24 março 2016

O que está a levar à aposta no imobiliário?


O imobiliário voltou ao radar dos investidores. Com a maior disponibilidade dos bancos para concederem crédito, muitos aforradores têm avançado para a compra de imóveis. Uma opção que garante boas rentabilidades num contexto de taxas zero.


1. Alternativas de investimento cada vez menos rentáveis
Os depósitos a prazo são o produto de poupança por excelência dos portugueses. Contudo, nos últimos anos, têm perdido a atractividade, ao remunerarem cada vez menos. Com as taxas de mercado, as Euribor, a fixarem mínimos históricos sucessivos e em valores negativos, os depósitos rendem menos de 1%. A taxa média oferecida pelos bancos nas novas aplicações caiu, em Novembro, para 0,6%, o valor mais baixo de sempre. Um retorno que compara negativamente com a inflação prevista para este ano, de 1,1% segundo a Comissão Europeia. O retorno líquido é de apenas 0,43%, ou seja, de menos de metade do aumento do custo de vida. Perante a menor remuneração dos depósitos, os aforradores têm olhado para o imobiliário como uma alternativa de investimento, numa altura em que as perspectivas para o mercado são mais favoráveis, sobretudo no que diz respeito à recuperação dos preços em várias zonas.

2. Aversão ao investimento em activos de risco
Num ambiente de taxas de juro próximas de zero, conseguir retorno é cada vez mais um desafio. Os activos de risco são aqueles que tipicamente podem garantir uma maior rentabilidade. Contudo, os aforradores portugueses são tradicionalmente conservadores e avessos ao risco. Uma característica evidenciada em contextos como o actual em que a generalidade dos activos enfrenta perdas nos mercados financeiros. Neste sentido, o investimento em imobiliário perfila-se como uma aposta mais arriscada do que a compra de acções, por exemplo. Além disso, mesmo os depósitos a prazo estão, actualmente, menos protegidos. Isto depois de, a 1 de Janeiro de 2016, ter entrado em vigor a directiva que determina que, além dos accionistas e detentores de dívida subordinada, também os depositantes com poupanças acima de 100 mil euros e a dívida sénior podem ser chamados a contribuir para a recapitalização do banco.

3. Maior disponibilidade dos bancos para a concessão de crédito
Depois de vários anos com a "torneira" do crédito à habitação fechada, os bancos voltaram a conceder financiamento no último ano. Com parte dos seus problemas resolvidos e confrontados com a necessidade de aumentar a sua rentabilidade, as instituições financeiras têm tentado tirar partido da maior procura de empréstimos por parte das famílias. Só em Novembro do ano passado, os bancos emprestaram 413 milhões de euros para a compra de casa, o que representa o valor mais elevado desde Maio de 2011, um mês depois do pedido de ajuda externa. No acumulado dos primeiros onze meses do ano passado, as novas operações de crédito à habitação ascenderam a 3.544 milhões de euros, mais 74% do que em 2014 e o valor mais elevado em quatro anos. Prova da maior disponibilidade dos bancos tem sido o corte dos "spreads" mínimos, cuja média já está abaixo de 2%. 

Fonte: Negócios

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