11 julho 2012

JLL: "Retalho não pode esperar pelo fim da crise"


A POP UP - In Store Retail Talks é a mais recente iniciativa da Jones Lang LaSalle com o intuito de gerar soluções para o retalho. Patrícia Araújo (PA), diretora de Retail Leasing e Consultoria na Jones Lang LaSalle, e Ana Penim (AP), administradora-delegada do INV - Instituto de Negociação e Vendas, explicam o conceito.
Como descreve a iniciativa POP UP - In Store Retail Talks e quais os objetivos? Dois eventos anuais são suficientes?
AP
- Enquanto entidades especialistas em retalho e dinamização comercial, seja por via do imobiliário, como é o caso da Jones Lang LaSalle, seja por via do desenvolvimento de competências de negociação e vendas, como é o caso do INV, acreditamos que hoje o segredo do sucesso está na partilha e na co-criação de novas possibilidades. Acreditamos que, num contexto de mercado altamente dinâmico e imprevisível, a antevisão do futuro passa por reunir massa crítica mobilizada, que gosta de estar fora da zona de conforto e que tem vontade de co-criar esse futuro. Inspirar, incentivar e inovar são três objetivos dos POP UP - In Store Retail Talks, uma iniciativa que assume o conceito moderno das lojas itinerantes, assente na prospeção e aproveitamento de novas oportunidades, que vai ter com o mercado em vez de ficar à espera dele. Um conceito que vive e se inspira no efémero que a modernidade nos impõe. Um conceito que tem flexibilidade para evoluir e se transformar sem complexos. O número de eventos por ano será definido à medida que os mesmos se forem revelando pertinentes e desejados. Partimos do mercado para a ação, como achamos que deve atuar o comércio competitivo, e não o contrário. Uma coisa sabemos: queremos dinamizar as POP UP - In Store Retail Talks, se possível em diferentes localidades do País.
PA - Pretendemos contribuir para que o mercado de retalho - lojistas e proprietários - se consiga ajustar aos tempos de hoje com sucesso. Estamos a viver fortes mudanças e há que saber encontrar as oportunidades, de forma a dar os passos certos. Lojas que proporcionem uma experiência interessante e ofereçam um produto adaptado à procura têm sempre o seu lugar e vão continuar a funcionar bem. O retalho precisa, mais do que nunca, de sair da sua zona de conforto e de surpreender.

Como está desenhada a organização da iniciativa?
AP
- Os eventos constarão de debates altamente e verdadeiramente interativos entre empresários, profissionais e especialistas em retalho e dinamização comercial, realizados em contexto físico de lojas em princípio desocupadas. A ideia é que cada evento tenha uma dinâmica diferente capaz de surpreender e de cativar os convidados. Sabemos que a capacidade de surpreender é fator crítico para a combater a rotina, cativar a atenção, criar um "mood" positivo estimulador da criatividade e da inovação que promove a diferenciação no mercado.

O que justifica o lançamento de uma marca? Significa que temos eventos para perdurar durante muitos anos?
AP
- Defendemos que tudo o que fazemos tem de assentar num conceito que lhe dá coerência e consistência. Uma marca é sempre uma promessa de valor e, neste caso, traduz um compromisso que queremos assumir com o mercado. A vocação da Jones Lang LaSalle e do INV é contribuir, de forma efetiva, para reforçar a competitividade do comércio, as competências e o prestígio dos seus profissionais. Há vários anos que tanto a Jones Lang LaSalle como o INV têm iniciativas com esta missão. São exemplo disso os estudos sobre retalho e tendências de consumo realizados pela Jones Lang LaSalle, como o "Retail 2020" e o "De Volta à Rua", ou a conferência anual "World Commercial Trends" e os "Masters da Negociação" promovidos pelo INV. Com estas iniciativas, não temos uma visão utilitária e financeira que várias entidades têm. Estamos a caminhar e a construir o caminho com os empresários. Significa, por isso, que teremos eventos para perdurar durante muitos anos, no formato que o mercado reconhecer como mais útil e estimulante. A criatividade e a inovação são hoje a verdadeira fonte da sustentabilidade dos negócios, não o ficar agarrado a figurinos que rapidamente passam de moda.

Poderá este tipo de encontros vir a ficar ligado a outras iniciativas em arte, literatura, responsabilidade social ou outras ideias?
AP
- Porque não? O comércio tem cada vez mais um conjunto de missões, e é, ele próprio, um conjunto de dimensões que se interligam e enriquecem. Experiência, entretenimento, aprendizagem, contemplação, intervenção social, urbanística, económica ou outras, são dimensões que fazem parte dessa amplitude que o comércio tem e as quais teremos o maior gosto de contemplar.

