A atividade de investimento imobiliário no setor comercial confirmou em 2014 de forma definitiva a inversão da tendência negativa que se verificava no mercado desde 2008. O aumento da procura, generalizado a todo o tipo de investidores e transversal a todos os setores, refletiu-se num aumento dos volumes transacionados e consequente compressão das yields, revela a consultora Cushman & Wakefield, no seu recente Marketbeat da primavera.
A melhoria consistente na economia, traduzida por subidas no consumo e correções no desemprego acima do esperado, a menor volatilidade no mercado de dívida pública, e a saída limpa de Portugal do programa de ajustamento da troika, foram importantes contributos para a evolução positiva do mercado. Adicionalmente, a recuperação dos mercados financeiros permitiu uma maior disponibilidade e melhores condições para financiamento no mercado imobiliário.
Em 2014 o volume de investimento em ativos de imobiliário comercial em Portugal ascendeu a 704 milhões de euros, representando mais do dobro do transacionado em 2013. Estes volumes excedem igualmente a média anual do volume de investimento nos últimos dez anos, próxima dos 600 milhões de euros. Os investidores estrangeiros tiveram um papel preponderante nesta recuperação de atividade, representando 86% do capital investido e 76% do número de negócios. Os capitais americanos foram os mais significativos, canalizando para o imobiliário comercial nacional 350 milhões de euros e atingindo desta forma um máximo histórico para o investimento norte-americano no país.
O volume médio por negócio de investimento comercial confirmou o maior dinamismo no mercado, situando-se perto dos 21 milhões de euros, consideravelmente acima da média dos últimos dez anos, de cerca de 14 milhões de euros.
O maior negócio do ano foi a aquisição pelos investidores americanos Blackstone à ESAF de um portfólio de ativos de logística e retalho, num total superior a 200 milhões de euros, constituindo desta forma o maior negócio dos últimos oito anos em Portugal. O setor de retalho, após alguns anos de menor atratividade junto dos investidores, retomou a primazia em termos de volume de capital investido, 56% do total. Neste setor destaque adicional para a venda do Freeport Outlet Alcochete, o ativo principal de um portfólio europeu de três outlets, pela Carlyle à joint venture VIA Outlets; e a aquisição de 50% do Alegro Alfragide.
A evolução das yields prime de referência acompanhou a tendência de recuperação do mercado, tendo registado quebras trimestrais sucessivas, as quais em termos agregados anuais variaram entre 75 e 175 pontos base. No final de 2014, o indicador situava-se nos 6,25% para escritórios, 6,00% para comércio de rua, 6,50% para centros comerciais e 8% para industrial.
A grande atratividade do imobiliário comercial português, motiva-da pela atual relação entre qualidade e preço, em conjunto com a ainda grande disponibilidade de capitais alocados ao investimento imobiliário, irá ser um importante contributo para aumentar a atividade do mercado em 2015.
Fonte: OJE
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