"A minha previsão para este ano é que seja entregue entre 6.500 a 7 mil imóveis", disse Luís Lima, adiantando que "vai ser mais ou menos a mesma média do ano passado".
Uma estabilização dos valores que o presidente da APEMIP atribui sobretudo às medidas de facilitação de pagamento das dívidas, entretanto, adoptadas pelos bancos.
Segundo Luís Lima, os números revelados no primeiro trimestre, que mostravam um aumento de 74% das dações de imóveis em pagamento das dívidas face ao mesmo período do ano anterior, serviu de alerta para o sector financeiro.
"Foi um aumento brutal" e a sua continuação "poderia levar a um número de casas [entregues aos bancos] completamente insustentável", referiu.
Face a esses valores do início do ano, o sector financeiro "passou a olhar para este fenómeno com outros olhos", admitiu Luís Lima, acrescentando que "também ajudou aquela decisão do tribunal de Portalegre [que determinou que a entrega da casa liquida na totalidade o empréstimo concedido] ".
A partir dessa altura, lembra o presidente da APEMIP, "começámos a ouvir os próprios presidentes dos bancos a dizer que estavam a negociar com os clientes, através de carência de juros ou alargamento de prazos, e isso notou-se no mercado".
Os dados do segundo trimestre, que mostraram uma descida dos números de entregas de casas, deixaram Luís Lima aliviado porque "já estavam dentro dos valores do ano passado", que o responsável ainda considera altos, "mas sem ser o descalabro do primeiro trimestre".
Os valores do terceiro trimestre revelam, para o presidente da APEMIP, o "carácter excepcional" da evolução do mercado no início do ano e mostram que o sector financeiro admite que a dação em pagamento de imóveis não é solução" nem para proprietários nem para empresas financeiras.
Por um lado, porque "três quartos dos portugueses são detentores de casa própria e isto leva a uma desvalorização forçada do património" e, por outro, porque "os bancos querem libertar-se destes activos com campanhas e medidas que levam a uma desvalorização forçada dos preços", explicou Luís Lima.
Por isso, o presidente da APEMIP elogiou as medidas dos bancos para controlar o fenómeno, mas alerta para a necessidade de fazer o mesmo em relação aos operadores imobiliários.
"Conseguimos perceber pelos dados que [o número de casas entregues aos bancos] pelas famílias baixou ligeiramente, mas há mais dações de imóveis da parte de promotores", disse.
"Deixo aqui um alerta: da mesma maneira que o sector financeiro arranjou uma solução para as famílias, tem de arranjar uma solução para as empresas porque senão praticamente todos os promotores em Portugal vão deixar de existir e os bancos ficam como únicos promotores", concluiu.
Fonte: CM
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