As expetativas da indústria imobiliária são otimistas, embora se identifiquem já alguns desafios para que o ciclo positivo possa prolongar-se. A habitação é considerada uma das áreas de maior importância nos próximos anos. O sentimento da indústria imobiliária para o próximo ano é de otimismo, com os principais líderes associativos do setor a confirmarem que o mercado vive um momento muito positivo.
“O período para o imobiliário é bom”, defendeu Henrique Polignac de Barros, Presidente da APPII, a associação de promotores e investidores imobiliários, num pequeno-almoço promovido pela Vida Imobiliária e pela Cushman & Wakefield (C&W) para perspetivar 2018. Os tempos são de “uma deliciosa monotonia”, disse Paulo Silva, que preside a ACAI (representa as empresas de consultoria e avaliação imobiliária), enquanto Manuel Puerta da Costa, que dirige a APAF (associação dos analistas financeiros) explicou que a “boa fase do mercado não se equacionava sequer há cerca de 3 anos, quer em termos de comportamento dos preços quer nos volumes transacionados”, sublinhando a importância que o setor imobiliário tem “no stock de capital nacional”, o qual “é crucial para a sustentabilidade e rentabilidade do país”. Veiga Sarmento, que preside à APFIPP (associação dos fundos de investimento) confirma que “os ventos são otimistas” e que Portugal beneficia do otimismo que se vive na Europa, “um otimismo como há muito tempo não se vivia”.
Em comentário às principais conclusões deste encontro, José Araújo, diretor da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp, alarga ainda mais o percurso positivo, referindo que “na área dos imóveis do Banco, temos assistido a uma procura crescente no mercado imobiliário já desde 2011”.
Prolongar o ciclo
A indústria imobiliária acredita que é possível “estender” este ciclo positivo. “Temos que prolongar os bons ciclos”, disse na ocasião Polignac de Barros, defendendo que, para tal, “há que antecipar certas medidas”. Para “aproveitar esta maré positiva, é preciso ter em conta algumas preocupações”, alinha Veiga Sarmento.
Um dos desafios identificados pela indústria é a resposta à falta de oferta, quer de habitação quer de escritórios. “Há um claro desfasamento entre o stock disponível e a ocupação”, disse Eric van Leuven, managing partner da C&W, explicando que no caso da habitação a questão é especialmente relevante para os nacionais.
Quanto aos escritórios “é preciso investir em novos espaços, para que as empresas se continuem a instalar e a criar riqueza”, alerta, sublinhando que a limitação de stock pode ser uma ameaça à competitividade de Portugal numa altura em que as empresas internacionais olham cada vez mais para o país. Além disso, “sem escritórios não há cidades”, disse Pedro Ló, da APFM (associação do facility management).
O reforço do investimento no mercado de arrendamento como solução de acesso à habitação é também um dos desafios a endereçar, até porque “o momento atual tem sido sobretudo positivo apenas para o mercado de compra e venda e para o do alojamento o local”, lembra disse Menezes Leitões, da ALP (associação dos proprietários).
Também a atração de investidores particulares para o imobiliário está no mapa. “Temos que conseguir captar poupança e os fundos de investimento imobiliário podem ser uma alavanca crucial para a captação de investimento particular para o imobiliário”, nota Veiga Sarmento. Aumentar a confiança no setor, quer por via da autorregulação quer na melhoria dos padrões de rigor profissional, está igualmente em agenda. Na visão de José Araújo, “não ter pressa no retorno de investimento, comprar bem e construir para os nacionais e aceitar rentabilidade de um dígito” pode ser a receita “para não apressar a reversão de um ciclo importante para o setor e economia nacional”.
Habitação é questão central
A habitação será “a questão mais importante para o imobiliário nos próximos anos”, nas palavras de Francisco Rocha Antunes, presidente do RICS (entidade que atua na implementação de boas práticas na indústria imobiliária). Desde logo porque “é necessário perceber como criar habitação que não seja apenas investimento de refúgio de compradores internacionais”: Além disso, é necessário dinamizar o mercado de arrendamento, defendeu Menezes Leitão. “Neste momento não temos pessoas a colocar novas casas no mercado de arrendamento, e isso é algo que nem nos piores momentos aconteceu”, nota o presidente da ALP com preocupação. Para Francisco Rocha Antunes é claro que “falta um mercado de investimento institucional em arrendamento residencial no nosso país”.
Quanto aos preços, frisou-se que, a nível nacional, só agora se estão a atingir valores médios próximos do anterior pico do mercado, ainda que na gama mais alta de mercado (apenas), os valores praticados atualmente em Lisboa e Porto atinjam hoje um nível praticamente inimaginável há dez anos.
Fonte: Público
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.