
A Fitch prevê uma estabilização das taxas de incumprimento no financiamento para a compra de casa durante este ano. Diminuição só virá no próximo ano. E não será mais rápida devido aos “demorados processos judiciais”. O incumprimento no crédito à habitação tem sido uma realidade no mercado português. Deverá, de acordo com a Fitch, estabilizar este ano, face ao anterior.
O recuo na taxa do malparado só deverá acontecer, contudo, em 2016, de acordo com as previsões da agência de notação financeira. Uma descida suportada na melhoria dos indicadores macroeconómicos, mas essencialmente na quebra da taxa de desemprego em Portugal.
"Na nossa perspectiva, os créditos malparados vão estabilizar em 2015 antes de começarem a recuar em 2016", refere o Mortgage Market Index para Portugal, publicado pela Fitch. "As melhorias recentes nas condições macroeconómicas, particularmente a baixa do desemprego, resultaram numa quebra do volume de novas entradas em incumprimento", acrescenta. A Fitch espera, por isso, uma estabilização do malparado.
Os indicadores de incumprimento na habitação irão, contudo, "evoluir devagar devido aos baixos níveis de recuperação de crédito registados no mercado português", sublinha a Fitch. As execuções das garantias associadas aos empréstimos "têm sido lentas a materializar-se entre todos os bancos, geralmente devido à lentidão dos processos em tribunal", destaca a agência de notação financeira.
A Fitch nota que Portugal avançou com o Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI), que visa facilitar a negociação, entre o devedor e a instituição de crédito, fora da via judicial. Mas "a lei vem apenas elencar práticas que já eram utilizadas pelas instituições financeiras portuguesas, pelo que a Fitch não espera que o tempo associado às recuperações de crédito malparado seja afectado".
Pouco crédito
Ao mesmo tempo que o incumprimento estabiliza, e deverá depois recuar, a concessão de novo crédito para a compra de casa poderá acelerar, mas pouco. "Deverá manter-se fraca", com "algum potencial para recuperação posteriormente", diz a Fitch. Isto porque "as margens exigidas pelos bancos nos empréstimos para a casa mantêm-se relativamente elevadas e a confiança dos consumidores é baixa", nota. A agência de notação financeira destaca que "não espera que os ‘spreads’ desçam significativamente durante este ano, já que o processo de desalavancagem da banca continua". Recentemente, a CGD cortou a taxa mínima exigida para 1,75%, estando a média em pouco mais de 2,6%.
Casas com desconto de 40%
A execução de garantias por parte dos bancos nos empréstimos à habitação tem resultado na entrega da casa pelas famílias. O valor dos imóveis aquando da integração no balanço dos bancos é, regra geral, inferior ao praticado no mercado. E aquando da venda, os bancos aplicam também descontos elevados face à avaliação média dos imóveis.
Segundo a Fitch, em 2012 o desconto aplicado foi, em média, de 45% do valor do imóvel. "Extrapolando os dados referentes às recentes transacções realizadas pelos bancos, o desconto a aplicar nestes imóveis será de cerca de 40% ao longo de 2015", diz a Fitch. É um desconto elevado, mas menor do que no passado "fruto da maior liquidez" no mercado, que tem permitido uma estabilização dos preços das casas. Não há sinais de que os preços possam subir, mas "não é de esperar significativas quedas. O preço das casas em Portugal é um dos mais baratos da Europa", nota a agência norte-americana.
Fonte: Negócios
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