levou-os a sair. 


Agora, aos poucos, começam a regressar. Com casas mais baratas e as suas poupanças na carteira, os turistas estrangeiros poderão aproveitar o atual contexto para fazer bons negócios no Algarve. Os promotores estão todos a postos, mas o desafio está longe de estar ganho e a recuperação pode ser mais lenta do que o previsto ou desejado.

Milhões de euros foram investidos do Barlavento ao Sotavento algarvio. Apartamentos de luxo, imóveis ao pé da praia, moradias geminadas, propriedades de luxo com metros e metros quadrados de jardins... Os preços foram subindo, subindo... houve quem comprasse e vendesse logo a seguir e ganhasse muitos euros... "Mas o mundo mudou e aquela ideia do cliente irlandês que comprava cinco apartamentos, como investimento financeiro, comprava por cinco para ter um rendimento brutal fixo ao ano ou para vender por dez, isso acabou", diz Pedro Lopes, administrador do Grupo Pestana.

São centenas de empreendimentos que estão a meio gás, foram vendidos entre 20% e 30% dos imóveis que os compõem e o resto foi ficando, foi baixando de preço e, continuou sem dono. "Durante os últimos três anos tem-se verificado alguma quebra da procura de estrangeiros pelas unidades mais pequenas e moradias, mas nos últimos seis meses tem-se sentido alguma retoma de mercados como os ingleses, holandeses e até o mercado irlandês que reduziu muito o investimento no Algarve", relatou Valentim Costa, consultor da Century 21/Urbinvest.

Numa das zonas mais caras do Algarve, Vilamoura, um dos maiores projetos de imobiliário turístico, o empreendimento da Lusort, outrora nas mãos de André Jordan, hoje da banca espanhola, tem ainda dezenas de casas por vender. Os promotores asseguram que o projeto não está degradado e que a qualidade se mantém, mas esses argumentos não têm sido suficientes para vender as unidades disponíveis. Ao passar pelas ruas do "L'Orangerie" é difícil encontrar alguém, no período fora do Verão. Existem moradores estrangeiros, mas a ideia de criar um condomínio com vida durante todo o ano está longe de ser materializada.

Para tentar contrariar esta situação a Lusort, em Julho, vai colocar a leilão 42 apartamentos de luxo localizados em quatro dos seus empreendimentos. Neste formato, cinco unidades serão vendidas à licitação mais cara e todas estão sujeitas à aprovação do vendedor. O preço original destas unidades situa-se nos 320 mil euros, segundo o anúncio da Kennedy Wilson.

Em Alvor, a zona mais cara de Portimão, os preços são hoje mais baixos do que os praticados em Vilamoura. E também ainda há casas para comercialização, mesmo ao pé da praia, já que os compradores não aparecem como noutros tempos.

Estas duas zonas recebiam estrangeiros de toda a Europa que vinham passar férias no primeiro ano, gostavam e compravam. Traziam amigos e familiares, construindo verdadeiras comunidades.

Agora, o turista estrangeiro que chega ao Algarve para comprar casa nalguns dos casos até já conhece a região e ja tece uma casa cá, mas teve que a vender. Com os mesmos imóveis mais baratos e poupanças na mão, voltam a ponderar investir. "Como os preços baixaram muito, estamos a ter procura dos chamados aforradores, que estão à procura de oportunidades de negócio", contou Nuno Marques, "broker" da Remax, em Alvor.

O comprador estrangeiro que tem chegado à Century 21 "é um comprador que procura um apartamento ou uma moradia que pode oscilar entre os 200 mil euros e os 700 mil euros. Este é o tipo de produto que estamos a comercializar agora e que estamos a escoar", diz Valentim Costa.

"O estrangeiro não anda à procura de apartamentos de 40 ou 50 mil euros, procura mais apartamentos perto da praia, para ir a pé para os locais dos restaurantes e da animação. A localização é o factor mais importante", corrobora Nuno Marques. E com esta exigência, este cliente está disposto a umpouco mais. Também continua a haver estrangeiros que querem moradias no interior, mais isoladas, onde passam três, quatro, seis meses por ano.

Os promotores falam de preços entre 20% e 30% abaixo dp praticado há três ou quatro anos e admitem que poderão ainda descer mais. "Em 2009, este projeto (L'Orangerie) tinha imóveis a 730 e 780 mil euros, hoje ja acabado pode adquirir os mesmos imóveis por 550 mil euros, com capacidade de negociação", detalhou o consultor da Century 21. Contudo, Valentim Costa admite que os preços em Vilamoura baixaram menos do que noutras regiões do Algarve. E vai mais longe: "pode haver ainda descidas, no produto mais descaraterizado. Mas no produto de qualidade atingimos o valor mínimo de venda".

Nuno Marques admite, por sua vez, que "se calhar ainda há «espaço para baixar mais o preço», porque as pessoas têm receio. Mas estatisticamente vai voltar a subir".

Se noutros tempos, o crédito era fácil e a banca portuguesa associava-se aos promotores e chegava a conceder até 80% de financiamento, esse tempo também acabou. os "novos" compradores trazem as suas poupanças ou vêm com o crédito aprovado no seu país de origem. Valentim Costa conta que os clientes que o procuram, "na sua maioria vem com capitais próprios, mas algumas instituições ainda disponibilizam financiamento".

Neste contexto, as grandes imobiliárias como a Remax ou a Century 21 têm utilizado a sua rede para promover os imóveis no Algarve. "Estamos a fazer acordos com diversos sites internacionais no Reino Unido e na Rússia para promover os imóveis", adiantou Nuno Marques.

"Esta é a altura boa para investir, as ofertas de melhor qualidade são cada vez menos", conclui Valentim Costa.

Promotores turísticos também tentam aproveitar o momento

Não foram só os promotores imobiliários a sofre com a crise. Grupos turísticos já com uma presença consolidada arriscaram e investiram em projetos imobiliários, no momento alto do mercado, mas depois puseram o travão a fundo.

O Grupo Pestana, uma das cadeias hoteleiras com mais hóteis na região, foi um exemplo disso. Com alguns projetos em mãos está à espera da melhor altura para reativar os investimentos. Pedro Lopes admitiu que "começa a haver procura outra vez", no entanto o excesso de oferta também tem dificultado o processo. Além disso, "os bancos têm tanto stock para vender que são quase um concorrente desleal, temos perdido clientes nesse sentido", sublinhou, o administrador do Pestana Algarve.

"Temos ainda lotes para fazer, se aparecer o cliente fazemos e vendemos à medida", afirmou Pedro Lopes, acrescentando que "sentimos que há outra vez procura, mas há muita casa em segunda mão, o que torna a venda mais difícil".

O Grupo Pestana já teve procura de "chineses que estiveram cá para avaliar oportunidades de investimento em imobiliário, russos também. Criam-se mercados novos com o 'golden visa', é pena o valor ser muito alto", defendeu o gestor. Para Pedro Lopes, Portugal deveria fazer como a Espanha, ou seja, aceitar passar vistos a estrangeiros que façam um investimento mínimo de 160 mil euros e não os 500 mil exigidos no mercado nacional.

Fonte: Negócios

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