Uma intervenção num edifício existente constitui uma oportunidade para tomar medidas rentáveis, para melhorar o conforto e o desempenho energético de um imóvel. Tendo em conta o grande ciclo de renovação dos edifícios existentes, as obras devem assentar mais numa linha de requalificação ou modernização, do que o simples renovar ou reparar.
Neste contexto, destaca-se o SCE Sistema Nacional de Certificação Energética e Qualidade do Ar Interior gerido pela ADENE- Agência para Energia que, para além de permitir avaliar o desempenho energético do edifício, serve igualmente como uma ferramenta para incentivar a redução das necessidades de energia dos novos edifícios, ou sujeitos a reabilitações, e a identificação das oportunidades de medidas de melhoria, com o objetivo de melhorar o desempenho energético e ambiental do parque edificado.
Isolamento térmico de fachadas
Existem diversos modos de proceder ao isolamento térmico de fachadas, em parte relacionados com o posicionamento desse isolamento. Com especial evolução nos últimos anos em Portugal, a aplicação de isolamento térmico contínuo pelo exterior com revestimento delgado, conhecida por ETICS (External Thermal Insulation Composite System), apresenta-se como uma solução termicamente eficaz na reabilitação de paredes, que permite cobrir todas as superfícies expostas da fachada.
Este sistema permite a minimização das situações de patologia relacionadas com a humidade, tais como a formação das condensações que surgem no inverno, frequentemente associadas às zonas de ligação entre as parede e os tetos, assim como à existência de vigas e de pilares integrados em paredes com deficiente qualidade térmica.
Esta solução de reabilitação potencia igualmente melhores condições de conforto térmico para os ocupantes, reduzindo em mais de 70% as perdas de calor pelas paredes exteriores, apresentando também boas características de impermeabilização da fachada, correção de infiltrações e eficácia na reparação de fissuras.
Quando não se afigurar viável a aplicação do isolamento térmico da fachada pelo exterior, outras soluções alternativas são possíveis, relacionadas como o preenchimento de espaços de ar em paredes duplas, com isolamento térmico ou mesmo a aplicação deste pelo interior. Importa no entanto referir que esta ultima solução, contribui para uma redução do efeito de inércia térmica, que tem caracterizado os sistemas construtivos tradicionais ao longo dos anos. Este efeito traduz-se em permitir que as paredes ajam como um acumulador passivo e gratuito de energia térmica, libertando essa energia (calor) noutros períodos, como o noturno, e atuando assim como um regulador da temperatura interior.
Vidros e caixilharia
Cerca de 25% a 30% das nossas necessidades de aquecimento são devidas às perdas de calor que se originam nas janelas, sendo que o isolamento térmico de uma janela depende da qualidade do vidro e do seu caixilho.
Os sistemas de vidro duplo ou janela dupla reduzem praticamente para metade as perdas de calor, face ao vidro normal, para além de diminuírem a condensação de água e a formação de gelo sobre essas superfícies.
O tipo de caixilho é igualmente determinante. Alguns materiais como o ferro ou o alumínio caracterizam-se pela sua elevada condutividade térmica, pelo que permitem a passagem do frio ou do calor com muita facilidade. Nesse sentido, tecnologias denominadas com corte térmico, que contêm material isolante entre a parte interna e externa, contribuem para a melhoria desses caixilhos, colocando-os ao nível de outros materiais como o plástico ou madeira.
É hoje possível escolher soluções de janelas com base na sua classificação energética, tornando-se assim mais fácil identificar soluções que contribuem para a redução dos consumos de energia e aumento do conforto térmico.
Ventilação pela fachada
A reabilitação de fachadas, quer em paredes, mas com especial destaque em janelas, deverá ter em conta a necessidade de integrar (se necessário) mecanismos que permitam garantir a adequada ventilação e qualidade do ar interior nos espaços interiores.
A admissão de ar poderá ser efetuada por grelhas na fachada (preferencialmente autorreguláveis, que permitem um controlo da ventilação, evitando uma velocidade excessiva de entrada do ar no espaço), e posicionadas ao nível da caixilharia ou das paredes. A integração destes dispositivos, contribui assim para as renovações de ar necessárias ao bem-estar e saúde dos ocupantes.
Proteção solar
A proteção solar é um aspeto de especial relevância para a garantia do conforto interior nos espaços. A opção pela proteção solar exterior dos vãos envidraçados, como é o caso dos vulgares estores, portadas, ou outros, evita a incidência direta do sol, provocando sombreamento e reduzindo o sobreaquecimento no verão. Dispositivos de carácter móvel, viabilizam a possibilidade de utilizar os ganhos de inverno e ajustar assim, durante todo o ano, a clima interior da habitação.
Se vai reconstruir uma habitação, não desperdice a oportunidade de tornar o imóvel mais eficiente. Não poupe no isolamento térmico, em janelas eficientes ou na instalação de sistemas de energia renovável. Estes investimentos têm o retorno a médio prazo, ganhará aproximando o imóvel dos padrões de qualidade dos edifícios de construção recente, assim como no conforto e poupança nas despesas com a fatura energética.
Fonte: Público
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