Portugal vai ser o quinto país europeu a receber, em outubro, uma nova loja Michael Kors, depois de Espanha, França, Itália e Alemanha. Ficará no número 108 da Avenida da Liberdade, em Lisboa. Michael Kors é o estilista conhecido do grande público pela sua participação no reality show de moda Projet Runaway. Junta-se à Cartier, Gucci, Prada e Louis Vuitton, marcas de luxo que nos últimos anos se têm vindo a instalar nesta artéria da capital.
A nível mundial, a venda de produtos de luxo parece estar imune às oscilações das economias. A LMVH, a dona da Louis Vuitton, considerada a marca de luxo número um, viu subir 6% as receitas no primeiro semestre, para 13,7 mil milhões de euros. Obteve lucros de 2,7 mil milhões (mais 2%). Uma tendência que deverá manter-se nos próximos tempos.
Este ano, as receitas globais do sector de luxo deverão aumentar entre 4 a 5% e, até 2015, manter ritmos de crescimento anuais que oscilam entre 5 a 6%, segundo o último relatório da Bain & Company, intitulado Luxury Goods Worldwide Market Study.
Todos os segmentos e mercados apresentam crescimentos. Até mesmo a Europa, apesar da crise na Irlanda, Espanha ou Grécia, deverá registar este ano um crescimento de 4%, de acordo com as previsões da Fondazione Altagamma, estudo de referência da indústria de luxo.
E Portugal, a avaliar pelo ritmo de abertura de novas lojas, deverá dar o seu contributo para este crescimento. A crise não afasta as marcas de topo.
“Tem havido uma abertura sustentada nos últimos dois anos de marcas de luxo em Portugal e, com a recuperação dos edifícios, é natural que mais marcas se venham a instalar”, afirma Patrícia Araújo, diretora de retalho da Jones Lang LaSalle, imobiliária responsável pela colocação da Stivalli e da Gant na avenida da Liberdade. “Este tipo de comércio é muito procurado por turistas e Lisboa, por seu turno, é cada vez mais procurada por turistas com poder de compra”, continua.
Um ponto de vista partilhado por Carlos Récio, diretor de retalho da CBRE. “Existem marcas que nos transmitem que uma parte muito significativa do seu negócio é realizada com clientes estrangeiros, nomeadamente com originários de Angola, Brasil, Europa do Leste e Ásia”, relata. “Este fenómeno pode decorrer pela falta de oferta nos países de origem, mas igualmente pelo preço inferior aos praticados nesses países. O número de turistas em Lisboa tem aumentado nos últimos anos, o que tem ajudado à consolidação do mercado existente”, sintetiza.
A situação económica do País também pode funcionar como um fator de atração. “Poderá levar alguns operadores a pensar que este será um bom momento para efetuar investimentos, já que em teoria se conseguirá concretizar negócios em condições mais favoráveis”, diz o diretor de retalho da CBRE, promotora que colocou as marcas Prada, MiuMiu e MaxMara, entre outras, em Lisboa.
Poder de atracão da avenida
Na hora de escolher, as marcas de luxo têm optado pela avenida da Liberdade. Sandra Campos, diretora de retalho da Cushman & Wakefield - responsável pela colocação da Michael Kors e pela Cartier (com a promotora francesa Largetoile) -, explica porquê. A “notoriedade” e o “prestígio” da localização funcionam como elemento de atração, mas não só. “O conjunto de retalhistas do sector de luxo já aqui instalados, o glamour próprio da avenida, vários dos principais hotéis aqui estarem presentes, tudo contribui para criar o destino Avenida”, sintetiza a responsável da Cushman.
Rendas prime abaixo dos valores praticados em outras capitais europeias também contribuem. Em Portugal, as rendas prime podem atingir 100 euros/m2 por mês ou 1200 euro/m2 por ano. “Madrid regista sensivelmente o dobro, Paris pode atingir valores oito a nove vezes superiores e Londres pode mesmo chegar a atingir valores 12 vezes superiores”, refere, a título de exemplo, Carlos Récio. Valores que colocam Lisboa como a 45.ª localização mais cara do mundo no ano passado, segundo a publicação Main Streets Across the World, da Cushman & Wakefield.
E tudo indica que as marcas irão continuar a convergir para esta localização. “Ainda vão abrir mais lojas de marca até ao final do ano”, assegura Patrícia Araújo, da Jones Lang LaSalle. E o mesmo dizem os responsáveis de retalho da CBRE e da Cushman & Wakefield. Quais as marcas é que não revelam. Mas Carlos Récio deixa um alerta. “Começamos a assistir à escassez de bons imóveis que permitam a entrada de novos operadores, o que num futuro próximo poderá constituir um obstáculo à dinâmica registada nos últimos anos”, diz o responsável da CBRE.
Fonte: Dinheiro Vivo
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