03 maio 2013

Reabilitação da Fábrica ASA eleito melhor projeto nacional para uso de serviços


No local onde antes se produziam têxteis, nasceu um novo centro de atividades empresariais e culturais. Falamos da Fábrica ASA, em Guimarães, eleita pelo júri do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana como o melhor projeto de reabilitação para uso de serviços em todo o país.

Localizada na Polveira, na zona sul de Guimarães e a poucos minutos do centro, ergue-se a antiga fábrica de lençóis ASA onde, após uma intervenção que durou, aproximadamente, dois anos, foi ali criado um novo centro empresarial e cultural. De iniciativa privada, este projeto foi inaugurado em março de 2012, a tempo da Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, o que possibilitou que ali fossem instaladas várias atividades culturais e expositivas no âmbito daquele evento.

O investimento, no valor de 4 milhões de euros e totalmente financiado por capitais próprios, foi realizado através do fundo de investimento Colinvest, da Lameirinho, que delegou à John Neild & Associados a gestão da promoção. 

Como conta o diretor geral da John Neild, Francisco Rocha Antunes, a ideia de reconverter a antiga unidade fabril “resultou de um desafio que nos foi lançado pelos seus proprietários para desenvolvermos um conceito de produto imobiliário que fosse adequado para aquele ativo que tinha estado no mercado para venda e que nunca recebeu propostas de compra minimamente atraentes”. E, depois de uma análise exaustiva da situação, a John Neild & Associados “avançou com a proposta de desenvolvimento de um centro de negócios de baixo custo, por ser o conceito que melhor se adequava quer ao mercado quer ao grau de risco de investimento que os proprietários estavam dispostos a correr”.

Segundo Francisco Rocha Antunes “a definição do nível máximo de investimento foi o maior desafio, num país em que todos os regulamente são feitos a pensar apenas em edifícios novos e a exigir que tudo seja arrancado e feito de novo, mesmo que esteja a funcionar. O caso das instalações elétricas é o mais gritante, mas não é o único. Tivemos que substituir um elevador monta-cargas que considerávamos muito interessante porque a Fábrica ASA não é um investimento da Guimarães 012 – Capital Europeia da Cultura, que foi um importante inquilino, mas apenas isso”.

Estrategicamente, a opção passou por fazer uma intervenção mínima, que recuperou o edifício existente dotando-o das infraestruturas e compartimentações que permitem a sua utilização por múltiplos empreendedores e criadores. 

Os arquitetos Pedro Balonas e Cláudia Ferreira, da Balonas e Menano, assinaram o projeto, que foi construído pela Combitur. E o resultado está à vista, com a criação de “um espaço multifuncional que permite alojar comércio e serviços em doze setores independentes que partilham espaços e infraestruturas comuns, como portaria e segurança permanentes, rede de água quente e fria produzidas centralmente para aquecimento e arrefecimento de ar, redes de telecomunicações, estacionamento subterrâneo e de superfície”, explica Rocha Antunes.

No total são 24.000 m², divididos em doze setores “unidos por uma infraestrutura comum que permite que cada um desses espaços sejam ocupados por todos os tipos de utilizadores desde que não sejam poluentes, incluindo neste caso a poluição sonora, a um preço muito competitivo e beneficiando de forma clara das economias de escala que só costumam acontecer nos grandes projetos monofuncionais como os centros comerciais ou os centros de escritórios”.

Preços “low-cost” atraem ocupantes 

Contribuindo para a dinamização do tecido económico vimaranense, a nova Fábrica ASA “é um espaço flexível e não convencional que permite que todos os ocupantes que não se revejam nos preços e nas fórmulas de ocupação de espaços que foram até agora oferecidas encontrem um local que tem custos e infraestruturas comuns por preços muito competitivos”, diz aquele responsável. 

Com a comercialização sob a responsabilidade da Verticus, “os valores de referência para ocupações correntes são inferiores a 5 €/m² por mês”. Alguns dos setores já estão divididos em espaços mais pequenos, mas a maioria dos setores está em bruto com as infraestruturas à porta técnica”.

A inauguração da Fábrica ASA coincidiu com o evento Guimarães Capital da Cultura 2012 o que viria a beneficiar o projeto “ao acolher vários espaços que marcaram esse evento”, lembra o diretor-geral da John Neild & Associados. Assim, no ano passado foram ali realizadas seis “seis grandes exposições em dois dos setores maiores, com a criação de uma black-box, um espaço muito interessante de ensaio e apresentação de projetos de teatro e de dança contemporâneos, um espaço multidisciplinar de criação cultural, um laboratório de curadoria na nave central e vários concertos e espaços com intervenção artística mais ou menos efémera”.

Paralelamente, “outros inquilinos foram-se instalando, desde uma escola de música para jovens, duas lojas de criação de moda, uma loja de artigos têxteis lar, vários escritórios de profissionais liberais e de pequenas empresas e até uma pista de slot-cars de um grupo de amigos de Guimarães”. E, feitas as contas, “a taxa de ocupação atual permite equilibrar a operação e estamos convencidos que com um melhor conhecimento das enormes vantagens competitivas dos espaços propostos que a taxa de ocupação vai crescer”, acredita o Francisco Rocha Antunes.

Fonte: Público

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.