11 julho 2012

Design Factory: Inspiração em português


Por Raquel Machado *

O Design Factory - gabinete de inovação e design da RAR Imobiliária apresentou no espaço Point of View, no âmbito da participação no Oporto Show, os cinco valores que considera estarem na base do design actual: "design aid", "less for more", "rise above...", "cross sharing" e "praise your culture".

É precisamente este último conceito - a importância da preservação e valorização da arte e cultura nacional - que está a adquirir uma importância crescente na sociedade e no design.
Uma das riquezas da cultura portuguesa é a sua singularidade. Enquanto outros países são conhecidos pelos seus compositores, Portugal tem o seu próprio estilo musical, o fado, considerado recentemente Património Imaterial da Humanidade. Pouco a pouco, o mundo vai também descobrindo a nossa literatura, seja através do prémio Nobel atribuído a José Saramago ou através das muitas traduções de textos de Fernando Pessoa. Na arquitetura, somos reconhecidos pelo trabalho de profissionais como Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura, ambos distinguidos com um prémio Pritzker. Na arte, são criadores, como Paula Rego e Joana Vasconcelos, que nos representam.

Outros nomes poderiam ser referidos, todos com um ponto em comum: independentemente da área criativa em que estão inseridos, o reconhecimento internacional antecedeu o reconhecimento do seu próprio país.

Enquanto criativos, devemos ter como inspiração as nossas raízes e tradições, e podemos contribuir ainda mais se transportarmos a nossa cultura e valores para o nosso trabalho. Continuamos a ter mãos especializadas e pacientes a cruzar os fios de lã, a dar forma à filigrana, a moldar barro, a trabalhar o vidro e a pintar os azulejos tão característicos da nossa identidade cultural.

O Design Factory propôs, no Point of View, uma reflexão sobre a importância da arte e da cultura nacional como motor para o desenvolvimento da sociedade. A crise económica pode ser atual, mas a crise cultural não. Continuamos a não (re)conhecer o que é nosso e a não acreditar que somos suficientemente capazes.

A validação além-fronteiras continua a condicionar a nossa, como se reconhecêssemos o nosso valor apenas depois do sucesso internacional. Devemos acreditar que somos bons e que podemos ser ainda melhores. O orgulho e o saber antigo dos nossos artesãos, em harmonia com o espírito criativo português, são as fórmulas para mostrar ao mundo quão rica, genuína e variada é a nossa cultura e deverá ser o nosso design.

*Designer no Design Factory, gabinete de inovação e design da RAR Imobiliária

Fonte: OJE


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