11 maio 2015

Lisboa com 4.000 apartamentos turísticos


Existem na cidade de Lisboa cerca de 4000 apartamentos turísticos, um crescimento que resultou de uma série de fatores onde se cruzam, entre outros, o aumento do turismo, a necessidade de suprir a falta hoteleira que existia no centro histórico da capital e a recente Lei do Arrendamento que agilizou a entrada neste mercado de vários edifícios para reabilitar.


A 1ª edição do estudo “Lisbon’s Tourist Apartments — A growing market”, da consultora JLL a que o Expresso teve acesso, mostra que destas 4000 casas existem 400 que se enquadram na categoria dos chamados ‘serviced apartments’, direcionados para os executivos do mercado empresarial (mas não só) e 3500 apartamentos — classificados como ‘alojamento local’ — que são procurados por turistas de todas as nacionalidades e também de todas classes económicas. No documento, a consultora refere ainda que a Avenida da Liberdade e o centro histórico, sobretudo as zonas do Chiado, Baixa ou Castelo, são os locais preferidos para o seu desenvolvimento.

“Os turistas procuram cada vez mais a autenticidade, algo que não é oferecido pela hotelaria standard. Nos apartamentos turísticos, as pessoas despem a pele de turista e sentem-se quase a viver na cidade como um local. E isso é transversal a todos os turistas. Por essa razão, a oferta tem-se adequado à procura. E, neste momento, a oferta de casas vai até às casas premium, onde se incluem por exemplo operadores como as Casas da Baixa — Jules & Madeleine, os Heritage Apartments ou o edifício Mercador”, diz Maria Empis, diretora do Departamento de Research (Pesquisa e Análise) da JLL Portugal.

Se, no início, o mercado era marcadamente informal, assegurado por particulares e alimentado por plataformas cada vez mais populares como o Airbnb ou o Homelidays, agora é crescente o número de operadores que trabalha de forma profissionalizada, com edifícios feitos à medida e tendo a seu cargo a gestão de largas dezenas de apartamentos. Alguns chegam a ter 150 apartamentos. Como exemplos, o estudo cita, entre outros, o Lisbon Best Apartments, a Habitat Vitae (Five Stars), o Lisbon Downtown Lovers ou o Feels Like Home.

Atentos, nesta escala maior, estão promotores/operadores nacionais mas também estrangeiros — vistos gold e não só. Neste mercado, há atualmente investidores chineses, brasileiros e americanos a comprar edifícios devolutos no centro da cidade para os transformar em apartamentos turísticos.

Castelo com os preços 
mais baixos

“Com Lisboa cada vez mais na moda e com o fluxo de turistas a crescer, mais se constatava que no centro histórico, zona onde os turistas queriam estar, poucos hotéis existiam, abrindo espaço a este tipo de exploração turística”, realça Maria Empis. E nem a recente legislação aprovada em novembro de 2014 demoveu os particulares que exploravam casas neste mercado. “O número de camas registadas quadruplicou de novembro de 2014 até março último porque a oferta foi obrigada a legalizar-se.” Das pouco mais de 3000 que existiam declaradas no ano passado passou-se para cerca de 11.500.

Em termos de valores dos apartamentos turísticos em regime de alojamento local, a JLL conclui que o Chiado, seguido do Bairro Alto e da Baixa, são as zonas com os preços mais elevados. Enquanto o Chiado tem a maior oferta de apartamentos premium, com uma diária média por pessoa de €39, é no Castelo que mais se concentra a oferta em categorias inferiores, com uma diária média de €26 por pessoa. Nos “serviced apartments”, que oferecem os serviços típicos de um hotel, a diária média ronda os €40 por pessoa.

A tendência para este mercado, conclui Maria Empis, é para a profissionalização. “Muitos particulares já começam a aproveitar as economias de escala oferecidas pelos grandes operadores e preferem pagar 30 a 35% pela gestão operacional do seu apartamento, serviço que inclui a limpeza ou o acolhimento dos hóspedes. Será uma tendência a consolidar-se. E a profissionalização do mercado.”

Fonte: Expresso

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