27 junho 2012

Centros comerciais continuam em alta nos mercados emergentes


A promoção de centros comerciais nos países emergentes continua em alta, aponta um estudo da CBRE. Em 2011, a Ásia representou 70% dos projetos de construção. Já o retalho português, mostrou-se bastante retraído. Um caminho a seguir? - Reconverter os espaços existentes.
A promoção de centros comerciais em termos globais prosseguiu a passos largos em 2011, devido ao aumento das populações de classe média e à expansão do setor de retail, que geraram níveis sem precedentes de construção e novas aberturas, sobretudo nos mercados emergentes, de acordo com um relatório da CBRE.
A consultora imobiliária mediu os níveis de promoção de centros comerciais em 180 das principais cidades mundiais no sentido de identificar os mercados mais ativos, tanto em termos dos projetos concluídos em 2011, como relativamente ao espaço em construção. O estudo constatou que a atividade de promoção imobiliária alcançou níveis significativos, com 29,6 milhões de m2 em construção, o que equivale à totalidade do espaço combinado existente em França, Reino Unido e Alemanha. Quanto a novos espaços, em 2011 abriu uma área equivalente a 7,8 milhões de m2.

Retalho português retraído
Em Portugal, excetuando o comércio de rua nas localizações prime, o mercado de retalho esteve bastante retraído. "Longe vão os tempos em que abriam mais de uma dezena de empreendimentos comerciais por ano", afirma a CBRE. Em 2010, a oferta de novos complexos atingiu o mínimo histórico, e 2011 também ficou muito aquém da média registada na última década. Para 2012, a consultora não prevê qualquer abertura e os projetos que estão atualmente em construção só deverão abrir ao público em 2013. Situação que reflete não só a crise que o País atravessa desde 2008, mas também a maturidade do mercado no setor.

Maria Empis, consultora sénior do departamento de Consultancy da CBRE, comenta que, em Portugal, os centros comerciais "representam um mercado de alta qualidade e somos mesmo dos mais evoluídos no contexto europeu. Esta realidade, a par do elevado número de empreendimentos nacionais e com a quebra consecutiva no consumo, tem exigido, por parte dos promotores, adaptações constantes às exigências do mercado". A responsável acrescenta que "a revitalização, remodelação ou mesmo rebranding de centros comerciais já estabelecidos, mas menos competitivos, são tendências atuais que deverão manter-se no futuro".

Emergentes vs. maduros
Em mercados emergentes como a China, a Turquia e a Índia, registou--se maior atividade que nos mais maduros da Europa Ocidental e da América do Norte. O crescimento das populações de classe média conduziu a um aumento de novas promoções imobiliárias para responder à procura, enquanto a maturidade do setor na Europa Ocidental e na América do Norte obrigou os retalhistas destes mercados a atravessar fronteiras para fazerem crescer os seus negócios. Em 2011, houve 63 cidades (35%) abrangidas pelo estudo da CBRE com novos centros comerciais, 50 das quais localizadas em mercados emergentes. Em contrapartida, apenas cinco cidades da Europa Ocidental registaram a abertura de um novo centro comercial no exercício passado.

As cidades chinesas dominam a atividade de construção de centros comerciais, segundo a consultora. Das 180 metrópoles em análise, exatamente metade da totalidade do espaço de centros comerciais em construção encontra-se na China, sendo a Ásia responsável por 70% dos projetos em construção. Fora do território chinês, os mercados mais ativos são Abu Dabi, Hanói, Kuala Lumpur (Klang Valley), Nova Deli e São Paulo - cinco cidades em três regiões.

Neville Moss, diretor do departamento de Retail Research da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) da CBRE, diz que, "na nossa opinião, a atividade de promoção de centros comerciais atingiu níveis históricos, com o aumento das populações de classe média, particularmente nos mercados dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), a alimentar esta procura". Explica que "o conceito de centro comercial, em tempos reservado ao mundo ocidental, está a tornar-se universal. A China tem tomado a dianteira nos últimos anos e, ainda com vastas oportunidades nas cidades secundárias do país, é provável que se torne o mercado de promoção imobiliária mais ativo nos próximos anos". Contudo, ressalva, "o aumento da promoção também está patente na Turquia, no México, na Malásia e no Vietname", entre outros países. "Entretanto, a maturidade do setor de retalho na Europa Ocidental e na América do Norte gerou níveis de promoção imobiliária muito inferiores, mas também obrigou os retalhistas destas regiões a procurarem oportunidades em novos mercados de forma a expandirem os seus negócios". Esta tendência, declara Neville Moss, "deverá manter-se e está a ajudar a sustentar a promoção de novos espaços de retail de elevada qualidade" nos países emergentes.

Na Europa, foram concluídos novos centros comerciais em apenas 15 das 96 cidades em análise. Fora da Rússia e da Turquia, apenas a Ucrânia (Kiev e Kharkov) e Itália (Milão e Turim) registaram a conclusão de mais do que um novo centro comercial. Londres, com o Westfield Stratford City, foi a única cidade na Europa onde foi concluído um espaço superior a 100 mil m2. Do mesmo modo, não houve praticamente qualquer nova promoção nos mercados maduros de centros comerciais da região do Pacífico e América do Norte.

Neville Moss afirma que, "embora o reduzido nível de promoção de centros comerciais na Europa Ocidental reflita a maturidade do mercado, um clima económico difícil e o facto de simplesmente haver demasiado espaço de retail, também é verdade que há falta de espaço de qualidade em muitos mercados". Ou seja, "a oferta de imóveis modernos, com a dimensão certa, do tipo certo e na localização pretendida pelos retalhistas continua a ser limitada. Isto sugere que a reconversão dos espaços de retalho existentes, em centros comerciais ou ruas principais, manter-se-á no centro da atividade de promoção nos próximos anos".

Fonte: OJE

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.