28 agosto 2013

Preço das casas nas zonas históricas de Lisboa dispara 10%


zona histórica de Lisboa, avaliação bancária, arrendamento de casas
Valor médio da avaliação realizada pelos bancos aumentou pelo terceiro mês consecutivo na capital. Evolução impediu a queda nos preços em Portugal Continental em Julho.
Os preços das casas nas zonas históricas da capital estão a disparar. No espaço de apenas um ano a avaliação feita pelos bancos aumentou mais de 10%, evolução que está a contribuir para a alta dos valores na Área Metropolitana. Em Julho, e pelo terceiro mês consecutivo, a avaliação dos imóveis na Grande Lisboa subiu, um comportamento que permitiu uma estabilização nos valores registados a nível nacional face ao mês anterior que apesar de estarem a recuperar estão abaixo dos registados no final de 2012. 

Bairro Alto, Chiado e Castelo de São Jorge são algumas das zonas históricas que tem vindo a ser valorizadas pelas instituições financeiras. De acordo com os dados do INE, em Julho, face ao período homólogo, o valor do metro quadrado das habitações nestas zonas valorizou-se em 10,8%. Comparativamente ao mês anterior, de Junho, cresceu 2,4% (só as zonas da Lapa, Amoreiras e Campo de Ourique registou um crescimento superior de 2,9%), para 1.810 euros o metro quadrado. É a terceira zona mais cara de Lisboa 

"As zonas históricas de Lisboa estão a beneficiar de uma tendência muito particular (que se acentuou nos últimos dois anos) e que tem a ver com a entrada no mercado de muitos investidores que compram imóveis nas zonas históricas de Lisboa para os remodelarem e colocarem no arrendamento de curta duração dirigido a turistas que visitam a nossa capital", explica Miguel Poisson. "Lisboa é um destino muito procurado por estrangeiros e esta oportunidade está a ser bem aproveitada por muitos investidores", refere o director-geral da ERA Portugal.

A evolução da avaliação bancária da zona histórica da capital contrabalançou com a descida de 3,6% dos imóveis nas Avenida Novas (zona em redor do Saldanha), fazendo com que os preços na cidade tivessem estabilizado comparando a Junho, nos 1768 euros o metro quadrado. Considerando os concelhos limítrofes da área metropolitana, verificou-se um aumento de 1,75%, pelo terceiro mês consecutivo, para 1.218 euros. 

Margem Sul recupera 

Moita, Sesimbra e Alcochete foram os municípios onde se registaram as maiores valorizações dos imóveis, na perspectiva dos bancos. Segundo o INE, os preços avançaram 6,9%, 4,4% e 3,6%, respectivamente, em cadeia. Uma evolução explicada pelo "facto de se poderem comprar nestas zonas imóveis a um preço muito interessante que, quando colocados no mercado de arrendamento, proporcionam retornos muito interessantes (entre 5 e 10% ao ano) e bem superiores às taxas oferecidas pelos depósitos", diz Miguel Poisson.

Loures foi outro dos concelhos onde se registou uma variação elevada no valor das avaliações em Julho (2,1%), acumulando uma subida de 3% face ao período homólogo, contra os 2,9% de Moita. Só Sesimbra apresentou um saldo mais positivo: 6,2%. Todos os outros municípios apresentaram evoluções negativas. Na Área Metropolitana do Porto, o cenário é semelhante com apenas três municípios (Oliveira de Azeméis. Santa Maria da Feira e Valongo) a valorizarem em termos homólogos. Espinho cai 17,2%.

Capital segura preços no País 

Ainda que tenha sido na Madeira que se verificou o maior aumento mensal, foi a valorização das avaliações feitas pelos bancos aos imóveis da capitai que permitiu que os preços no Pais tivessem estabilizado em Julho face ao mês anterior (nos 1.014 euros). Na comparação anual registou-se uma quebra de 1,84%, bastante menos expressiva do que a verificada em Junho: 2,4%. Mas os preços continuam 13,9% abaixo do pico de Maio de 2010. "É prematuro prever uma tendência de estabilização do mercado. Contudo, começam a aparecer alguns indicadores que permitem um optimismo prudente a médio prazo", diz Ricardo Sousa. "Os valores já estão no ponto de inflexão ou a aproximarem-se desse ponto", remata o CEO da Century 21 Ibéria.

A melhoria nas avaliações realizadas pelos bancos às casas vem dar um sinal positivo ao mercado imobiliário, deixando antever uma menor restritividade do sector pelo financiamento de imóveis. A subida das avaliações, numa altura em que o rácio entre o valor financiado e a avaliação é baixo. toma mais fácil obter crédito. E reduz o risco percepcionado sobre os clientes, permitindo aos portugueses terem acesso a "spreads" menos gravosos. As margens mínimas rondam os 2,5%. 

Entrevista a Miguel Poisson

Os valores de avaliação bancária estabilizaram em Julho, mas têm vindo a subir. Os preços já bateram no fundo? 
Ainda é muito cedo para tirar conclusões. Existe ainda no mercado um excesso de oferta de imóveis para venda face à procura existente. Existem alguns indícios de que poderemos ter batido no fundo em termos de baixa de preço do imobiliário, o que faz com que este seja o momento ideal para investir na compra de imóveis. 

A Área Metropolitana de Lisboa regista uma tendência positiva nos últimos me-ses e contraria a queda de outras regiões. Porquê? 
Lisboa sempre atraiu investidores (particulares e institucionais) que vêem nesta região um bom potencial de valorização a médio prazo. Nesta região, existe uma grande procura de arrendamento, o que faz com que a procura de imóveis para compra nesta zona seja maior. Esta razão poderá explicar parcialmente a tendência positiva nos preços. 

Sesimbra, Alcochete e Moita estão entre as zonas que mais valorizam na Grande Lisboa. O que está na base desta subida da avaliação na Margem Sul?
Uma das razões para explicar esta tendência poderá ser o facto de se poderem comprar nestas zonas imóveis a um preço muito interessante que, quando colocados no mercado de arrendamento, proporcionam retornos muito interessantes (entre 5 e 10% ao ano) e bem superiores às taxas oferecidas pelos tradicionais depósitos a prazo (que não vão além dos 2%). Os investidores estão a tirar partido destas oportunidades. 

Há potencial para subida dos preços? 
Acredito que muitas zonas do Pais têm um bom potencial de valorização a médio prazo. Quanto maior for a procura, relativamente à oferta existente, maior será o potencial de valorização. A entrada de muitos investidores no mercado é a prova de que existe confiança e potencial de rentabilidade neste sector.

Fonte: Negócios

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