O papel dos bares da Baixa na revitalização urbana, a mobilidade no centro histórico e a requalificação do Liceu Alexandre Herculano foram temas de tertúlias realizadas pela Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património (APRUPP).
Esta associação sem fins lucrativos surgiu em abril no Porto pela iniciativa de um grupo de profissionais da área, arquitetos e engenheiros, com o objetivo de promover a reabilitação urbana e divulgar informações mais práticas sobre o assunto.
“O objetivo é promover e divulgar a reabilitação através da realização de tertúlias mensais”, explica ao SAPO Notícias a arquiteta Adriana Floret, presidente da direção da APRUPP.
As tertúlias começam a surtir efeito. Na última, realizada na passada sexta-feira, foram anunciadas as obras de requalificação do Liceu Alexandre Herculano, que podem avançar em 2014. O anúncio foi feito pelo diretor-delegado da Parque Escolar, Luís Martins, que esteve presente no debate, onde também foi feita uma homenagem ao arquiteto Marques da Silva. O edifício na Avenida Camilo, classificado como Monumento de Interesse Público em 2011, apresenta sinais evidentes de degradação. As obras de requalificação previstas foram proteladas pelo Governo no ano passado. Pelas salas de aula do Liceu Alexandre Herculano passaram Siza Vieira, Belmiro de Azevedo, Manuel Alegre, entre outras personalidades.
O “envolvimento da população à volta de alguns temas”, promovendo a discussão, é um dos objetivos imediatos da APRUPP. Com isso, “acabamos por criar um grupo de pressão e chamamos atenção para alguns temas”, diz Adriana Floret, realçando que é neste ponto que a associação pode fazer a diferença.
Reconstruir não é reabilitar
Adriana Floret refere que a ideia de que a reabilitação urbana é cara ainda persiste. “O caro não é reabilitar, o caro é reconstruir”, afirma a arquiteta que tem um gabinete especializado em projetos de reabilitação urbana.
A crise tem feito com que muitas construtoras voltem os seus interesses para a reabilitação mas nem sempre aplicam bem o conceito. Muitas vezes acabam por fazer “uma reabilitação mais pesada e menos respeitadora do património”, conta Adriana Floret.
“Este tipo de reabilitação não deve ser um modelo a aplicar, queremos defender uma reabilitação menos intrusiva, edifício a edifício”, sublinha a presidente da direção da APRUPP.
“Se aproveitamos alguns elementos do edifício não pode ser mais caro do que fazer tudo de novo”, refere Adriana Floret. “É fácil perceber isso, agora quando se quer fazer reconstrução, temos outros problemas e temos outros custos”, diz.
Formações, base de dados e repositório
Além das tertúlias, a APRUPP quer fazer formações mais práticas para profissionais da área mas também “sensibilizar os mais novos para a preservação do património, através de ações em escolas”, avança Tiago Ilharco, vogal da associação.
Outro objetivo é a criação de uma “base de dados com técnicas, materiais e documentação que podem ajudar quem atua nesta área”, explica Tiago Ilharco, que trabalha num gabinete de engenharia civil especializado em consultoria, monitorização e projetos de reabilitação urbana. Em paralelo, pretende-se criar um repositório de materiais que possam ser reutilizados.
A associação prevê ainda a criação de grupos de trabalho sobre certos temas, como por exemplo a legislação para a reabilitação urbana. “Todos os regulamentos que existem estão formatados para construções novas o que é difícil seguir, por vezes, sem destruir o edifício”, conclui Adriana Floret.
A próxima tertúlia da APRUPP decorre no dia 10 de outubro, às 21h30 na Pensão Favorita, e tem como tema “Da (In)visibilidade: Arquitetura e Reabilitação”.
Fonte: Sapo
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