25 janeiro 2014

Casas na Margem Sul vendidas em três meses


Habitação no Seixal e em Almada, por exemplo, vendem-se mais rapidamente que a norte do Tejo. Baixos preços e taxas elevadas de rentabilidade no arrendamento justificam procura.
A sul, na Margem Sul, há bons negócios imobiliários a concretizarem-se todos os dias. As taxas de rentabilidade conseguidas no mercado de arrendamento facilmente chegam aos 10% e excedem as dos imóveis comprados para arrendar no centro de Lisboa ou nas melhores zonas de Oeiras ou Cascais, onde a média dificilmente vai além dos 6%, dizem os especialistas imobiliários contactados pelo Expresso. 

Daí a dinâmica que o Sistema de Informação Residencial para a Área Metropolitana de Lisboa (elaborado pela Confidencial Imobiliário) apurou e onde dá conta que o tempo médio de venda de casas na Margem Sul é de seis meses, menos três do que o registado nos diversos concelhos da Margem Norte (onde se excluem Lisboa, Cascais e Oeiras). 

Miguel Poisson, diretor-geral da Era Portugal, confirma a tendência. "Temos muitos pequenos e médios investidores que preferem comprar um ou mais apartamentos na Margem Sul do que comprar apenas um só na zona de Lisboa. Na Margem Sul, a rentabilidade pode chegar aos 10%, enquanto na outra margem ronda os 6%. Por isso muitos preferem comprar, por exemplo, dois apartamentos de €60.000 na Margem Sul a apenas um na Margem Norte". Se a comparação for feita com os produtos financeiros, perde-se ainda mais. "A rentabilidade dos produtos financeiros atualmente não vai além dos 2% a 2,5%, daí o interesse dos pequenos investidores no imobiliário", reforça Miguel Poisson. 

Luís Gomes, responsável pela Remax Easy, no Seixal, vendeu nesta zona apartamentos Ti e T2 a necessitar de obras, por €30.000, que posteriormente foram arrendados por €350. "No universo das cerca de 300 casas que vendemos em 2013 em Almada e no Seixal, diria que 60 a 70% de quem comprou tinha o dinheiro na mão. A grande maioria são pequenos investidores que compram para arrendar logo de seguida", diz o responsável da Remax, referindo que são compradores "sem grande cultura financeira" mas que preferem levantar as suas poupanças do banco e aplicar em imobiliário. Nestes dois concelhos, o custo atual do metro quadrado para habitação situa-se atualmente nos €800, segundo Luis Gomes.

Imóveis dos particulares mais baratos que os da banca 

Na Century 21, os pequenos investidores estão também presentes em número significativo, mas é quem precisa de casa para primeira habitação que domina a compra de imóveis nesta rede imobiliária.

"Pessoas que compram casa porque se casaram, porque se divorciaram, porque a família cresceu ou diminuiu, porque se perdeu o emprego e se precisa de uma casa mais barata. É a necessidade que continua a dominar a razão da compra, onde pesam também as razões culturais", aponta Ricardo Sousa, diretor-geral da Century 21. "Por mais surpreendente que possa parecer, mesmo em zonas como a Margem Sul onde a situação socioeconómica é dura, as pessoas continuam a querer comprar e não a arrendar. Daí os imóveis da banca continuarem a ter muita expressão porque é através dos bancos que estas pessoas conseguem o financiamento que tanto precisam". 

Mas são os imóveis dos particulares que oferecem atualmente os melhores preços e os tempos de absorção mais rápidos, afiança ainda Ricardo Sousa. "Temos tempos médios de venda de particulares na ordem dos 90 a 120 dias. Isto porque os particulares têm urgência na venda, apresentam opções mais competitivas e o processo de decisão é muito rápido". Já a banca, acrescenta, "por se encontrar intervencionada e subordinada aos valores de balanço, está atualmente muito limitada em relação ao preço e não oferece valores de saída agressivos".

Luís Gomes, da Remax Easy, corrobora e exemplifica. "Apartamentos em Almada ou no Seixal - T2 ou T3, a precisar de obras e vendidos pela banca - variam neste momento entre os €50 000 e os €80.000. Se a venda for de um particular, os valores para as mesmas tipologias situam-se entre os €30 mil e os €40 mil".

Com recurso a financiamento bancário ou com capitais próprios, certo é que "esta é a melhor altura dos últimos 15 anos para comprar imóveis até porque os preços deixaram de cair ao ritmo dos últimos dois anos e tendem para a estabilização", diz Miguel Poisson, da Era Portugal. Uma oportunidade que muitos seguem atentamente.

O tempo médio de venda de um apartamento na Margem Sul pode variar entre os três e os seis meses. Na Margem Norte esse período ronda, em média, os nove meses.

Fonte: Expresso

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