Em 12 anos a construção mudou de paradigma. As casas novas deram lugar à reabilitação urbana e os grandes projectos públicos foram substituídos por obras de proximidade. A internacionalização foi um escape para a crise e já vale 5,3 mil milhões. Há 12 anos foram construídos em Portugal mais de 92.500 novos fogos. Em 2014, pouco passaram de 9.000, menos de um décimo.
Desde 2003 que o sector da construção e do imobiliário viu cair o emprego e a produção. Nessa altura eram quase 883 mil os postos de trabalho nessas actividades, os quais foram reduzidos a menos de 495 mil no ano passado. Para cerca de metade caiu igualmente o valor bruto da produção da construção: em 2003 somava mais de 19 mil milhões de euros e em 2014 apenas 11 mil milhões.
Desemprego e insolvências. Há mais de uma década que são o retrato do sector, consequência da crise que se instalou e se aprofundou. Depois dos anos de "boom" imobiliário e de foco político no investimento público, achegada da troika fez também chegara austeridade à construção. E projectos-bandeira do Governo de José Sócrates foram metidos na gaveta pelo actual Executivo.
Do programa de concessões rodoviárias ainda se concretizaram sete. Já projetos como a alta velocidade e o novo aeroporto de Lisboa continuaram sem sair do papel. Em 2003, as obras públicas promovidas somaram 2.476 milhões de euros, um número que no ano seguinte aumentou para 3.146 milhões e ainda se manteve próximo dos 3 mil milhões em 2005. Já em 2012 foram apenas promovidas obras públicas de 1,6 mil milhões de euros e em 2014 nem a esse montante se chegou.
O sector da construção e do imobiliário não teve na última década alternativa a mudar de paradigma. Os novos maga-empreendimentos para habitação deram lugar à reabilitação urbana de edifícios existentes, recuperando os centros das cidades. Os grandes projectos públicos foram substituídos pelas pequenas obras de proximidade.
Inversamente à quebra da produção em Portugal tem estado nestes 12 anos o reforço da atividade nos mercados externos.
Fonte: Negócios
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