02 julho 2014

Venda de casas no Algarve menos afetada pela sazonalidade


Novas motivações para a compra, e novos tipos e nacionalidades de investidores são algumas das razões para que a venda de casas no Algarve tenha vindo a inverter a tendência de sazonalidade.
“Nos últimos anos, a tendência de sazonalidade do mercado imobiliário do Algarve tem vindo a ser invertida”, considera José Bernardo, diretor das agências Re/max Flash (em Alcantarilha) e Flash 2 (em Portimão), explicando que nestes meses de verão, se nota uma intensificação das visitas especialmente por parte das comunidades portuguesas residentes na Europa, que “têm normalmente os meses de julho e agosto para as suas férias e aproveitam para visitar imóveis e comprá-los. 

No caso dos portugueses residentes preferem comprar no primeiro semestre, pois normalmente já querem usufruir da sua casa no período de férias” e no caso dos compradores estrangeiros, o período de setembro a novembro e também de fevereiro a abril são os mais dinâmicos para compras de casas. De acordo com este mediador, foi precisamente o crescimento deste mercado internacional que permitiu também “inverter a tendência de sazonalidade que habitualmente existia no Algarve”.

Também Paulo Silva, broker da Century 21 Realty Art, de Albufeira, comenta que ”apesar de se sentir um maior número de visitas e propostas de aquisição entre os meses de junho e setembro”, uma tendência que considera normal tendo em conta que “a maioria dos compradores opta por tomar as decisões presencialmente”, “em termos de negócios fechados e escrituras realizadas, apenas os meses de janeiro e fevereiro deixam perceber a sazonalidade, porque todos os outros meses são equiparáveis”. Para este profissional, isto deve-se também ao surgimento de “um novo tipo de comprador, que a crise imobiliária trouxe. Trata-se do comprador que ”procura acima de tudo fazer um bom negócio. Na sua maioria são investidores com tempo disponível para deslocações fora da época normal de férias”, esclarece. 

Também do lado de quem detém os imóveis, a perceção é a mesma. José Araújo, da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp, cuja carteira de imóveis detidos na região totaliza cerca de 540 imóveis (dois terços dos quais habitação), revela que nos últimos dois anos se tem sentido um menor efeito da sazonalidade. E explica: “O verão tem efetivamente revelado ser o melhor período na concretização das vendas. Mas nos restantes períodos, acaba por não haver uma quebra tão expressiva nas vendas como acontecia num passado ainda recente. Hoje em dia, embora com ritmos diferentes, vendemos bem quer na época alta quer na época baixa. O Algarve apresenta, de facto, alguns períodos em que a dinâmica comercial evidencia melhores condições, como seja, de forma notória, no Verão”, remata.

Precisamente capitalizando esta dinâmica, o Banco, que no 3º trimestre de 2013 obteve vendas globais de 120 imóveis num valor próximo de 11,5 milhões de euros e leva o ano com um crescimento homólogo de 11% nas vendas no Algarve e na Madeira, acaba de lançar uma campanha para estas duas regiões, com preços especiais num conjunto selecionado de imóveis até final de Setembro.

Estrangeiros contribuem para atenuar diferenças 

À semelhança do que reporta o diretor das agências Re/max Flash e Flash2, também José Araújo considera que este menor impacto da sazonalidade tem a ver com o “aparecimento de investidores estrangeiros que reconhecem no Algarve um excelente destino de 2ª habitação, mesmo durante os períodos de inverno, dado que o clima é bastante mais favorável do que nos seus países”.

Ambos os mediadores estimam que este vá ser um bom ano para as vendas a estrangeiros no Algarve. “Existe uma procura crescente e continuada por parte do mercado estrangeiro”, diz José Bernardo. Para Paulo Silva “desde o último trimestre de 2013, Portugal conseguiu transmitir a mensagem de que o imobiliário de qualidade não iria desvalorizar mais. Por isso, muitas decisões de compra pendentes acabaram por resultar em negócios” e “também outros investidores mais prudentes acreditaram que era hora de investir”.

Também José Araújo considera que “temos assistido a um regresso dos compradores estrangeiros, com um volume de vendas consistentemente crescente desde há um ano”. Comprar para investir ou para residir são as principais motivações dos estrangeiros, que são marcados pelo regresso dos mercados tradicionais, como o britânico e o irlandês, mas também pelo crescimento dos franceses e nórdicos especialmente devido ao regime de “Residente Não Habitual”, que veio “acrescentar uma série de compradores conjunturais”, diz Paulo Silva.

Quantos aos compradores domésticos, “esperamos uma retoma também”, diz José Bernardo. Mas quer este mediador quer Paulo Silva consideram que para estes investidores, “a época pós-verão é a mais aliciante”, especialmente porque, na opinião de Paulo Silva, “os compradores portugueses do Algarve são atualmente na sua maioria investidores que procuram aproveitar a baixa de preços para fazer um bom negócio”. Para José Bernardo “os portugueses não gostam de comprar casas quando há muita confusão e por isso preferem investir em imóveis antes da época alta”. José Araújo, por seu turno, considera que “o comprador nacional que pretende comprar no Algarve, normalmente avança para o negócio a partir de março/abril, sobretudo o que tem a intenção de revender ou arrendar os imóveis durante o verão”.

Madeira com potencial para aumentar vendas internacionais 

A Ilha da Madeira é outro dos mercados em que o Millennium bcp está a promover uma campanha para a aquisição de um conjunto de imóveis com valores especiais, um mercado que parece ter cada vez maior potencial para captar compradores estrangeiros. “Sabemos que os mercados da Venezuela, África do Sul e o Russo têm estado compradores de imóveis nesta região, diz José Araújo. Na Madeira, onde o banco possui uma carteira com cerca de 80 imóveis em venda e onde em 2013 vendeu outros tantos, “ a maioria dos compradores são residentes”, pelo que “não temos notado sazonalidade nas compras”, refere ainda José Araújo, para quem “os madeirenses vão continuar a comprar desde que existam preços interessantes”, diz. E esclarece que “notamos que as vendas acompanham muito a existência de campanhas”. Para já os resultados são promissores, com esta região e a do Algarve a resultarem em vendas acumuladas até maio de 140 imóveis com um valor médio de transação de 123.000 euros, num crescimento de 11% face ao mesmo período do ano passado.

Fonte: Público

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