A promoção de centros comerciais em termos globais prosseguiu a passos largos em 2011, devido ao aumento das populações de classe média e à expansão do setor de retail, que geraram níveis sem precedentes de construção e novas aberturas, sobretudo nos mercados emergentes, de acordo com um relatório da CBRE.
Retalho português retraído
Em Portugal, excetuando o comércio de rua nas localizações prime, o mercado de retalho esteve bastante retraído. "Longe vão os tempos em que abriam mais de uma dezena de empreendimentos comerciais por ano", afirma a CBRE. Em 2010, a oferta de novos complexos atingiu o mínimo histórico, e 2011 também ficou muito aquém da média registada na última década. Para 2012, a consultora não prevê qualquer abertura e os projetos que estão atualmente em construção só deverão abrir ao público em 2013. Situação que reflete não só a crise que o País atravessa desde 2008, mas também a maturidade do mercado no setor.
Maria Empis, consultora sénior do departamento de Consultancy da CBRE, comenta que, em Portugal, os centros comerciais "representam um mercado de alta qualidade e somos mesmo dos mais evoluídos no contexto europeu. Esta realidade, a par do elevado número de empreendimentos nacionais e com a quebra consecutiva no consumo, tem exigido, por parte dos promotores, adaptações constantes às exigências do mercado". A responsável acrescenta que "a revitalização, remodelação ou mesmo rebranding de centros comerciais já estabelecidos, mas menos competitivos, são tendências atuais que deverão manter-se no futuro".
Emergentes vs. maduros
Em mercados emergentes como a China, a Turquia e a Índia, registou--se maior atividade que nos mais maduros da Europa Ocidental e da América do Norte. O crescimento das populações de classe média conduziu a um aumento de novas promoções imobiliárias para responder à procura, enquanto a maturidade do setor na Europa Ocidental e na América do Norte obrigou os retalhistas destes mercados a atravessar fronteiras para fazerem crescer os seus negócios. Em 2011, houve 63 cidades (35%) abrangidas pelo estudo da CBRE com novos centros comerciais, 50 das quais localizadas em mercados emergentes. Em contrapartida, apenas cinco cidades da Europa Ocidental registaram a abertura de um novo centro comercial no exercício passado.
As cidades chinesas dominam a atividade de construção de centros comerciais, segundo a consultora. Das 180 metrópoles em análise, exatamente metade da totalidade do espaço de centros comerciais em construção encontra-se na China, sendo a Ásia responsável por 70% dos projetos em construção. Fora do território chinês, os mercados mais ativos são Abu Dabi, Hanói, Kuala Lumpur (Klang Valley), Nova Deli e São Paulo - cinco cidades em três regiões.
Neville Moss, diretor do departamento de Retail Research da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) da CBRE, diz que, "na nossa opinião, a atividade de promoção de centros comerciais atingiu níveis históricos, com o aumento das populações de classe média, particularmente nos mercados dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), a alimentar esta procura". Explica que "o conceito de centro comercial, em tempos reservado ao mundo ocidental, está a tornar-se universal. A China tem tomado a dianteira nos últimos anos e, ainda com vastas oportunidades nas cidades secundárias do país, é provável que se torne o mercado de promoção imobiliária mais ativo nos próximos anos". Contudo, ressalva, "o aumento da promoção também está patente na Turquia, no México, na Malásia e no Vietname", entre outros países. "Entretanto, a maturidade do setor de retalho na Europa Ocidental e na América do Norte gerou níveis de promoção imobiliária muito inferiores, mas também obrigou os retalhistas destas regiões a procurarem oportunidades em novos mercados de forma a expandirem os seus negócios". Esta tendência, declara Neville Moss, "deverá manter-se e está a ajudar a sustentar a promoção de novos espaços de retail de elevada qualidade" nos países emergentes.
Na Europa, foram concluídos novos centros comerciais em apenas 15 das 96 cidades em análise. Fora da Rússia e da Turquia, apenas a Ucrânia (Kiev e Kharkov) e Itália (Milão e Turim) registaram a conclusão de mais do que um novo centro comercial. Londres, com o Westfield Stratford City, foi a única cidade na Europa onde foi concluído um espaço superior a 100 mil m2. Do mesmo modo, não houve praticamente qualquer nova promoção nos mercados maduros de centros comerciais da região do Pacífico e América do Norte.
Neville Moss afirma que, "embora o reduzido nível de promoção de centros comerciais na Europa Ocidental reflita a maturidade do mercado, um clima económico difícil e o facto de simplesmente haver demasiado espaço de retail, também é verdade que há falta de espaço de qualidade em muitos mercados". Ou seja, "a oferta de imóveis modernos, com a dimensão certa, do tipo certo e na localização pretendida pelos retalhistas continua a ser limitada. Isto sugere que a reconversão dos espaços de retalho existentes, em centros comerciais ou ruas principais, manter-se-á no centro da atividade de promoção nos próximos anos".
Fonte: OJE
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