19 novembro 2013

De onde são os milionários que fazem de Londres campeã mundial da venda de casas de luxo


Um terço dos compradores das propriedades de luxo em Londres é britânico, mas são os estrangeiros que continuam a dominar este mercado. Apesar da crise financeira mundial, os preços nos bairros londrinos de Belgravia, Chelsea, Kensington, Knightsbridge e Mayfair aumentaram 23% desde o último pico, em março de 2008, de acordo com os dados da imobiliária Knight Frank LLP.


Desde 2009, vendeu-se mais imobiliário de luxo – propriedades à venda por mais de 10 milhões de libras, ou 11,9 milhões de euros, as chamadas “super-prime” – em Londres do que em qualquer outra cidade, incluindo Hong Kong, Nova Iorque e Singapura. No ano passado, segundo uma pesquisa da imobiliária Savills, Londres foi responsável por um terço do total de vendas de imobiliário de luxo a nível mundial.

“Tivemos várias ofertas de cerca de 25 milhões de libras [29,8 milhões de euros]”, afirmou à Bloomberg um agente imobiliário da Savills, Noel de Keyzer. “Diria que oito de cada 10 dos compradores adquiriria uma casa de luxo, incluindo o seu recheio, e faria muito pouco em termos de alterar o seu design”.

Um terço dos compradores das propriedades de luxo de Londres é britânico, mas são os estrangeiros que continuam a dominar este mercado, com os sheiks do petróleo a procurarem precaver-se dos efeitos da Primavera Árabe e os milionários franceses a fugirem do novo regime de impostos de François Hollande.

De acordo com a Bloomberg, também os ricos da periferia da zona euro – Chipre, Grécia, Itália e Portugal, maioritariamente – têm procurado transferir os seus ativos para libras. Para os russos, acredita Noel de Keyzer, é o “fator Putin” – o medo de uma mudança repentina das orientações políticas – que move os milionários. Isto é o que incentiva o investimento em Londres. Para o agente imobiliário, o que motiva estes indivíduos a permanecerem na capital inglesa é o estatuto que uma casa nesta cidade confere, bem como o prestígio de uma educação britânica.

“Os filhos destes milionários vão para Eton ou Harrow, [dois dos colégios internos mais famosos do Reino Unido”, diz Keyzer. “Nesse aspeto, Londres é privilegiado em relação a Paris”, considera.

Já um professor do London's Institute for Public Policy Research, Matt Griffith, aponta à Bloomberg outro fator que leva os estrangeiros a Londres. “É uma forma muito fácil de lavar dinheiro. É uma maneira de legitimar fortunas duvidosas e de fazê-lo numa escala muito grande, algo que é difícil de fazer com outros tipos de ativos”, explica.

Em março, a Savills vendeu uma propriedade em Regent's Park, em Londres, por 80 milhões de libras (95,5 milhões de euros), a venda mais cara do ano até à data. Mas, tendo em conta o acentuado aumento dos preços do imobiliário, desde o início da crise financeira, há quem se preocupe com o futuro do mercado de luxo. “É difícil dizer se este mercado é uma bolha prestes a rebentar, porque as pessoas não estão a comprar segundo métricas de investimento tradicionais”, afirma Matt Griffith.

Tim Wright, da Knight Frank, insiste que o nevoeiro sobre este mercado já se dissipou e que, por mais perverso que possa parecer, hoje, os compradores de luxo querem “valor”, mesmo a estes preços exorbitantes.

Fonte: Dinheiro Vivo

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