27 novembro 2013

Serviços partilhados são nova aposta no setor dos escritórios


A área dos serviços partilhados está a surgir em Portugal como uma boa alternativa no mercado de escritórios, numa altura em que o volume de absorção de espaços nunca esteve tão baixo desde que é medido.
Não é, no entanto, ainda uma área bem desenvolvida no país, razões pelas quais a Ernst & Young e o Negócios organizaram recentemente a conferência “Serviços Partilhados do Futuro”, que teve lugar no Porto.

Uma das principais ideias chave do encontro, é que Portugal é um país com muito potencial nesta área, embora faltem acções de marketing para dar a conhecer o conceito, em Portugal e também lá fora.

Apesar disso, e da actual conjuntura económica, muitas empresas já começaram a autonomizar certas divisões, que funcionam como um fornecedor dentro da própria sociedade. Entre elas, podem-se destacar a Mota-Engil, a Solvay Business Services, ou a Sonae Indústria.

Nesta conferência, salientou-se o facto de que esta centralização de serviços é ainda olhada com alguma desconfiança por parte das empresas, que desaparece quando são mostrados os resultados dos investimentos.

Tiago Cruz, director geral da Mota Engil Serviços Partilhados, explica que «no início tivemos que nos impor, mostrar o retorno do investimento». O responsável explica que se foi «tirando partido da centralização de equipas orientadas para o processo, o que permite economias de escala e maior produtividade».

Salienta, ainda, que «é preciso que exista um equilíbrio entre a autonomia e a centralização do processo, e capacidade para abordar empresas e geografias numa abordagem colaborativa».

A HB Fuller é outro exemplo de uma empresa que já aposta nos serviços partilhados, tendo já transferido várias actividades para Portugal. O objectivo da empresa, agora, é «competir com a América Latina. Neste momento, o nosso desafio é global», explicou Rosário Arnaud, durante a conferência.

Apesar de boa alternativa, Portugal ainda não é suficientemente conhecido. Christian Martin, partner da Ernst & Young, afirmou ao Negócios que, para aumentar a notoriedade do país, deve começar-se «pelas consultoras, porque são elas que recomendam às empresas o que fazer e onde. Se não conhecermos a localização, ela não aparece». Para ele, o destino deverá ainda ser promovido nas conferências no estrangeiro, como no Reino Unido e na Alemanha.

De acordo com os responsáveis pelos organismos públicos presentes no evento, trazer a Portugal os futuros investidores é um passo importante. Luís Reis, responsável pela AICEP, comenta que«quando os conseguirmos trazer cá, depois é mais fácil».

A atractividade do país passa «pelo estilo de vida», de acordo com o mesmo responsável, e pelos preços que cá se praticam, que são mais competitivos «do que em Marrocos, Roménia ou Polónia», afirmou Paulo Fernandes, presidente da Câmara do Fundão, a respeito da autarquia.

Assim, os serviços partilhados constituem uma boa alternativa na criação de emprego, e são ainda uma boa opção para o imobiliário.

É de salientar que, neste momento, o mercado de escritórios português atravessa uma das mais difíceis fases de sempre do sector, sendo que nos últimos meses se têm registado os valores de absorção mais baixos desde que este é medido. Só em Outubro, a actividade no mercado de escritórios registou uma quebra homóloga de 78% face ao ano anterior, de acordo com dados recentemente revelados pela Aguirre Newman. No acumulado dos primeiros dez meses de 2013, a área contratada de escritórios em Lisboa foi de 48.273m², 38% abaixo dos 78.057m² registados entre Janeiro e Outubro de 2012.

André Almada, director Sénior de Agência de Escritórios, Comércio, Industrial e Logística da CBRE, comenta o relatório da consultora Snapshot de Escritórios, afirmando que «estamos de facto a atravessar um dos piores anos do mercado de arrendamento de escritórios em Lisboa sendo muito provável que o total da absorção em 2013 fique próximo do registado em 2011 (88.000 m2), ano em que se verificou o nível de absorção mais baixo desde que é feito este apuramento de informação».

É neste contexto que os serviços partilhados surgem como alternativa. É um mercado que permite que os espaços sejam rentabilizados de uma maneira diferente, nomeadamente por empresas internacionais. A promoção de Portugal como destino deste sector é fundamental para que se desenvolva e, consequentemente, contribua para a melhoria dos resultados do mercado de escritórios.

Fonte: Público

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