Este tipo de iniciativa é inédito em Portugal? Seguem alguma tendência europeia? Como surgiu a ideia?
AP
- É inédita em Portugal. Como somos especialistas em tendências de consumo, formatos e conceitos de negócio e viajamos por todo o mundo, participando e intervindo nos mais reputados fóruns de debate sobre retalho, como o World Retail Congress, o Mapic, a Euroshop, a Globalshop, entre outros, recebemos inúmeros inputs que nos inspiram para fazermos os mais diversos links entre eles. Por conhecermos muito bem o conceito de POP UP, e defendermos que o debate e a partilha são um caminho obrigatório, concluímos que estaríamos a transmitir uma ideia forte e simultaneamente inovadora ao mercado com a criação de conferências interativas itinerantes.
PA - Nos últimos anos, temos desenvolvido conferências e diversos tipos de encontros para o setor de retalho, mas não nestes moldes. Uma vez que as lojas Pop Up estão cada vez mais em voga e são uma forma de testar produtos e mercados, surgiu-nos a ideia de criar um evento dentro duma loja Pop Up, e não numa sala convencional, como é habitual, uma vez que, já por si, é mais inspirador e incentiva mais o debate de ideias.

Que tipo de participantes esperam ter nos eventos de POP UP?
AP
- Iremos convidar empresários, decisores, profissionais e especialistas diversificados com capacidade para aportarem massa crítica ao debate e que valorizem uma forma de estar no comércio positiva e proativa. Muitos deles fazem já parte da rede alargada de clientes e parceiros de negócios tanto da Jones Lang LaSalle como do INV.
PA - A ideia é juntar especialistas do setor em áreas diversas. Da nossa parte, iremos, sobretudo, convidar para o debate empreendedores e retalhistas já consagrados com os quais trabalhamos, que consigam aportar boas ideias e contribuir para a dinamização do comércio através das suas experiências e casos de sucesso.

Já testaram a eventual adesão a este tipo de iniciativa por parte de proprietários e ocupantes de espaços? Quais os resultados?
PA
- Como já referi, a Jones Lang LaSalle organiza desde há uns anos conferências de retalho com periodicidade anual e que sempre tiveram muito boa adesão, mas num formato diferente deste. Convidamos oradores de renome com temas atuais que atraem sempre uma boa audiência, mas optámos desta vez por um evento que consideramos inovador e diria que mais informal. Estamos convictos de que a adesão também será boa e que, de um modo mais interativo, iremos conseguir resultados muito interessantes.

A evolução do retalho em Portugal, com a queda continuada de consumo, pode ser contrariada com novas ofertas a nível de espaços ou com novos retalhistas, ou apenas se poderá inverter com a solução da crise no País?
PA
- Obviamente, não podemos esperar pelo fim da crise. Temos de atuar já e procurar oportunidades dentro da atual conjuntura. Isto passa por adaptar os conceitos das lojas e não insistir em manter formatos e produtos que não vendem. Há que acompanhar o que o cliente procura. É o caso do aparecimento de lojas que vendem "Bifanas de Vendas Novas". É um produto bom e barato que visa contrariar a tendência de levar o almoço de casa, o que está a levar a uma queda significativa nas vendas no setor da restauração. Temos visto também que, mesmo em ambiente de crise, há zonas de comércio que vão surgindo, como é o caso do Príncipe Real, em Lisboa, onde a oferta é cada vez maior e bastante inovadora. Acreditamos que isto vai acontecer noutras zonas da cidade. Temos ruas com um enorme potencial e que dão ótimos espaços de comércio ao ar livre, mas que, pela degradação dos edifícios e alguma inércia, tal ainda não aconteceu. Assistimos a uma tendência para a reabilitação da capital que deverá vir acompanhada de lojas novas. Os turistas, que são parte importante do nosso consumo, procuram estes espaços aprazíveis enquanto visitam Lisboa. As zonas prime, como a Av. da Liberdade e o Chiado, estão a ser um sucesso. Outras zonas vão ressurgir ou consolidar, como é o caso da baixa, agora com a abertura do Terreiro do Paço, ou a Rua Castilho e a Av. Duque d'Ávila.

Como evoluiu no semestre o segmento do retalho em Portugal e quais as perspetivas para o segundo semestre deste ano?
PA
- O comércio de rua em Lisboa evoluiu de forma muito positiva. Assistimos à consolidação de zonas de comércio como a Av. da Liberdade, que está com muito mais vida, inclusive à noite, onde as esplanadas estão sempre com muito movimento. O comércio de luxo que aí se encontra instalado está em crescimento, em grande parte baseado em vendas a turistas. Entre este e o próximo ano, várias lojas de luxo deverão abrir nesta artéria da capital. Por outro lado, surgiram também conceitos alternativos em zonas ainda não tão consolidadas mas com grande potencial, um pouco por toda a cidade. Quanto aos centros comerciais, os considerados prime têm conseguido manter uma boa performance, apesar de verificarem alguma quebra nas vendas. São os centros comerciais secundários que mais estão a sentir a crise. Algumas marcas não estão a conseguir dar a volta à quebra nas vendas e estão a fechar portas e, enquanto os centros prime têm procura para as substituir, os secundários têm mais dificuldade em fazê-lo. Não se prevê que haja alteração nas tendências para o segundo semestre. O conceito destes eventos surgiu precisamente para ajudar lojistas e proprietários a adaptar conceitos, a resolver problemas de espaços desocupados com boas ideias, a rejuvenescer e reposionar os seus negócios, a concentrarem-se no que é eficiente e ter a coragem de pôr tudo em causa e deixar para trás ou reformular o que está em declínio.

Fonte: OJE

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.