Vida Económica - Tendo em conta que a Espart está no setor imobiliário, como encara as dificuldades de acesso ao crédito para compra de habitação?
Aniceto Viegas - O atual cenário económico levou todos os agentes económicos a tornarem o seu processo de análise e de decisão ainda mais ponderado. No caso da banca, é natural que a mesma tenha necessidade de ajustar a sua capacidade de resposta aos pedidos de crédito para compra de habitação. Quanto à entrega da casa para saldar a dívida ao banco, penso que a maioria dos bancos, em Portugal, já tem um diálogo aberto com os seus clientes para serem encontradas soluções para os problemas que se coloquem.
VE - Até que ponto a banca pode ajudar o setor imobiliário?
AV - Para o bom funcionamento deste setor é necessário que exista uma conjugação de esforços de todos os agentes envolvidos que não apenas a banca. É essencial que todos, promotores, responsáveis pela comercialização e entidades financiadoras procurem desenvolver projetos bem sustentados desde a primeira hora, seja do ponto de vista económico, quer noutras vertentes importantes e bastante valorizadas pelo cliente, como é do ponto de vista ambiental. É também importante fazer uma análise bem sustentada do mercado que ajude a escolher o momento certo para lançar o projeto e, sobretudo, ser ambicioso e capaz de trazer novas soluções, novos produtos para o mercado que se distingam, que não sejam apenas "mais" um projeto. Só assim - em articulação com todas as partes envolvidas - é possível apoiar o setor imobiliário.
Investimento nos segmentos da reabilitação e da requalificação
VE - O que pode ser feito para impulsionar o mercado imobiliário?
AV - Pode beneficiar, a curto prazo, de uma aposta mais forte nas áreas da reabilitação e da requalificação. Para tal é importante que existam mecanismos que levem a que um maior número de promotores aposte nestes segmentos, contribuindo, em articulação com as autarquias, para a requalificação das cidades, rejuvenescendo a população residente e dinamizando todos os setores económicos que acabam por beneficiar com o movimento de regresso ao centro das cidades. O arrendamento também é um fator que pode beneficiar toda a fileira. Para tal é necessário não ter só uma oferta com dimensão para atrair investidores para este mercado, bem como um enquadramento legal que torne todo o processo menos moroso, dando maior confiança ao investidor para apostar neste segmento. A proposta de nova legislação dá um passo importante nesse sentido.
VE - Não será um risco investir, na atual conjuntura, no mercado imobiliário?
AV - Embora o momento económico mereça toda a atenção por parte dos agentes de todos os setores de atividade, acreditamos que o mercado percepciona um bom investimento. O imobiliário também representa, nestes momentos, uma alternativa de investimento, desde que seja de qualidade.
O Edifício Foz Diogo Botelho já mereceu a confiança de alguns investidores. Podemos afirmar que o projeto pela sua qualidade, pela sua localização e pela sua envolvente, constitui um investimento "refúgio".
VE - Em que consiste o projeto Edifício Foz Diogo Botelho?
AV - Destina-se a um segmento exigente e que procura boa localização. O edifício fica localizado na Rua do Carvalho à Rua Diogo Botelho e está integrado numa zona residencial consolidada. É composto por um espaço principal, de cariz residencial, e ainda por um outro destinado a escritórios e loja. Conta com quatro frentes e sete pisos elevados, envolvidos por um jardim murado e arborizado, com 2 200 m2, com vista para o mar o rio Douro. Trata-se de um projeto da autoria do arquiteto Arnaldo de Brito, que tem desenvolvido vários outros na zona da Foz.
VE - E quanto a preços?
AV - O edifício é composto por 36 apartamentos, com tipologias T1 a T4. A comercialização está a decorrer de acordo com as nossas expetativas, sendo que cerca de metade das unidades já está colocada. Os preços variam entre os 130 e os 740 mil euros, para áreas privativas brutas que vão dos 61 m2 até aos 220 m2. Faço notar que a maioria dos dos nossos clientes não recorre ao financiamento bancário, fazem-no por valores residuais.
Fonte: Vida Económica
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