08 novembro 2016

Banca ainda tem 7 mil milhões em imóveis


O valor dos imóveis no balanço das instituições financeiras está a cair face ao ano passado. Ainda assim, continua em valores elevados devido à dimensão dos empreendimentos. Apenas um quarto são casas. Os cinco maiores bancos nacionais tinham, no final do primeiro semestre, quase sete mil milhões de euros em imóveis no balanço. O valor diminuiu ligeiramente face ao período homólogo e também em relação ao final de 2015. Contudo, é ainda um valor expressivo e próximo de recorde, justificado pela elevada dimensão dos imóveis.


6,76 mil milhões de euros. Este era o valor dos imóveis no balanço dos cinco maiores bancos nacionais, no final do primeiro semestre deste ano. Estes activos são uma factura da crise que as instituições financeiras ainda estão a pagar e resultam da impossibilidade do pagamento dos empréstimos contraídos pelos clientes. Este valor representa uma quebra de 6,55% face aos primeiros seis meses do ano passado, quando atingiu os 7,23 mil milhões de euros, um máximo histórico.

E, mesmo face aos 7,03 mil milhões de euros registados no final do ano passado, este valor no caiu 3,87%. Quedas reduzidas que não traduzem a recuperação que o sector imobiliário tem vivido nos últimos dois da anos. O que justifica, então, estes valores elevados? "Regista-se uma excessiva demora, provocada por questões judiciais, na tomada de posse de muitos imóveis. Os bancos estão, neste momento, a tomar posse de imóveis cujo processo de execução começou há três anos ou mais", sublinha Ricardo Sousa, o administrador da Century 21 Portugal.

Só um quarto são casas

Além disso, esta factura elevada "justifica-se pela dimensão dos activos imobiliários que estão em posse destes bancos", explica Luís Lima. "São, sobretudo, activos não habitacionais de grande dimensão, como centros comerciais, terrenos industriais ou terrenos para construção, que, como tal, fazem com que o valor dos activos em carteira seja mais elevado, até porque são mais difíceis de transacionar", acrescenta o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). 

Consultando os sites dos cinco maiores bancos, é possível constatar que estão, atualmente, à venda 12.281 imóveis. Destes, apenas 28,38% são casas, enquanto os restantes 71,61% são activos não residenciais. Ou seja, quase três quartos dos imóveis não são casas. "Neste segmento, o ritmo de escoamento destes activo é significativamente mais lento do que nos imóveis residenciais", realça o administrador da Century 21 Portugal. 

Estes activos "estão, em grande parte, em zonas em que estou convencido que não voltarão a ter procura, a menos que haja uma alteração na sua utilização, pois o fim prévio a que se destinavam não deverá voltar a ter quem queira investir" adianta Luís Lima. 

Para o presidente da APEMIP, caso não sejam encontradas soluções de reaproveitamento destes imóveis, "os bancos continuarão a contar com o valor destes activos no seu balanço durante muito tempo". Já Ricardo Sousa tem uma perspectiva mais otimista e defende que "se, como tudo parece indicar, se mantiver a dinâmica positiva do mercado imobiliário e da economia em geral, 2017 deverá ser o ano em que começa a sentir-se uma redução mais significativa do valor em 'stock'.

Fonte: Negócios

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