Os padrões habituais de conclusão de oferta especulativa não deverão voltar à Europa nos próximos cinco anos, de acordo com o mais recente estudo da Jones Lang LaSalle. Esta tendência irá provocar escassez de espaços de escritórios de boa qualidade em muitos dos principais mercados europeus e extremar a polarização de valores entre os diferentes níveis de qualidade do stock. Este não é apenas o caso para as principais localizações de escritórios como Londres e Paris, mas também para outras cidades-chave em toda a Europa, refere a consultora imobiliária. Por exemplo, Varsóvia e Lion deverão ver os níveis de disponibilidade cair abaixo dos 6% até 2016, com a oferta nas zonas prime CBD bastante mais baixa.
Contudo, a grande maioria de novos players com capitais próprios e fontes de financiamento - tais como as entidades asiáticas e norte-americanas - focar-se-ão no mesmo tipo de edifícios de escritórios prime nos mercados mais líquidos de Londres, Paris e algumas das principais cidades alemãs e de outros países nórdicos.
Maiores retornos fora dos mercados mais líquidos
Bill Page, diretor de research para a EMEA na Jones Lang LaSalle, afirma que "esta concorrência para os mesmos edifícios significa que os maiores retornos estarão, potencialmente, fora dos mercados mais líquidos. Os espaços secundários poderão também apresentar mais oportunidades para investidores e empreendedores com capitais próprios que tenham uma visão de longo prazo e estejam abertos a suportar os riscos económicos em toda a Europa".
Além disso, acrescenta o responsável, "os acordos de pré-arrendamento aumentarão como resposta ao custo do financiamento. Em muitos casos, demonstrar que já se tem um inquilino garantido poderá ser a única forma de os promotores tirarem os projetos do papel". Mas "o reverso da medalha é que o pré-arrendamento custará mais a inquilinos que estão a pagar para compensar o risco dos promotores".
Benoît du Passage, managing-diretor da Jones Lang LaSalle para a França e Europa do Sul, considera que, "no curto e médio prazo, os custos de base do financiamento manter-se-ão baixos e as margens continuarão elevadas. Contudo, as taxas de juro deverão inevitavelmente subir, impulsionadas pela compra de dívida pública pelas autoridades monetárias e por uma eventual recuperação da economia". Mas ressalva que "o setor dos escritórios pode apresentar um contexto mais sólido que o de outros setores, tendo em conta a atratividade dos contratos. Alguns promotores podem olhar para trás daqui a alguns anos e lamentar uma oportunidade perdida, se não agirem rapidamente".
No marcado português, mais especificamente em Lisboa, explica Mariana Seabra, diretora de Office Agency e Corporate Solutions da Jones Lang LaSalle Portugal, "as dificuldades de financiamento motivadas pela falta de liquidez dos bancos, aliada ao excesso de oferta existente em algumas zonas do mercado de escritórios, nomeadamente as Zonas 6, 5 e já a partir do final deste ano a Zona 1, fará com que a atividade de promoção fique a aguardar por melhores dias". Cada vez mais, "a promoção tende a deixar de ser especulativa e os promotores apenas avançam com novos projetos quando têm algum contrato de pré-arrendamento, como foi o caso da Zon no edifício Metropolis". Por outro lado, "quando sabemos que 61,74% da procura registada desde o início deste ano (70,73% ao longo de 2011) é dirigida a áreas até 300 m2, os promotores terão de adaptar os seus projetos a esta realidade e dar resposta aos níveis de exigência cada vez maiores das empresas em termos de qualidade técnica e de acabamentos", frisa Mariana Seabra.
Fonte: OJE
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